quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Uma Noite na Taverna com a poesia de Walt Whitman

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É hoje! O Uma Noite na Taverna vai trazer ao público aquele que foi um dos primeiros a revolucionar a forma de se escrever poesia. Os conterrâneos o consideram o "Pai dos Versos Livres". Falamos do grande poeta norte americano Walt Whitman. Que apesar de sua importância para a poesia mundial, não é tão conhecido do grande público, pelo menos em nosso país, onde nosso povo, ou melhor, a grande massa, não tem o hábito de consumir poesia. Quem não viu o filme Sociedade dos Poetas Mortos? Bem, quem não o viu, que o veja! No filme, a poesia de Walt Whitman é o ponto principal para que o professor interpretado por Robin Willians explique para seus alunos que a poesia é sublime, não precisando seguir regras ortodoxas para ser apreciada ou escrita.


O evento de hoje à noite, além da homenagem ao poeta Walt Whitman, que será recitada pelos tavernistas, está imperdível, cheio de atrações que prometem encerraresse dia de céu azul com chave de ouro.


O poeta e artista plástico, o tavernista veterano Wellington de Sousa, irá mostrar ao público mais uma vez a sua poesia que tem uma carga de ironia perfeita. Apreciador do Romantismo, mas devoto de versos de poetas como Drummond e Ferreira Gullar, Iron, como é chamado pelos amigos ( e esse apelido não é a toa), é um talento nato da arte gonçalense.


Rômulo de Sousa é um jovem poeta que já esteve outras vezes recitando na Taverna. Jovem e talentoso, já com um livro de poesias lançado, Rômulo já participou de outros eventos na cidade de São Gonçalo e adjacências, mostrando a sua militância pela poesia.


Pela primeira vez no Uma Noite na Taverna, o poeta "coruja" Rafael Zveiter, militante do excelente evento O Corujão da Poesia, irá nos brindar com seus poemas muito bem escritos e recitados pelo poeta com a paixão que este viva a poesia no seu dia-a-dia. Ao ver o poeta Rafael Zveiter, vemos que a poesia é algo realemnte feito de alma para alma.


E como a Taverna não vive só de poesia, teremos a imperdível exposição que estám estreando hoje no evento, da fotógrafa e poeta Chrisce de Almeida, chamada "Cidade Extrema". Chrisce, que já esteve na Taverna com um trabalho de fotografias sensuais, traz agora uma belíssima exposição de fotografias de arte sepoulcral.


O evento terá ainda a apresentação da esquete teatral "O Divino Tratamento", baseada na obra de Machado de Assis "A Igreja do Diabo", com Alex Dias e Suzane Morais. Alex e Susane são atoras da antiga Cia O Quarto de Teatro, hoje chamada de Grupo Quarto das Artes.


O evento acontecerá hoje às 19 horas, com a abertura da exposição "Cidade Extrema", no varadão do SESC São Gonçalo, com entrada franca e aberta a todos os públicos.


A Poética de Walt Whitman


MUITO ALÉM DO CAPITÃO

por Romulo Narducci

Walt Whitman sem dúvidas foi um divisor de águas para a poesia. Pouco se sabe de sua vida particular, apesar de seus versos que expressam liberdade, iguadade sexual, defendeu os direitos da mulher, o fim da escravatura e o amor livre. Walt Whitman, visionário e influenciador de autores da Contracultura, foi o pioneiro a abordar sobre temas como o feminismo, sim, foi ele um dos percusores do feminismo e ainda um dos primeiros, senão o primeiro a combater em versos a homofobia.


(...)

"Eu sou o poeta da mulher

tanto quanto o do homem

e digo que tanta grandeza existe

no ser mulher

quanta no ser homem,

e digo que não há nada maior

do que ser uma mãe de homem".


Whitman considerava escrever o presente a voz ativa da libartação. Para isso, o poeta buscava escrever em estado máximo de liberdade. E sua obra "Folhas da Relva" traduz bem o élan que o poeta estabelecia com sua literatura a partir da observação de sua época, mas já vislumbrando em quebrar os paradigmas pré-concebidos por uma sociedade engedrada na hipocrisia.


Certa vez, ao se deparar com uma idéia fundamentada por outro grande poeta, John Keats que dizia: "Um poeta é a coisa mais antipoética de todas que existem no mundo, porque ele não tem identidade". Baseando-se nessa frase, Walt Whitman desenvolveu a seguinte: "O grande poeta absorve a identidade de outros, e a experiência de outros, e elas são definidas nele ou dele; mas ele as percebe todas através da pressão sobre si mesmo".


Folhas da Relva foi lançado quando Whitman ocupava, naquela ocasião, um cargo no Ministério do Interior de seu país, ao ter sua obra lida pelo ministro, este o despediu imediatamente e os livreiros pediram o recolhimento da edição modesta de 800 exemplares. O autor ainda havia dado vários livros aos homens de letras de sua época, recebendo de todos um silêncio angustiante e reprovador. Somente um, chamado Ralph Waldo Emerson, entusiasmou-se e escreveu para Walt saudando a obra: "Sei o valor maravilhoso que me deste com Folhas da Relva. É o mais extraordinário fragmento de espírito e sabedoria que a América produziu. Sou feliz ao ler seu livro, porque sua força nos torna felizes. Saúdo o começo de uma grande carreira."


Sua obra, Folhas da Relva, é um poema de transcedência e transfiguração, ao invés de levar ao novo, conduz a volta a ele mesmo, porém, apesar disso choca por ele ver nele o que habitualmente não se pode ver. Ele concebia a poesia como resultado de uma sensibilidade exposta, como uma invasão do mundo sobre o sujeito, uma integração do todo expandida ao máximo e que numa fração ao eclodir em seus versos retrai-se para dentro na introspecção observadora do exterior mundo opressor.


Walt Whitman afirma nas forças de seus versos que o universo está em ordem. Se este o faz, é porque simplesmente ele acredita que nos cabe aceitar cada coisa e cada ser como ele é, cada sentimento, cada manifestação como parte de um todo, uma coletividade.


O poeta traduziu a sua época e mesmo que pregasse o presente, foi a forma motriz que condicionou a revolução de toda uma geração futura que fez o mundo lutar pelas mudanças que este sonhou em suas Folhas da Relva.

BIOGRAFIA



Walt Whitman, descendente de ingleses e neerlandeses, nasceu em West Hills, na cidade de Huntington, no estado de Nova Iorque. Contudo, quando tinha apenas quatro anos, sua família mudou-se para Brooklyn, onde este frequentou até aos onze anos uma escola oficial, trabalhando depois como aprendiz numa tipografia.


Em 1835 trabalhou como impressor em Nova Iorque e no Verão do ano seguinte começou a ensinar em East Norwich, Long Island. Entre 1836-1838 deu aulas e de 1838 a 1839 editou o semanário Long Islander, em Huntington. Voltou ao ensino depois de participar como jornalista na campanha presidencial de Van Buren (1840-41).


Em Maio de 1841 regressou a New York, onde trabalhou novamente como impressor.


Entre 1842-1844 editou um jornal diário, Aurora, e o Evening Tatler. Regressou a Brooklyn em 1845, e durante um ano escreveu para o Long Island Star, tornando-se de seguida editor do Daily Eagle de Brooklyn, lugar que ocupou de 1846 a 1848.


Em Fevereiro desse ano partiu com o irmão Jeff para Nova Orleans, onde trabalhou no Crescent. Deixou Nova Orleans em Maio do mesmo ano, regressando a Brooklyn através do Mississippi e dos Grandes Lagos.


Editou o Freeman de Brooklyn entre 1848-1849 e no ano seguinte montou uma tipografia e uma papelaria.


No início de Julho de 1855 publicou a primeira edição de "Leaves of Grass", impressa na Rome Brothers de Brooklyn e cujos custos Whitman suportou. Os versos deste livro eram livres, longos e brancos, imitando os ritmos da fala.


A primeira edição da obra mais importante da sua carreira, não mencionava o nome do autor, e continha apenas 12 poemas e um prefácio.


A obra poética de Whitman centra-se na colectânea "Leaves of Grass", dado que ao longo da sua vida o escritor se dedicou a rever e completar aquele livro, que teve oito edições durante a vida do poeta.


No Verão seguinte foi publicada a segunda edição de "Leaves of Grass" (1856), ostentando na capa o nome do seu autor. O livro foi recebido com entusiasmo por alguns críticos, mas mal recebido pela maioria, o que, contudo, não impediu Whitman de continuar a trabalhar em novos poemas para aquela colectânea.


A segunda edição de "Leaves of Grass" era composta por 32 poemas, intitulados e numerados. Entre eles encontrava-se Poem of Walt Whitman, an American, o poema que haveria de se chamar "Song of Myself" (Canto de Mim Mesmo).


Entre a Primavera de 1857 e o Verão de 1859 Whitman editou o Times de Brooklyn, sendo publicada a 1860, em Boston, a terceira edição da sua obra. Contudo, a editora foi à falência em 1861 e a edição, que continha 154 poemas, foi pirateada.


Entre 1863-1864 trabalhou para o Exército em Washington, DC, servindo entretanto como voluntário em hospitais militares. Regressou a Brooklyn doente e com marcas de envelhecimento prematuro causadas pela experiência da guerra civil.


Trabalhou posteriormente como funcionário do Departamento do Interior (1865) e publicou em Maio desse ano o livro "Drum-Taps", que continha 53 poemas acerca da guerra civil e da experiência do autor nos hospitais militares. No mesmo ano foi despedido pelo Secretário James Harlan, por este ter considerado "Leaves of Grass" indecente.


Em 1867 foi publicada a quarta edição de "Leaves of Grass", com 8 novos poemas. No ano seguinte saiu em Londres uma selecção de poemas de Michael Rossetti, intitulada "Poems by Walt Whitman".


A quinta edição de "Leaves of Grass" (1870-1871) teve uma segunda tiragem que incluía "Passage to India" e mais 71 poemas, alguns dos quais inéditos.


Depois de publicar "Democratic Vistas", Whitman viajou para Hannover, New Hampshire. Corria o ano de (1872). Na Faculdade de Dartmouth leu "As a Song Bird on Pinions Free", posteriormente publicado com um prefácio. Em Janeiro de 1873, Whitman sofreu uma paralisia parcial. Pouco depois morreu a mãe e o escritor deixou Washington para se fixar em Camden, New Jersey, com o irmão George.


Em 1876 surgiu a sexta edição de "Leaves of Grass", publicada em dois volumes. Em Agosto de 1880, Whitman reviu as provas da sétima edição de "Leaves of Grass", que sob ameaças do Promotor Público teve de suspender a distribuição do livro.


A edição só foi retomada dois anos mais tarde por Rees Welsh e depois por David McKay. Incluía 20 poemas inéditos e os títulos definitivos e uma ordem dos poemas revista. Em 1882 foi ainda publicado o livro "Specimen Days and Collect".


Os últimos anos de vida de Whitman foram marcados pela pobreza, atenuada apenas pela ajuda de amigos e admiradores americanos e europeus.


Em 1884, Whitman adquiriu uma casa em Camden, New Jersey. Quatro anos depois, sofreu um novo ataque de paralisia e viu publicados 62 novos poemas sob o título "November Boughs" (1888). Ainda nesse ano foi publicado "Complete Poems and Prose of Walt Whitman".


A oitava edição de "Leaves of Grass" apareceu em 1889, e no ano seguinte o escritor começou a preparar a sua nona edição, publicada em 1892.


Whitman morreu no dia 26 de Março de 1892 e foi sepultado em Camden, New Jersey.

Cinco anos depois foi publicada em Boston a décima edição de Leaves of Grass (1897), a que se juntaram os poemas póstumos "Old Age Echoes".


Nos seus poemas, Walt Whitman elevou a condição do homem moderno, celebrando a natureza humana e a vida em geral em termos pouco convencionais. Na sua obra "Leaves of Grass", Whitman exprime em poemas visionários um certo panteísmo e um ideal de unidade cósmica que o Eu representa. Profundamente identificado com os ideais democráticos da nação americana, Whitman não deixou de celebrar o futuro da América.


Ficou ainda mais conhecido mundialmente a partir das citações inseridas no enredo do filme Sociedade dos Poetas Mortos.


Na série No Fim do Mundo, alguns poemas de Leaves of Grass são lidos na rádio local, originando uma disputa entre o locutor e o proprietário da rádio a propósito das supostas inclinações sexuais de Whitman e da conotação sexual da obra.


Fernando Pessoa escreveu um poema de nome "Saudação a Walt Whitman".


"Introduziu uma nova subjectividade na concepção poética e fez da sua poesia um hino à vida. A técnica inovadora dos seus poemas, nos quais a idéia de totalidade se traduziu no verso livre, influenciou não apenas a literatura americana posterior, mas todo o lirismo moderno, incluindo o poeta e ensaísta português Fernando Pessoa."


Extraído do Wikipédia.


Evoé, Walt Whitman!

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