terça-feira, 29 de junho de 2010

Uma Noite na Taverna com a poesia de Vinícius de Moraes (30 anos sem o poetinha)

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No dia 09 de julho, exatamente no dia em que faz 30 anos de morte de um dos maiores poetas de nossa história, o nosso evento Uma Noite na Taverna, mais uma vez, homenageará o incomparável Vinícius de Moraes.
É a terceira edição da Taverna em homenagem a Vinícius, que fora também o primeiro poeta consagrado homenageado pelo evento, em fevereiro de 2004. No ano passado a homenagem aconteceu no dia 13 de fevereiro. Assim, Vinícius de Moraes torna-se o poeta mais homenageado pelo Uma Noite na Taverna. Como podem ver, ele sempre volta! Parece que o Poetinha gostou mesmo do clima boêmio do evento.
O Uma Noite na Taverna estará muito especial, pois será agraciado mais uma vez por diversas vertentes da arte com uma seletiva de excelentes artistas. Os poetas residentes e idealizadores do evento, Rodrigo Santos e Romulo Narducci, homenegearão Vinícius de Moraes com leituras de vários poemas do artista.
O evento ainda conta com a participação do trovador tavernista Pakkatto que recitará seus trabalhos próprios; com a performance poética "Vermelho-sangue" da poeta e atriz Suzanne Morais; com a música da badalada banda Gilbert T, que se apresentará pela segunda vez no evento e estará lançando o seu CD "Eu Não Vou Morrer Hoje"; com a esquete teatral "E por Falar em Pierrot", de Gabriela Slovick, direção de Sérgio Santal, produção de Carolina Dias, com os atores Tiago Atzevedo e Andréa Bernadete; e ainda com a exposição "Namorados" da artista plástica e poeta Bianca Tupinambá.
BIOGRAFIA

Nascido em 19 de outubro de 1913 como Marcus Vinícius de Mello da Cruz Moraes, no Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes viria a ser um dos maiores artistas brasileiros que o mundo já conhecera. Filho de uma família amante das letras e da música, Vinícius seguiu por opção as duas vocações. Ainda no colégio e no período da faculdade de Direito, na qual formou-se em 1933 - porém nunca exercera a profissão de advogado -, escrevera escrevera letras para os foxtrotes "Loura ou Morena" (com Haroldo Tapajós) e "Dor de Uma Saudade" (com José Medina) e a valsa "Canção para Alguém" (com Haroldo Tapajós).
Nessa época, também publica seu primeiro livro de poesia "O Caminho Para a Distância", considerado imaturo pelo próprio poeta. Tornou-se amigo de Oswald de Andrade, Manoel Bandeira e Mário de Andrade, porém afirmava que sua maior influência poética ainda era o seu pai, Clodoaldo da Silva Pereira Moraes, que o próprio Vinícius dizia ser um poeta pós-parnasiano com um pé no Simbolismo.
Recebeu o "Prêmio Felipe D'Oliveira" pelo livro "Forma e Exegese", em 1935. No ano seguinte, lançou o livro "Ariana, a Mulher", quando obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos depois, Vinícius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesa na Universidade de Oxford, onde conheceu as obras de Shelley, Keats, Yeats, Coleridge e Shakespeare.

Em 1941, por causa da 2ª Guerra Mundial retornou ao Brasil e empregou-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã" e colaborou com suplementos literários em jornais e revistas. Mas como isso não rendia nem para o uísque, como o próprio dizia, empregou-se no Instituto dos Bancários e começou a estudar para o Itamaraty. Nessa época, seus versos eram marcados por uma linguagem mais simples, sensual e, carregados de temas sociais. Em 1943, publicou o livro "Cinco Elegias", que marcou esta nova fase, e "Poemas, Sonetos e Baladas", em 1946 - obra ilustrada com 22 desenhos de Carlos Leão.

Aprovado no concurso, após estagiar com João de Cabral de Melo Neto, em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte de seu pai, em 1950, Vinícius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 50, Vinícius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.

Além, da carreira diplomática, de onde atuou até o final de 1968, Vinícius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro "Orfeu da Conceição", obra de 1954. Além da diplomacia, do teatro e dos vários livros publicados, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu um jovem pianista, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, Tom Jobim, que na época tinha 29 anos e vivia da venda de músicas e arranjos nos inferninhos de Copacabana -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas, ajudando a dar explosão a partir de 1958 em um dos maiores movimentos da música brasileira, a Bossa Nova.



Vinícius e Tom Jobim

Na década seguinte, Vinícius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime. Em 1964, após voltar novamente de missão diplomática ao Brasil, logo se apresentou na boate "Zum-zum", ao lado de Dorival Caymmi, Quarteto em Cy e o conjunto de Oscar Castro Neves. O concerto teve repercussão no meio artístico, sendo lançado o LP pelo selo Elenco, contendo composições como "Bom Dia, Amigo" (parceria com Baden Powell), "Carta ao Tom", "Dia da Criação" e "Minha Namorada" (parcerias com Carlos Lyra), e "Adalgiza", "... Das Rosas" "História de Pescadores" e "Saudades da Bahia" (parcerias com Dorival Caymmi).


Durante 1968, Vinícius de Moares participou de shows em Lisboa, na companhia de Chico Buarque e Nara Leão. Também naquele ano, a convite do crítico Ricardo Cravo Albin, Vinícius prestou histórico depoimento para o Museu da Imagem e do Som (de onde era membro do Conselho Superior de MPB). Mas foi também no ano de 1968 que marcou o fim da carreira diplomática de Vinícius de Moraes. Após 26 anos de serviços prestados ao MRE, Vinícius foi aposentado pelo Ato Institucional 5, fato que o magoou profundamente. No dia em que o ato era editado, Vinícius encontrava-se em Portugal onde realizava um concerto. Após este espetáculo. estudantes salazaristas estavam aglomerados na porta do teatro para protestar contra o poeta. Avisado disto e aconselhado a se retirar pelos fundos do teatro, o Poetinha preferiu enfrentar os protestos e, parando diante dos manifestantes começou a declamar "Poética I" (De manhã escureço / De dia tardo / De tarde anoiteço / De amor ardo). Então, um dos jovens retirou a capa de seu traje acadêmico e a colocou no chão para que Vinícius pudesse passar sobre ela - ato imitado pelos outros estudantes e que, em Portugal, é uma forma tradicional de homenagem acadêmica.

Vinícius, Marieta Severo e Chico Buarque

Em 1969, iniciou suas primeiras composições com um novo parceiro, o violonista Toquinho. Desta parceria, vieram os clássicos como "Como Dizia o Poeta", "Tarde em Itapoã" e "Testamento". Em 1970, Vinícius se apresentou na casa de espetáculo carioca Canecão, com o parceiro Tom Jobim, com o violonista Toquinho e a cantora Miúcha. O show, que relembrou a trajetória do poeta ficou quase um ano em cartaz devido ao grande sucesso obtido. Outra apresentação marcante de Vinícius de Moraes, ao lado de Toquinho e da cantora Maria Creuza, foi em Buenos Aires, na boate La Fusa. O antológico concerto resultaria no LP ao vivo "Vinícius En La Fusa", uma das mais belas jóias guardadas ao vivo da música brasileira. Durante essa década Vinícius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.


Toquinho e Vinícius


Vinícius e Os Cariocas


Tom Jobim, Vinícius, Ronaldo Boscoli, Roberto Menescal e Carlos Lyra.

Há exatos 30 anos, na madrugada de 9 de julho de 1980, Vinícius de Moraes começou a passar mal na banheira da casa onde morava na Gávea, vindo a falecer depois. O poeta passou o dia anterior com o parceiro e amigo Toquinho, com quem planejava os últimos detalhes do volume 2 do álbum "Arca de Noé". Em 1981, este LP foi lançado.

BIBLIOGRAFIA



- O Caminho Para a Distância (1933);

- Forma e Exegese (1935);

- Ariana, a Mulher (1936);

- Novos Poemas (1938);

- Cinco Elegias (1943);

- Poemas, Sonetos e Baladas (1946);

- Pátria Minha (1949);

- Antologia Poética (1954);

- Livro de Sonetos (1957);

- Novos Poemas (II) (1959);

- Para Viver Um Grande Amor (1962);

- A Arca de Noé (Poemas Infantis) (1970);

- Poesia Completa e Prosa (1998).


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