quinta-feira, 3 de junho de 2010

Uma Noite na Taverna com a poesia de Cecília Meireles

.

No dia 11 de junho, a partir das 19 horas, no SESC São Gonçalo, o evento Uma Noite na Taverna reedita a homenagem a uma das maiores poetas de nossa literatura: Cecília Meireles. A poeta já fora homenageada pelo evento, ainda em sua primeira temporada, no mês de março de 2004. Os poetas tavernistas, além de homenagearem a poeta Cecília Meireles, receberão ainda os poetas convidados Welington de Sousa, Larissa Mitrof, Lara Douéts, André Santana (lançando o seu livro de poesia "Fina Flor") e Suani Armond (com a performance poética "O Guerreiro Solar"). Ainda haverá a exposição de artes plásticas de Patty Silva. Vale lembrar que o evento tem entrada franca e aberta a todos os públicos.

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, no Rio de Janeiro. Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal. Cecília foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O seu pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando esta ainda não tinha três anos. Assim, Cecília Meireles passou a ser criada sua avó portuguesa, D. Jacinta Garcia Benevidespor.

Cecília Meireles apesar de tudo era prodigiosa e dedicada aos estudos. Começou a escrever poesia com apenas nove anos de idade. Quando concluiu os seus primeiros estudos — curso primário — em 1910, na Escola Estácio de Sá, recebeu de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, a medalha de ouro por ter concluído todo o curso com "distinção e louvor". Em 1917, diplomou-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, passando a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal, quando estudou literatura, música, folclore e teoria educacional. Dois anos depois, em 1919, publicou seu primeiro livro de poesias, "Espectro" (um conjunto de sonetos simbolistas), embora vivesse sob a influência do Modernismo, apresentava ainda, em sua obra, heranças do Simbolismo e técnicas do Classicismo, Gongorismo, Romantismo, Parnasianismo, Realismo, e Surrealismo, razão pela qual a sua poesia é considerada atemporal.

Em 1922, Cecília Meireles casou-se com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última tornou-se artista teatral consagrada. Publicou, em Lisboa - Portugal, o ensaio "O Espírito Vitorioso", uma apologia do Simbolismo. O seu marido, Correia Dias, que sofria de depressão aguda, suicidou-se em 1935. Voltou a se casar, no ano de 1940, quando se uniu ao professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo.

Teve ainda importante atuação como jornalista, com publicações diárias sobre problemas na educação, área à qual se manteve ligada fundando, em 1934, a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo.

Profere, em Lisboa e Coimbra, em Portugal, conferências sobre Literatura Brasileira. De 1935 a 1938, leciona Literatura Luso-Brasileira e de Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ). Publica, em Lisboa, o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações de sua autoria.

Colaborou ainda ativamente, de 1936 a 1938, no jornal A Manhã e na revista Observador Econômico. Em 1939, recebeu o Prêmio de Poesia Olavo Bilac, pela Academia Brasileira de Letras, ao seu livro Viagem, que resultou em animados debates, que tornaram manifesta a alta qualidade de sua poesia. em 1939/1940, Cecília publicou , em Lisboa, em capítulos, "Olhinhos de Gato" na revista "Ocidente". Em 1940, lecionou Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas (USA). Em 1942, tornou-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro.

Cecília Meireles foi sem dúvida uma das artistas brasileiras mais premiadas, tendo sido reconhecida internacionalmente. Ao aposentar-se em 1951 como diretora de escola, continuou a trabalhar como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. Em 1952, tornou-se Oficial da Ordem de Mérito do Chile, honraria concedida pelo país vizinho. Realizou numerosas viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências em diferentes países sobre Literatura, Educação e Folclore, em cujos estudos se especializou. Em 1953, tornou-se sócia honorária do Instituto Vasco da Gama, em Goa, na Índia. Em Délhi, ainda Índia, no mesmo ano, foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi.

Em 1962, recebeu o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Em 1963, Seu nome foi dado à Escola Municipal de Primeiro Grau, no bairro de Cangaíba, em São Paulo.

Cecília Meireles faleceu aos 63 anos, no dia 9 de novembro de 1964, Rio de Janeiro, após uma triste luta contra o câncer, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo foi velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebeu, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Ainda em 1964, foi inaugurada a Biblioteca Cecília Meireles em Valparaiso, no Chile. Em 1965, foi agraciada postumamente com o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras.

O Governo do então Estado da Guanabara denominou de Sala Cecília Meireles o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, tornou-se nome de rua no Jardim Japão. Em 1974, seu nome foi dado a uma Escola Municipal de Educação Infantil, no Jardim Nove de Julho, bairro de São Mateus, em São Paulo. Em 1981, uma cédula de cem cruzados novos, com a efígie de Cecília Meireles, é lançada pelo Banco Central do Brasil, no Rio de Janeiro.


Sua poesia foi traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner. A obra de Cecília Meireles foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai:

"Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea."

CECÍLIA POR ELA MESMA


"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.

(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.

(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."

BIBLIOGRAFIA

· Espectro - 1919
· Criança, meu amor - 1923
· Nunca mais... - 1923
· Poema dos Poemas -1923
· Baladas para El-Rei - 1925
· O Espírito Vitorioso - 1935
· Viagem - 1939
· Vaga Música - 1942
· Poetas Novos de Portugal - 1944
· Mar Absoluto - 1945
· Rute e Alberto - 1945
· Rui — Pequena História de uma Grande Vida - 1948
· Retrato Natural - 1949
· Amor em Leonoreta - 1952
· 12 Noturnos de Holanda e o Aeronauta - 1952
· Romanceiro da Inconfidência -1953
· Poemas Escritos na Índia - 1953
· Batuque - 1953
· Pequeno Oratório de Santa Clara - 1955
· Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro - 1955
· Panorama Folclórico de Açores -1955
· Canções - 1956
· Giroflê, Giroflá - 1956
· Romance de Santa Cecília - 1957
· A Rosa - 1957
· Obra Poética -1958
· Metal Rosicler -1960
· Solombra -1963
· Ou Isto ou Aquilo -1964
· Escolha o Seu Sonho - 1964

Matéria pesquisada nos sites: www.releituras.com e www.wikipédia.com

.

Nenhum comentário: