segunda-feira, 6 de junho de 2011

Uma Noite na Taverna apresenta a poética de Euclydes da Cunha

*


A poesia de Euclydes da Cunha, pouco conhecida do grande público, será celebrada nessa edição de Uma Noite na Taverna, que promete ser uma das edições mais importantes, simplesmente pelo ineditismo da obra apresentado a um público num recital de poesia que visa a mostra da verdadeira e pura arte, a poesia viva em seu conceito primal, e não a poesia como estamos acostumados a ser enfadados na chatice de trechos repetitivos e técnicos dos livros pedagógicos.

Euclydes (ou Euclides, como se escreve na ortografia atual), antes de se tornar o escritor consagrado por sua obra mais famosa: Os Sertões, já havia ingressado desde muito cedo na literatura. O escritor descobriu-se em seus primórdios, com apenas 14 anos, como um poeta que sofria as influências do período anterior, o Pré-modernismo, que o consagraria. O simbolismo foi um sopro forte nas inspirações de um jovem que bebia das influências byronianas para traçar os seus primeiros escritos. Curiosamente poemas como "A Cruz da Estrada, que escreveu com apenas 15 anos para seu amigo E. Jary Monteiro, já trazia uma visão dos sertões, que já inflamava o imaginário do jovem artista:


"Se vagares um dia nos sertões,

Como hei vagado pálido, dolente,

Em procura de Deus da fé ardente

Em meio das soidões..." (maio de 1884)


Como podemos ver, o evento que acontecerá nessa sexta-feira, no dia 10 de junho, a partir das 19 horas, no SESC São Gonçalo, com ENTRADA FRANCA, será especial, pela obra do poeta homenageado que se mostra muito rica e de uma beleza artística admirável, como também pela ótima qualidade e talento dos artistas que estarão se apresentando.

O evento iniciará desde as 19 horas com diversas atrações: A exposição de artes plásticas de Luiz Azediaz, que irá nos brindar com trabalhos de diversos estilos dentro de sua arte, como esculturas, xilogravuras, máscaras, etc; além de vídeos como clipes de poesia e um documentário que traz uma reportagem do Entrelinhas (programa da TV Cultura - http://www.tvcultura.com.br/entrelinhas) feita em comemoração aos 100 anos de nascimento de Euclydes da Cunha.

A homenagem ficará por conta dos poetas tavernistas Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Pakkatto, que receberá os poetas Eduardo H. Martins (poeta, escritor, artista gráfico e fotógrafo) veterano do evento e participante militante do movimento tavernista, Rod Britto (poeta carioca, jornalista, escritor, ex-produtor do CEP 20.000 e idealizador do evento Auto-Falante Cultural, além de grande incentivador da Taverna desde a 1ª edição no ano de 2004), a estreante Alessandra Moraes dos Santos, que promete encantar o público com sua poesia que tem doses certas do romantismo e ainda a mais nova tavernista Janaína da Cunha, que estará lançando o seu livro "Entrega - A Essência de Uma Mulher". Janaína da Cunha é poeta, escritora, atriz e jornalista, já tendo participado de vários grupos literários como o Grupo Mônaco de Cultura, União Brasileira de Trovas (UBT) e Associação Niteroiense de Escritores (ANE), e bisneta do homenageado.

A música ficará por conta de Tuca Marques, um talentoso e promissor músico de nossa São Gonçalo, que fará um pocket show acústico com suas músicas autorais.

Como já dito antes, essa edição promete!


BIOGRAFIA




Euclydes Rodrigues da Cunha, filho de Manuel Rodrigues da Cunha Pimenta e Eudóxia Alves Moreira da Cunha, foi poeta, escritor, engenheiro e ensaísta brasileiro, nasceu em 20 de janeiro de 1966 na Fazenda Saudade, em Cantagalo, RJ. Euclydes ficou órfão de mãe aos 3 anos de idade e foi educado pelas tias. Viveu a infância em casa de parentes, indo morar em Teresópolis, São Fidélis e no Rio de Janeiro. Em 1883, ingressou no Colégio Aquino e foi aluno de Benjamin Constant, que foi muito importante na sua formação. Em 1885, foi estudar na Escola Politécnica. No ano seguinte ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, encontrando novamente Benjamin Constant como seu professor.


Influenciado pelo ardor republicano e pelos ideais pregados pelo seu professor Benjamin Constant, na Escola Militar, durante uma revista às tropas, atirou sua espada aos pés do ministro da guerra Tomás Coelho, bradando as seguintes palavras: "Senhores! É odioso que se pretenda obrigar uma mocidade republicana e livre a prestar reverência a um lacaio da monarquia!" . A liderança da Escola Militar entendeu o ato como uma fadiga por excesso de estudos, porém Euclydes não aceitou o veredicto reiterando suas convicções republicanas, sendo por isso julgado pelo conselho de disciplina. Em 1888, desligou-se do Exército e passou a participar ativamente da propaganda republicana no jornal A Folha de São Paulo.


Sendo proclamada a República, Euclydes da Cunha foi reintegrado ao exército com promoção. Ingressou na Escola Superior de Guerra, conseguindo ser 1º tenente e bacharel em matemáticas, ciências físicas e naturais. Conheceu e casou-se com Ana Emília Ribeiro, filha do major Frederico Solón de Sampaio Ribeiro, um dos líderes da Proclamação Republicana. Em 1891, deixou a Escola de Guerra sendo designado, em seguida, coadjuvante de ensino da Escola Militar. Em 1893, praticou na Estrada de Ferro Central do Brasil.



Durante a fase inicial da Guerra de Canudos, em 1897, Euclydes escreveu dois artigos intitulados A nossa Vendeia que lhe valeram um convite do jornal O Estado de São Paulo para presenciar o final do conflito como correspondente de guerra. Isso porque ele considerava, como muitos republicanos à época, que o movimento de Antônio Conselheiro consistia na restauração da monarquia e era apoiado por monarquistas residentes no Brasil e no exterior. Em Canudos, Euclydes adotou um jaguncinho chamado Ludgero, a quem se refere em sua Caderneta de Campo. Fraco e doente, o menino é trazido para São Paulo, onde Euclydes o entrega a seu amigo, o educador Gabriel Prestes. O menino é rebatizado de Ludgero Prestes.


Euclides deixou Canudos quatro dias antes do final da guerra, não chegando a presenciar o desenlace final. Mas conseguiu reunir material para, durante cinco anos, elaborar Os Sertões: campanha de Canudos (1902). Os Sertões foi escrito "nos raros intervalos de folga de uma carreira fatigante", visto que Euclydes se encontrava em São José do Rio Pardo liderando a construção de uma ponte metálica. O livro trata da campanha de Canudos (1897), no nordeste da Bahia. Nesta obra, ele rompe por completo com suas ideias anteriores e pré-concebidas, segundo as quais o movimento de Canudos seria uma tentativa de restauração da Monarquia, comandada à distância pelos monarquistas. Percebe que se trata de uma sociedade completamente diferente da litorânea. De certa forma, ele descobre o verdadeiro interior do Brasil, que mostrou ser muito diferente da representação usual que dele se tinha.


Euclydes da Cunha se tornou internacionalmente famoso com a publicação desta obra-prima que lhe valeram vagas para a Academia Brasileira de Letras (ABL) e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Divide-se em três partes: A terra, O homem e A luta. Nelas Euclydes analisa, respectivamente, as características geológicas, botânicas, zoológicas e hidrográficas da região, a vida, os costumes e a religiosidade sertaneja e, enfim, narra os fatos ocorridos nas quatro expedições enviadas ao arraial liderado por Antônio Conselheiro.





Em agosto de 1904, Euclydes foi nomeado chefe da comissão mista brasileiro-peruana de reconhecimento do Alto Purus, com o objetivo de cooperar para a demarcação de limites entre o Brasil e o Peru. Esta experiência resultou em sua obra póstuma À Margem da História, onde denunciou a exploração dos seringueiros na floresta. Ele partiu de Manaus para as nascentes do rio Purus, chegando adoentado em agosto de 1905. Dando continuidade aos estudos de limites, Euclydes escreveu o ensaio Peru versus Bolívia, publicado em 1907. Escreveu, também durante esta viagem, o texto Judas-Ahsverus, considerado um dos textos mais filosófica e poeticamente aprofundados de sua autoria. Após retornar da Amazônia, Euclydes proferiu a conferência Castro Alvese seu tempo, prefaciou os livros Inferno verde, de Alberto Rangel, e Poemas e canções, de Vicente de Carvalho.


Visando uma vida mais estável, o que se mostrava impossível na carreira de engenheiro, Euclydes prestou concurso para assumir a cadeira de Lógica do Colégio Pedro II. O filósofo Farias Brito foi o primeiro colocado, mas a lei previa que o presidente da república escolheria o catedrático entre os dois primeiros. Graças à intercessão de amigos, Euclydes foi nomeado. Depois de sua morte, Farias Brito acabaria ocupando a cátedra em questão.
Em 21 de setembro de 1903 foi eleito para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na sucessão de Valentim Magalhães, e recebido em 18 de dezembro de 1906 pelo acadêmico Sílvio Romero.


Sua esposa, mais conhecida como Anna de Assis, tornou-se amante de um jovem tenente, 17 anos mais novo do que ela, chamado Dilermando de Assis. Ainda casada com Euclydes, teve dois filhos que supostamente poderia ser de Dilermando. Um deles morreu ainda bebê. O outro filho era chamado por Euclydes de "a espiga de milho no meio do cafezal", por ser o único louro numa família de morenos. Aparentemente, Euclydes aceitou como seu esse menino louro. A traição de Ana desencadeou uma tragédia em 1909, quando Euclydes teria entrado na casa de Dilermando, armado, dizendo-se disposto a matar ou morrer. Dilermando reagiu e matou-o. Foi julgado pela justiça militar e absolvido. Entretanto, até hoje o episódio permanece em discussão. Casou-se com Ana. O casamento durou 15 anos.



BIBLIOGRAFIA


1902 - Os Sertões
1907 - Contrastes e Confrontos
1907 - Peru versos Bolívia
1909 - À margem da história (póstumo)
1939 - Canudos (diário de uma expedição) (póstumo) — Reeditado em 1967, sob o título Canudos e inéditos.
1960 – O rio Purus (póstumo)
1966 – Obra completa (póstumo)
1975 – Caderneta de campo (póstumo)
1976 – Um paraíso perdido (póstumo)
1992 – Canudos e outros temas (póstumo)
1997 – Correspondência de Euclides da Cunha (póstumo)
2000 – Diário de uma expedição (póstumo)
“Os sertões” foi publicado nos seguintes idiomas: alemão, chinês, francês, inglês, dinamarquês, espanhol, holandês, italiano e sueco.


Reedições mais importantes:


- Quinta edição. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1914.
- Décima segunda. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1933.
- Vigésima sétima. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1963.
- Edição crítica. São Paulo: Brasiliense, 1985; Ática, 1998.
- Edição comentada. São Paulo: Ateliê/Imprensa Oficial do Estado/Arquivo do Estado, 2002.
Dados obtidos na Academia Brasileira de Letras; Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles; livros; artigos jornalísticos e sites da internet.



Semana Euclidiana


A cidade de São José do Rio Pardo realiza todos os anos, entre 9 e 15 de agosto, a Semana Euclidiana, em memória do escritor que ali vivia quando escreveu sua obra-prima Os Sertões. São José do Rio Pardo tornou-se uma cidade turística conhecida como O berço de Os Sertões.


Também em São Carlos celebra-se todos os anos, uma Semana Euclidiana, em homenagem ao escritor que morou na cidade entre 1901 e meados de 1903, ali terminando seu trabalho Os Sertões e o publicando em 1902.


Pesquisa: wikipédia.
*

Nenhum comentário: