sexta-feira, 13 de abril de 2012

Uma Noite na Taverna com a poesia de Emily Dickinson

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É HOJE!

A edição de abril do maior evento de poesia de São Gonçalo - e um dos mais importantes do Rio de Janeiro - homenageia hoje, no SESC São Gonçalo, a poesia vanguardista (para a sua época) e inovadora da americana Emily Dickinson.


Nascida Emily Elizabeth Dickinson, em Amherst, 10 de dezembro de 1830 e "chamada de volta" (como está gravado em sua lápide) em 15 de maio de 1886 - aos 36 anos, Emily deixou a imagem de "excêntrica". Quando tinha cerca de 30 anos, encerrou-se na casa dos pais, de onde nunca saía. Recolhia-se quando chegavam visitas e só era vista em trajes brancos. Porém, apesar de reclusa e avessa ao contato social, era pródiga em suas cartas.

De seus poemas, escritos em verdadeira clausura, somente sete foram publicados durante sua vida (no total, são cerca de 1800 poemas). Inovadora na linguagem, ela desenvolveu formas originais de expressão. Até sua pontuação, marcada por travessões, é diferente de qualquer outro poeta de sua época. Para alguns analistas, a poeta usava os travessões como uma forma de marcar o ritmo.


Os temas de Emily são perenes. Os editores costumam agrupar seus poemas sob títulos como Vida, Amor, Natureza, Morte, Tempo e Eternidade. Os poemas da Bela de Amherst, como Emily ficou conhecida, foram publicados depois de sua morte, em 1890, 1891 e 1896. Somente em 1955 é que apareceu, pela primeira vez, uma edição de sua poesia completa.


 Sobre sua obra, escreveu o crítico e teórico da literatura Harold Bloom:

Em muitos de seus poemas mais contundentes, Emily Dickinson, que pertencia à classe burguesa, rompe com a tradição filosófica e cultural do Ocidente. Nesse particular, Dickinson estabelece um contraste marcante com seu poeta contemporâneo mais importante, Whitman, que, de sua parte, seguiu o mentor, Emerson, e que tanto inovou, primordialmente, em termos de forma e visão poéticas. Dickinson, tanto quanto Shakespeare e William Blake, repensa, em seus próprios termos, a experiência da vida. Quando lemos Dickinson, precisamos estar preparados para enfrentar a sua originalidade de raciocínio. A recompensa é singular, pois Dickinson ensina-nos a pensar com mais argúcia, com mais consciência da dificuldade que temos de romper as convenções de recepção literária tão arraigadas em nosso ser.

Dickinson é tão original que a tarefa de classificá-la com precisão é quase tão impossível quanto no caso de Shakespeare. Serão ambos poetas cristãos ou niilistas? Shakespeare esconde-se nos personagens, de modo que jamais sabemos se Hamlet e Falstaff falam por ele, ou, exclusivamente, com ele. Que conjunto de poemas de Dickinson, dentre os tantos excelentes que escreveu, representam-lhe a consciência ágil e mutável? As cartas não esclarecem essa questão (assim como não ajudam a decifrar a psi-cossexualidade da autora), pois, na verdade, não são cartas, no sentido corriqueiro do termo, mas poemas em prosa, escritos com o mesmo brilhantismo da poesia lírica.

E hoje, em mais UMA NOITE NA TAVERNA, o público gonçalense terá a chance de conhecer a obra desta que é uma das mais cultuadas poetas americanas, contemporânea de Walt Whitman e inspirada por Ralph Waldo Emerson.

Além da poesia de Emily Dickinson, o poeta Maycon Arcanjo volta à Taverna, e debuta nesta noite a poeta Yngrid Rodrigues. Encerra o evento, à luz de velas e com o tradicional vinho tavernista, a banda A Tramma, apresentando seu trabalho autoral, descrito pela própria banda como "plot-rock", uma quebra com a identidade do passado, misturando novas tendências, sem preconceito.

É hoje, no SESC São Gonçalo, a partir das 19 horas, com ENTRADA FRANCA. EVOÉ!


Foto: Nathalia Felix (Arquivo Jornal O Fluminense)
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