segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Uma Noite na Taverna com a poesia de Carlos Drummond de Andrade

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Essa edição do Uma Noite na Taverna, do dia 08 de outubro, terá para muitos amantes da poesia um sabor especial. O poeta homenageado será nada mais, nada menos do que um dos mais populares poetas de nossa literatura brasileira: Carlos Drummonde de Andrade.
O poeta que já foi homenageado em 2006 - com releituras de seus poemas eróticos publicados postumamente - pelos poetas tavernistas, terá uma edição com a declamação voltada às suas obras mais influentes na literatura, mas sem deixar de ser apresentado um ou outro trabalho não muito conhecido do poeta.
Mais um fator enfervesce essa 80ª edição do Uma Noite na Taverna: o lançamento do 1º romance, chamado Mágoa, do poeta tavernista Rodrigo Santos (ver matéria anterior nesse blog).
A obra do "poeta de sete faces" será celebrada com um recital pelos tavernistas residentes Pakkatto, Rodrigo Santos e Romulo Narducci. O evento conta, ainda, com a participação dos excelentes poetas Rodrigo Vieira, Lisa Stér Cöy e da estreante Jéssica Hall. Esse mês, de volta à Taverna a Cia Quarto de Teatro, através da performance da atriz Nicolle Longobardi, encenerá a esquete Medéia, trecho da peça original adaptado para a peça Chumbo Grosso que foi apresentada pelo grupo no dia 10 de setembro, lotando o teatro SESC São Gonçalo.
Sem dúvidas, mais uma vez, um belo evento nos aguarda!
BIOGRAFIA

Nascido e criado na cidade mineira de Itabira, Carlos Drummond de Andrade levaria por toda a sua vida, como um de seus mais recorrentes temas, a saudade da infância. Precisou deixar para trás sua cidade natal ao partir para estudar em Friburgo e Belo Horizonte.

Formou-se em Farmácia, atendendo a insistência da família em graduar-se. Trabalha em Belo Horizonte como redator em jornais locais até mudar-se para o Rio de Janeiro, em 1934, para atuar como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, então nomeado novo Ministro da Educação e Saúde Pública. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.


Em 1930, seu livro "Alguma Poesia" (1930) foi para alguns estudiosos o marco da segunda fase do Modernismo brasileiro. Porém, para outros, o modernismo não chega a ser dominante nos primeiros livros de Drummond, como o citado "Alguma Poesia" e "Brejo das Almas" (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar. Com isso, o autor demonstrava grande amadurecimento e reafirmava sua distância dos tradicionalistas com o uso da linguagem coloquial, que já começava a ser aceita pelos leitores.


Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Apesar de serem temas fortes, ele conseguia encontrar leveza para manter sua escrita com humor e uma sóbria ironia. Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.

Produzindo até o fim da vida, Carlos Drummond de Andrade deixou uma vasta obra. Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa. Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac (Les Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos (Les Liaisons dangereuses, 1782; As relações perigosas), Marcel Proust (La Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña Rosita, la soltera o el lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François Mauriac (Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies de Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino).


Quando faleceu, em agosto de 1987, já havia destacado seu nome na literatura mundial. Com seus mais de 80 anos, considerava-se um "sobrevivente", como destaca no poema "Declaração de juízo".

CRONOLOGIA

1902 - Nasce em Itabira do Mato Dentro, Estado de Minas Gerais; nono filho de Carlos de Paula Andrade, fazendeiro, e D. Julieta Augusta Drummond de Andrade.

1910 - Inicia o curso primário no Grupo Escolar Dr. Carvalho Brito, em Itabira (MG).

1916 - Aluno interno no Colégio Arnaldo, da Congregação do Verbo Divino, Belo Horizonte. Conhece Gustavo Capanema e Afonso Arinos de Melo Franco. Por problemas de saúde, interrompe seus estudos no segundo ano.

1917 - Toma aulas particulares com o professor Emílio Magalhães, em Itabira.

1918 - Aluno interno no Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus, em Nova Friburgo; é laureado em "certames literários". Seu irmão Altivo publica, no único exemplar do jornalzinho Maio, seu poema em prosa "ONDA".

1919 - Expulso do Colégio Anchieta mesmo depois de ter sido obrigado a retratar-se. Justificativa da expulsão: "insubordinação mental".

1920 - Muda-se com a família para Belo Horizonte.

1921 - Publica seus primeiros trabalhos na seção "Sociais" do Diário de Minas. Conhece Milton Campos, Abgar Renault, Emílio Moura, Alberto Campos, Mário Casassanta, João Alphonsus, Batista Santiago, Aníbal Machado, Pedro Nava, Gabriel Passos, Heitor de Sousa e João Pinheiro Filho, todos freqüentadores do Café Estrela e da Livraria Alves.

1922 - Ganha 50 mil réis de prêmio pelo conto "Joaquim do Telhado" no concurso Novela Mineira. Publica trabalhos nas revistas Todos e Ilustração Brasileira.

1923 - Entra para a Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte.

1924 - Escreve carta a Manuel Bandeira, manifestando-lhe sua admiração. Conhece Blaise Cendrars, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Mário de Andrade no Grande Hotel de Belo Horizonte. Pouco tempo depois inicia a correspondência com Mário de Andrade, que durará até poucos dias antes da morte de Mário.

1925 - Casa-se com a senhorita Dolores Dutra de Morais, a primeira ou segunda mulher a trabalhar num emprego (como contadora numa fábrica de sapatos), em Belo Horizonte. Funda, junto com Emílio Moura e Gregoriano Canedo, A Revista, órgão modernista do qual saem 3 números. Conclui o curso de Farmácia mas não exerce a profissão, alegando querer "preservar a saúde dos outros".

1926 - Leciona Geografia e Português no Ginásio Sul-Americano de Itabira. Volta para Belo Horizonte, por iniciativa de Alberto Campos, para trabalhar como redator-chefe do Diário de Minas. Heitor Villa Lobos, sem conhecê-lo, compõe uma seresta sobre o poema "Cantiga de Viúvo".

1927 - Nasce, no dia 22 de março, mas vive apenas meia hora, seu filho Carlos Flávio.

1928 - Nasce, no dia 4 de março, sua filha Maria Julieta, quem se tornará sua grande companheira ao longo da vida. Publica na Revista de Antropofagia de São Paulo, o poema "No meio do caminho", que se torna um dos maiores escândalos literários do Brasil. 39 anos depois publicará "Uma pedra no meio do caminho - Biografia de um poema", coletânea de críticas e matérias resultantes do poema ao longo dos anos. Torna-se auxiliar de redação da Revista do Ensino da Secretaria de Educação.

1929 - Deixa o Diário de Minas para trabalhar no Minas Gerais, órgão oficial do Estado, como auxiliar de redação e pouco depois, redator, sob a direção de Abílio Machado.

1930 - Publica seu primeiro livro, "Alguma Poesia", em edição de 500 exemplares paga pelo autor, sob o selo imaginário "Edições Pindorama", criado por Eduardo Frieiro. Auxiliar de Gabinete do Secretário de Interior Cristiano Machado; passa a oficial de gabinete quando seu amigo Gustavo Capanema substitui Cristiano Machado.

1931 - Falece seu pai, Carlos de Paula Andrade, aos 70 anos.

1933 - Redator de A Tribuna. Acompanha Gustavo Capanema quando este é nomeado Interventor Federal em Minas Gerais.

1934 - Volta a ser redator dos jornais Minas Gerais, Estado de Minas e Diário da Tarde, simultaneamente. Publica "Brejo das Almas" em edição de 200 exemplares, pela cooperativa Os Amigos do Livro. Muda-se, com D. Dolores e Maria Julieta, para o Rio de Janeiro, onde passa a trabalhar como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, novo Ministro de Educação e Saúde Pública.

1935 - Responde pelo expediente da Diretoria-Geral e é membro da Comissão de Eficiência do Ministério da Educação.

1937 - Colabora na Revista Acadêmica, de Murilo Miranda.

1940 - Publica "Sentimento do Mundo" em tiragem de 150 exemplares, distribuídos entre os amigos.

1941 - Assina, sob o pseudônimo "O Observador Literário", a seção "Conversa Literária" da revista Euclides. Colabora no suplemento literário de A Manhã, dirigido por Múcio Leão e mais tarde por Jorge Lacerda.

1942 - A Livraria José Olympio Editora publica "Poesias". O Editor José Olympio é o primeiro a se interessar pela obra do poeta.

1943 - Traduz e publica a obra Thérèse Desqueyroux, de François Mauriac, sob o título de "Uma gota de veneno".

1944 - Publica "Confissões de Minas", por iniciativa de Álvaro Lins.

1945 - Publica "A Rosa do Povo" pela José Olympio e a novela "O Gerente". Colabora no suplemento literário do Correio da Manhã e na Folha Carioca. Deixa a chefia de gabinete de Capanema, sem nenhum atrito com este e, a convite de Luís Carlos Prestes, figura como editor do diário comunista, então fundado, Imprensa Popular, junto com Pedro Mota Lima, Álvaro Moreyra, Aydano Do Couto Ferraz e Dalcídio Jurandir. Meses depois se afasta do jornal por discordar da orientação do mesmo. É chamado por Rodrigo M.F. de Andrade para trabalhar na Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, onde mais tarde se tornará chefe da Seção de História, na Divisão de Estudos e Tombamento.


1946 - Recebe o Prêmio pelo Conjunto de Obra, da Sociedade Felipe d'Oliveira. Sua filha Maria Julieta publica a novela "A Busca", pela José Olympio.

1947 - É publicada sua tradução de "Les liaisons dangereuses", de Choderlos De Laclos, sob o título de "As relações perigosas".

1948 - Publica "Poesia até agora". Colabora em Política e Letras, de Odylo Costa, filho. Falece Julieta Augusta Drummond de Andrade, sua mãe. Comparece ao enterro em Itabira que acontece ao mesmo tempo em que é executada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro a obra "Poema de Itabira" de Heitor Villa-Lobos, composta sobre seu poema "Viagem na Família".

1949 - Volta a escrever no jornal Minas Gerais. Sua filha Maria Julieta casa-se com o escritor e advogado argentino Manuel Graña Etcheverry e passa a residir em Buenos Aires, onde desempenhará, ao longo de 34 anos, um importante trabalho de divulgação da cultura brasileira.

1950 - Vai a Buenos Aires para o nascimento de seu primeiro neto, Carlos Manuel.

1951 - Publica "Claro Enigma", "Contos de Aprendiz" e "A mesa". É publicado em Madrid o livro "Poemas".

1952 - Publica "Passeios na Ilha" e "Viola de Bolso".

1953 - Exonera-se do cargo de redator do Minas Gerais, ao ser estabilizada sua situação de funcionário da DPHAN. Vai a Buenos Aires para o nascimento de seu neto Luis Mauricio, a quem dedica o poema "A Luis Mauricio infante". É publicado em Buenos Aires o livro "Dos Poemas", com tradução de Manuel Graña Etcheverry, genro do poeta.

1954 - Publica "Fazendeiro do Ar & Poesia até agora". Aparece sua tradução para "Les paysans", de Balzac. Realiza na Rádio Ministério de Educação, em diálogo com Lya Cavalcanti, a série de palestras "Quase memórias". Inicia no Correio da Manhã a série de crônicas "Imagens", mantida até 1969.

1955 - Publica "Viola de Bolso novamente encordoada".

1956 - Publica "50 Poemas escolhidos pelo autor". Aparece sua tradução para "Albertine disparue", de Marcel Proust.

1957 - Publica "Fala, amendoeira" e "Ciclo".

1958 - Publica-se em Buenos Aires uma seleção de seus poemas na coleção "Poetas del siglo veinte". É encenada e publicada a sua tradução de "Doña Rosita la soltera" de Federico García Lorca, pela qual recebe o Prêmio Padre Ventura, do Círculo Independente de Críticos Teatrais.

1960 - Nasce seu terceiro neto, Pedro Augusto, em Buenos Aires. A Biblioteca Nacional publica a sua tradução de "Oiseaux-Mouches orthorynques du Brèsil" de Descourtilz. Colabora em Mundo Ilustrado.

1961 - Colabora no programa Quadrante da Rádio Ministério da Educação, instituído por Murilo Miranda. Falece seu irmão Altivo.

1962 - Publica "Lição de coisas", "Antologia Poética" e "A bolsa & a vida". É demolida a casa da Rua Joaquim Nabuco 81, onde viveu 36 anos. Passa a morar em apartamento. São publicadas suas traduções de "L'Oiseau bleu" de Maurice Maeterlink e de "Les fouberies de Scapin", de Molière, esta última é encenada no Teatro Tablado do Rio de Janeiro. Recebe novamente o Prêmio Padre Ventura. Se aposenta como Chefe de Seção da DPHAN, após 35 anos de serviço público, recebendo carta de louvor do Ministro da Educação, Oliveira Brito.

1963 - É lançada sua tradução de "Sult" (Fome) de Knut Hamsun. Recebe os Prêmios Fernando Chinaglia, da União Brasileira de Escritores, e Luísa Cláudio de Sousa, do PEN Clube do Brasil, pelo livro "Lição de coisas". Colabora no programa Vozes da Cidade, instituído por Murilo Miranda, na Rádio Roquete Pinto, e inicia o programa Cadeira de Balanço, na Rádio Ministério da Educação. Viaja, com D. Dolores, a Buenos Aires durante as férias.

1964 - Publica a primeira edição da "Obra Completa", pela Aguilar.1965 - São lançados os livros "Antologia Poética", em Portugal; "In the middle of the road", nos Estados Unidos; "Poesie", na Alemanha. Publica, em colaboração com Manuel Bandeira, "Rio de Janeiro em prosa & verso". Colabora em Pulso.1966 - Publica "Cadeira de balanço", e na Suécia é lançado "Naten och rosen".

1967 - Publica "Versiprosa", "Mundo vasto mundo", com tradução de Manuel Graña Etcheverry, em Buenos Aires e publicação de "Fyzika strachu" em Praga.

1968 - Publica "Boitempo & A falta que ama". Membro correspondente da Hispanic Society of America, Estados Unidos.

1969 - Deixa o Correio da Manhã e começa a escrever para o Jornal do Brasil. Publica "Reunião (10 livros de poesia)".

1970 - Publica "Caminhos de João Brandão".


1971 - Publica "Seleta em prosa e verso". Edição de "Poemas" em Cuba.

1972 - Viaja a Buenos Aires com D. Dolores para visitar a filha, Maria Julieta. Publica "O poder ultrajovem". Jornais do Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre publicam suplementos comemorativos do 70º aniversário do poeta.

1973 - Publica "As impurezas do branco", "Menino Antigo - Boitempo II", "La bolsa y la vida", em Buenos Aires, e "Réunion", em Paris.

1974 - Recebe o Prêmio de Poesia da Associação Paulista de Críticos Literários. Membro honorário da American Association of Teachers of Spanish and Portuguese, Estados Unidos.

1975 - Publica "Amor, Amores". Recebe o Prêmio Nacional Walmap de Literatura e recusa, por motivo de consciência, o Prêmio Brasília de Literatura, da Fundação Cultural do Distrito Federal.

1977 - Publica "A visita", "Discurso de primavera e algumas sombras" e "Os dias lindos". Grava 42 poemas em 2 long plays, lançados pela Polygram. Edição búlgara de "UYBETBO BA CHETA" (Sentimento do Mundo).

1978 - Publica "70 historinhas" e "O marginal Clorindo Gato". Edições argentinas de "Amar-amargo" e "El poder ultrajoven".

1979 - Publica "Poesia e Prosa", 5ª edição, revista e atualizada, pela editora Nova Aguilar. Viaja a Buenos Aires por motivo de doença de sua filha Maria Julieta. Publica "Esquecer para lembrar - Boitempo III".

1980 - Recebe os Prêmios Estácio de Sá, de jornalismo, e Morgado Mateus (Portugal), de poesia. Edição limitada de "A paixão medida". Noite de autógrafos na Livraria José Olympio Editora para o lançamento conjunto da edição comercial de "A paixão medida" e "Um buquê de Alcachofras", de Maria Julieta Drummond de Andrade; o poeta e sua filha autografam juntos na Casa José Olympio. Edição de "En rost at folket", Suécia. Edição de "The minus sign", Estados Unidos. Edição de "Gedichten" Poemas, Holanda.

1981 - Publica "Contos Plausíveis" e "O pipoqueiro da esquina". Edição inglesa de "The minus sign".

1982 - Ano do 80º aniversário do poeta. São realizadas exposições comemorativas na Biblioteca Nacional e na Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Os principais jornais do Brasil publicam suplementos comemorando a data. Recebe o título de Doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Edição mexicana de "Poemas". A cidade do Rio de Janeiro festeja a data com cartazes de afeto ao poeta. Publica "A lição do amigo - Cartas de Mário de Andrade a Carlos Drummond de Andrade", com notas do destinatário. Publicação de "Carmina drummondiana", poemas de Drummond traduzidos ao latim por Silva Bélkior.

1983 - Declina do troféu Juca Pato. Publica "Nova Reunião (19 livros de poesia)", último livro do poeta publicado, em vida, pela Casa José Olympio.

1984 - Despede-se da casa do velho amigo José Olympio e assina contrato com a Editora Record, que publica sua obra até hoje. Também se despede do Jornal do Brasil, depois de 64 anos de trabalho jornalístico, com a crônica "Ciao". Publica, pela Editora Record, "Boca de Luar" e "Corpo".

1985 - Publica "Amar se aprende amando", "O observador no escritório" (memórias), "História de dois amores" (livro infantil) e "Amor, sinal estranho". Edição de "Frän oxen tid", Suécia.

1986 - Publica "Tempo, vida, poesia". Edição de "Travelling in the family", em New York, pela Random House. Escreve 21 poemas para a edição do centenário de Manuel Bandeira, preparada pela editora Alumbramento, com o título "Bandeira, a vida inteira". Sofre um infarto e é internado durante 12 dias.

1987 - No 31 de janeiro escreve seu último poema, "Elegia a um tucano morto" que passa a integrar "Farewell", último livro organizado pelo poeta. É homenageado pela escola de samba Estação Primeira de Mangueira, com o samba enredo "No reino das palavras", que vence o Carnaval 87. No dia 5 de agosto, depois de 2 meses de internação, falece sua filha Maria Julieta, vítima de câncer. "E assim vai-se indo a família Drummond de Andrade" - comenta o poeta. Seu estado de saúde piora. 12 dias depois falece o poeta, de problemas cardíacos e é enterrado no mesmo túmulo que a filha, no Cemitério São João Batista do Rio de Janeiro. O poeta deixa obras inéditas: "O avesso das coisas" (aforismos), "Moça deitada na grama", "O amor natural" (poemas eróticos), "Viola de bolso III" (Poesia errante), hoje publicados pela Record; "Arte em exposição" (versos sobre obras de arte), "Farewell", além de crônicas, dedicatórias em verso coletadas pelo autor, correspondência e um texto para um espetáculo musical, ainda sem título. Edições de "Moça deitada na grama", "O avesso das coisas" e reedição de "De notícias e não notícias faz-se a crônica" pela Editora Record. Edição de "Crônicas - 1930-1934". Edição de "Un chiaro enigma" e "Sentimento del mondo", Itália. Publicação de "Mundo Grande y otros poemas", na série Los grandes poetas, em Buenos Aires.1988 - Publicação de "Poesia Errante", livro de poemas inéditos, pela Record.

1989 - Publicação de "Auto-retrato e outras crônicas", edição organizada por Fernando Py. Publicação de "Drummond: frente e verso", edição iconográfica, pela Alumbramento, e de "Álbum para Maria Julieta", edição limitada e fac-similar de caderno com originais manuscritos de vários autores e artistas, compilados pelo poeta para sua filha. A Casa da Moeda homenageia o poeta emitindo uma nota de 50 cruzeiros com seu retrato, versos e uma auto-caricatura.


O poeta até a presente data é muito lembrado e homenageado em diversos estados-membros de nosso país, sendo um dos maiores nomes de nossa literatura. A última grade homenagem foi feita na cidade do Rio de Janeiro, quando foi colocadano calçadão da praia de Copacabana, uma estátua do poeta em comemoração ao centenário de seu nascimento, celebrado em 2002, sendo assim, imortalizado no calçadão do bairro em que viveu por muitos anos.


Pesquisado em:

http://www.carlosdrummonddeandrade.com.br

http://www.releituras.com/drummond_bio.asp

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lançamento do romance "Mágoa", de Rodrigo Santos

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No próximo dia 8 de outubro, a partir das 19 horas, no evento "Uma Noite na Taverna", o poeta Rodrigo Santos estará lançando seu primeiro romance, o tão esperado "Mágoa".

"O livro é um romance sobre perdas e como lidar com essas perdas, sobre esperança e desespero" - diz o autor. "Eu demorei a escrevê-lo, sempre buscando a frase certa, o momentum exato. Minha formação poética me atrapalha um pouco na hora de ser objetivo, e mesmo minha prosa é entremeada por digressões. Mas foi um livro que adorei escrever, e ainda hoje, relendo-o, me divirto e me emociono", completa Rodrigo.

O autor ainda disponibilizou um preview para download gratuito, que pode ser baixado clicando na capa do livro, abaixo.

O livro estará à venda por R$ 20,00 (vinte Reais), e pode também ser adquirido por contato direto com o autor.

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Evento: A Taverna em homenagem ao bardo T.S. Eliot!

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Foi uma noite agradável. Poesia, música e teatro. Dessa vez nenhum artista plástico expôs no evento. Houve alguns atrasos, o evento passou um pouco da hora, mas nada que tirasse o brilho da noite. Artistas como o poeta Fabiano Silmes, Andréa de Azevedo e o cantor Leandro Tavares retornaram à Taverna e fizeram bonito. Thaís Franco que se apresentou pela primeira vez no evento se destacou e recebeu muitos elogios e a esquete de teatro Avesso, deixou o público um pouco apreensivo.
Os três tavernistas, Romulo Narducci, Rodrigo Santos e Pakkatto, iniciaram com as homenagens ao poeta T.S. Eliot.

O bardo Rodrigo Santos recita os poemas de T.S. Eliot para o público na Taverna.
Em seguida o poeta Romulo Narducci entrou em cena e homenageou o poeta americano naturalizado inglês.

O trovador tavernista, Pakkatto, também recitou os poemas do homenageado da noite.


Encerrando a homenagem, os três poetas tavernistas declamaram juntos um belo poema de T.S. Eliot chamado Os Homens Ocos e abriram para os poetas convidados mostrarem os seus trabalhos autorais.

O primeiro poeta convidado a se apresentar foi o veterano de tavernas Fabiano Silmes.


Silmes recitou seus ótimos textos com referências do modernismo.


A bela e jovem poeta Thaís Franco se destacou em sua estréia na Taverna.


O erotismo e o romantismo de seus versos agradaram bastante ao público.


Outra veterana da Taverna, Andréa de Azevedo retornou com estilo.


Com ela não teve meio termo, a poetinha tavernista recitou seus textos coesos e muito bem escritos recebendo muitos elogios.


A esquete teatral Avesso, trouxe à Taverna os atores Vinícius Lucena e Patrick Lopes, numa performance que aborda os conflitos internos de um indivíduo no cume do desespero.


O sangue na calça do rapaz? "É isso mesmo que vocês estão pensando".


Após os poetas Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Pakkatto retornarem ao palco e recitarem seus poemas autorais, o cantor Leandro Tavares acompanhado pela excelente banda Os Napolitanos encerraram o evento com muito rock, com suas influências do Punk a música Pop.


O Rock d'Os Napolitanos tomou conta do Uma Noite na Taverna!



E assim, mais uma vez a arte foi celebrada! Evoé!

fotos: Eduardo H. Martins.

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fabiano Silmes: Seus poemas pedem licença e seus sonhos pedem passagem.

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Fabiano Silmes é um dos poetas das raízes do Uma Noite na Taverna. Vem participando com sua poesia desde o ano de 2004 na 1ª temporada do evento, quando se apresentou pela primeira vez, no restaurante do SESC São Gonçalo. Boêmio, poeta "matador", excelente contista e cronista, Silmes tem em sua arte forte influência do modernismo e dos ensejos da Contracultura. Sua poesia é objetiva, sem meios termos, um tiro sem dó nem piedade, de visceralidade pungente.


Nasce o poeta: Taverna de 16/04/04 (4º edição do evento!)

Fabiano da Silva Gomes ou Fabiano Silmes como é mais conhecido, nasceu em São Gonçalo, em 1979. Estudante de Produções Publicitárias e Marketing da Faculdade Estácio de Sá, atualmente colabora, juntamente com outros poetas, do blog A Corja, e também do blog Vortex Project, esse em parceria com o poeta e Design Gráfico Leandro Manhães. Atualmente prepara o seu primeiro livro de poesia.


POESIA - POESIA - POESIA

A Margem

pelos subterrâneos e bulevares
pelos loucos e mendigos
pelas prostitutas da noite
pelos bêbados da madrugada

meu poema pede licença
e meus sonhos pedem passagem.

***

O mais são cinzas

A esperança está morta
Vejo em campos decepados
Os últimos pedaços espalhados.

Os sonhos se perderam
Lágrimas e olhos vermelhos
O horizonte foi sepultado
E o vazio se espalhou por tudo.

A inocência está morta
O amanhã está morto
Deus está morto

Minha voz é um eco.

***

A longa objetividade das coisas

Breves são as flores,
Misteriosa é a resistência das pedras,
Indiferente é o vento que passa,
Despreparados são os homens.

Breves são os homens,
Indiferentes são as pedras,
Misteriosa é a resistência do vento frio que passa
Beijando de leve as flores despreparadas.

***

Andanças

Ao poeta Ricardo Sant’Anna Reis

tenho andado inquieto
as ruas todas
seguem sem novidades.

tenho andado a esmo
lento como a tarde
veloz como a vida.

on the road, baby
eu Sigo o meu caminho
mas eu nunca estou só
a poesia dos momentos
vai dentro do meu peito
como se fossem palavras
e assim levado pelo vento
vivo como se escrevesse
um poema feito das coisas
que deixo para trás.

***

Blog do poeta Fabiano Silmes (arrisque-se):

http://vortexproject.blogspot.com/

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Leandro Tavares: Rock e Romantismo

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Leandro Tavares, ex-integrante da extinta banda Emotipo, hoje com um projeto solo e, correndo paralelamente, atuando como vocalista da banda Os Napolitanos, já esteve por duas vezes se apresentando no Uma Noite na Taverna. O músico fortemente influenciado pelo britpop e pela banda brazuca Los Hermanos, bebe ainda de muitas fontes da MPB, no intuito de dar uma qualidade mais personalizada ao seu som. O cantor e compositor estará mais uma vez mostrando o seu talento na Taverna, amanhã no dia 10/09, a partir das 19 horas, no SESC São Gonçalo.

A música sempre esteve presente na vida de Leandro Tavares, desde a infância onde ganhou seu primeiro instrumento, aos 11 anos numa madrugada de junho ganhou seu teclado, e poucos meses depois um violão. Naquele tempo Tavares escutava fitas K-7 de Jon Secada e alguns vinis do Billy Idol e artistas do gênero.

Não demorou muito, vieram as primeiras composições, e num processo lento Leandro foi tendo as primeiras bandas. No final dos anos 90 conheceu bandas como Weezer, Los Hermanos, Blur e Silverchair, as composições começavam a ganhar uma tendência.


Circo Voador, 2008.

Leandro Tavares foi se inserindo na cena alternativa, onde montou os Napolitanos, que segue com ele até hoje, banda na qual tocou em palcos como o Circo Voador. A música passou a ter um leque de possibilidades, Leandro atentou-se a ouvir Chico Buarque, Bebeto, Agepê, Paulinho da Viola, ouviu também Kings of Leon, Muse, Queen of the Stone Age e Radiohead.

Veio o reconhecimento de um dos seus maiores ídolos, Marcelo Camelo disse em entrevista dada à revista Rolling Stone do mês de fevereiro de 2009: "Fico impressionado. É pra gente como o Leandro Tavares cantar o que eu componho".


Matéria da Rolling Stone, Marcelo Camelo cita Leandro Tavares.



Com Marcelo Camelo no Circo Voador.

Como vemos, a música é a essência fundamental que move esse jovem cantor, que encerra com o sguinte argumento: "A música se faz presente a qualquer momento... na saúde e na doença, na alegria e na tristeza."

Conheçam mais do trabalho de Leandro Tavares:

http://www.myspace.com/leandrotavaresrj

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Esquete Teatral: AVESSO

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Nessa sexta-feira, o teatro será representado no Uma Noite na Taverna por um trio que se apresenta pela primeira vez no evento. A esquete Avesso foi escrita por Vinícius Lucena, por sugestão de Thaís Santoro, e terá a atuação do próprio ator Vinícius Lucena juntamente com o seu amigo, o ator Patrick Lopes.
Avesso - Oposto, contrário.
Ao trazer esse nome pra "vida" de ALGUÉM entende-se que é algo de ''ponta à cabeça, de pernas pro ar", mas até que ponto ALGUÉM permite que as sensações controlem seu corpo? Como se tivesse vida, como se fosse concreto. Uma das sensações que mais brincam com nosso corpo, com nossas atitudes que ajudam a esconder a palavra liberdade e é esse mesmo sentimento que ALGUÉM sente. Aqui Avesso é o resultado. P.s.: ALGUÉM é o protagonista.
Vinícius Lucena

“Uma vida de desespero quieto, calado, é isso que quis trazer pra escrita e pra interpretação. Criar um personagem que brinca com características, transita entre 'ironia, furia, mágoa, sensibilidade e etc...' faz umas críticas aqui e ali à algumas figuras da sociedade de forma bem curta afinal tempo ele não tem.
A principio o nome da esquete seria 'Interno' mas eu não estava satisfeito, horas e horas e nada de descobrir um nome impactante ao mesmo grau da história e isso eu consegui graças à Thaís Santoro, minha amiga que em poucos minutos de conversa no telefone me lançou esse nome, que adorei na hora e também se interessou pra destrinchar esse personagem tão problemático e confuso. Patrick e eu fazemos aula no curso de teatro método e ator com a professora Anna Carolina, o convidei para o papel e na mesma hora ele aceitou, não poderia ter feito melhor escolha, e essa é a primeira esquete que escrevo e também atuo, essa é a minha área, onde me sinto confortável pra fazer o que eu quero, escrever, atuar, escrever e atuar!”

Thaís Santoro


"Passo horas vendo filme, escrevendo 'nem sempre mostro' e analisar são coisas que eu adoro. Ambígua, exagerada, desbocada. Cheia de opinião mutante. Acho o personagem "ALGUÉM" bizarro, gosto de atitude inovadora. Apoio o meu amigo Vinícius que tem tanto talento que não sabe por onde começar pra usufruí-lo por completo."

Patrick Lopes

"Eu, Patrick Lopes, sou ator. Faço curso de teatro há quatro anos, dança, coral e desenho, vivo no mundo da arte com interesse de me tornar um profissional.

Sobre o texto: Ser real não é fugir da realidade e sim viver a realidade, o dinheiro tomou posse e tornou a razão de vida, razão de poder mas não compra a paz verdadeira de espírito. Viver e fingir ser outro é fácil mas o difícil é terminar e ser feliz não como o personagem mas como o real.

O Natanael, meu personagem, nada mais é do que ignorância e poder ver como a vida é fria e não podemos fazer nada para ajuda-la, apenas viver.

Sobre 'ALGUÉM', uma pessoa que decide tirar a marca de sua masculinidade onde percebe-se que não conhecemos bem quem está do nosso lado 'as vezes'."

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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Andréa de Azevedo e seus poemas híbridos

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A poeta Andréa de Azevedo já vem se apresentando no Uma Noite na Taverna desde o ano de 2006, quando o evento estava em sua terceira temporada e acontecia no exinto Jardim da FASG, no centro de São Gonçalo, antes de passar para o Centro Cultural Joaquim Lavoura. Carismática e de uma beleza terna, tanto em sua pessoa como em sua índole artística, Andréa que é tavernista convicta, traz em sua poesia as influências que variam do Romantismo, Simbolismo e Modernismo, num apelo em que seus versos cantam paixões e as desilusões do cotidiano.
Andréa escreveu seus primeiros versos com 13 anos para Feira do Livro na escola onde estudou. Em 2000, recitou pela primeira vez na Universidade Salgado de Oliveira sua poesia CLASSIFICADOS e ao lado do quarteto Ver o verso, fez uma participação especial, recitando com Claufe Rodrigues e Alexandra Maia.
Em 2004, ingressou no curso de Letras da Faculdade de Formação de Professores da UERJ em SG, o que possibilitou seu maior contato com a Literatura Brasileira, Portuguesa e Universal. Atualmente, é professora formada e Pós-Graduada em Leitura e Produção de Textos pela Universidade Federal Fluminense.
Frequentadora do evento, Uma Noite na Taverna, Andréa sempre procurou manter contato com diversos estilos e poetas. Por isso, pode-se dizer que sua escrita é híbrida, embora assuma um estilo mais contemporâneo.
Influências de sua escrita: Clarice Lispector, Cecília Meireles, Adélia Prado, Hilda Hilst, Lygia Fagundes Telles, Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Cruz e Sousa, Álvares de Azevedo, Paulo Leminski e João Cabral de Melo Neto entre outros.


No dia 10 de setembro, nessa sexta-feira, Andréa de Azevedo estará de volta à Taverna com a beleza de sua poesia.

POESIA

Relicário do amor
carregas do lado esquerdo, um coração
e do lado direito,
a dor de todos os males.

Com ímpeto, se obriga
Com força, arrancas do peito
o cordão que unia a medalha,
lançando-a ao mar.

Lá do fundo, relicário é concha.
Retratos são sorrisos
imersos em águas passadas.

Do cais, a muralha empedrada
No porto, embarque e
desembarque da vida.

Ps: De nada me serve os sonetos.
É apenas uma vaidade colecionada.

***

Piegas.

Faça seu julgamento
Dê sua sentença
fique armado até os dentes
como sempre preferiu!
Ainda sim, a coragem
lhe falta para atirar
a primeira pedra.
A primeira pedra?
Não é aquela
que parou no meio
do caminho.
Com minha ajuda
soube remover
suas pedras
e aproveitar o caminho
que o conduzi.
Passaste pelo caminho,
já não há mais como voltar.
Ateou fogo com suas próprias mãos
jogando suas bingas de cigarro.
Fumaste todas cartelas possíveis,
mesmo sabendo
que aquele cheiro ia me incomodar.
Eu respirei o ar de suas camisas
empregnadas de perfume
para tapiar, respirei.
Pensei que a náusea
iria passar...
e o cheiro ainda me incomoda.
Segui o outro caminho
aquele de antes:
o breu das noites solitárias
o brejo, o coaxar dos sapos...
Respirei, o cheiro dos livros
guardados.
Permiti que as traças roessem
minhas pequenas lembranças.
Cenas de um filme
se passou.
Entre o farol e as buzinas
do carro
o olhar se perdeu.

17/02/2010 (início) 06/03/2010 (término).

***

Eu queria sim, poder matar meus fantasmas um a um.
Mas, eles ressurgem das sombras, puxam meus pés
quando apago a luz e faço da minha alma o escuro.

Eu queria sim, não confundir aquele perfume
entre tantos outros.
Vinho sorvido em goles amargos
me apego naqueles olhos tristes de menino
sem poder enxergar o modo traiçoeiro
que se esconde lá no fundo.

Meu sonho era ser inatingível.
Vestir uma armadura pesada, pra se fazer de forte.
Criar escudos para me defender do desatino,
que por dever, devo eu enterrar.

Me arrasto pra perto de cada indício que te traz...
É como uma droga, uma dependência barata ...
te fazer como algo intocável.

Voltar a fita por muitas vezes naquele beijo ...
parar o tempo em intimidades profundas,
pra depois cair a ficha que nada disso te teve
a menor importância.
Tombo mais alto esse...
te vê acenando como se embarcasse numa viagem sem volta.

Porque eu era a saída e não a solução. A medida paliativa
da terceira pessoa.

Perder o que mais prezava...perdi.
Daqui segue um olhar distante e assiste ao
descompasso de seu caminho.

***

Conheça mais do trabalho da poeta:

http://desengavetados.blogspot.com/

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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Uma Noite na Taverna com a poesia de T.S. Eliot

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Na sexta-feira, de 10 de setembro, a partir das 19 horas, no SESC São Gonçalo, os poetas tavernistas Pakkatto, Rodrigo Santos e Romulo Narducci, homenagearão o bardo britânico T.S. Eliot. Além da festejada e boêmia homenagem ao poeta inglês, o evento receberá os poetas convidados Fabiano Silmes (que está em processo de produção de seu primeiro livro de poesia), Andréa de Azevedo e a estreante Thaís Franco.
A música ficará a cargo do jovem cantor e compositor Leandro Tavares (ex-vocalista da banda Emotipo) que virá acompanhado de sua banda de apoio para mostrar suas novas vertentes musicais que desfilam do Pop, ao Indie Rock e MPB.
E como já tem se tornado uma tradição em nossa Taverna, não poderia deixar de faltar uma apresentação teatral! Nessa edição teremos a esquete Avesso, escrita por Vinícius Lucena por sugestão de Thaís Santoro, encenada por Vinícius Lucena e Patrick Lopes.
Vale dizer que mais uma vez, a arte será merecidamente vislumbrada e celebrada com estilo em nossa Taverna! Compareçam e tragam os amigos! Evoé!
BIOGRAFIA T.S. ELIOT
Por Ivan Junqueira
"Minha poesia não seria o que é se eu tivesse nascido na Inglaterra, e não seria o que é se eu tivesse permanecido nos Estados Unidos. É uma combinação de coisas. Mas, nas suas fontes, na sua força emocional, ela vem dos Estados Unidos."

Thomas Stearns Eliot nasceu em St. Louis, Missouri, Estados Unidos, a 26 de setembro de 1888, e faleceu em Londres, com 76 anos de idade, a 4 de janeiro de 1965.

Descendentes de emigrantes ingleses que, em meados do século XVIII, se estabeleceram em Massachusetts, Nova Inglaterra, os Eliot estiveram desde sempre fundamente vinculados às tradições da Igreja Unitária, destacando-se ainda por sua intensa atividade cultural. O mais notável dentre tais antepassados foi o Rvdo. Andrew Eliot (1718-78), ministro da Igreja Congregacionalista e quase reitor da Universidade de Harvard, cargo que não assumiu por deliberação voluntária. Cerca de dois séculos transcorreram até que o primeiro dos Eliot se transferisse para o Missouri. Foi ele o Rvdo. William Greenleaf Eliot (1811-87), avô do poeta e fundador da Igreja Unitária de St. Louis, bem como da Universidade de Washington, de que se tornou depois presidente. William Greenleaf distinguiu-se ainda por seu papel na Guerra de Secessão, quando pugnou pelos ideais federativos dos Estados do Norte, e pelos diversos opúsculos didático-morais que publicou.


Henry Ware Eliot e Charlotte Chauncey Stearns, pais do poeta, casaram-se em 1868. Henry Ware diplomou-se pela Universidade de Washington, mas acabou por dedicar quase toda a sua vida aos interesses industriais da família, tendo chegado inclusive à presidência da Hydraulic Press Brick Company of St. Louis. A mãe, de rica família pertencente à aristocracia mercantil de Boston, era mulher intelectualmente dotada, possuidora de boa cultura humanística e de algum pendor literário. De sua autoria, aliás, são um estudo biográfico do sogro e um longo poema, também de caráter biográfico, sobre Savonarola. Thomas Stearns Eliot é o sétimo e último filho desse matrimônio.

Serpente de lama e fúrias ancestrais, o Rio Mississippi corre veloz rente à face leste de St. Louis, a principal cidade do Estado de Missouri e um dos maiores centros industriais do Middle East norte-americano. Aí viveu Eliot sua infância e grande parte da juventude, aprendendo os segredos e mistérios do grande rio. Ainda em St. Louis, realizou seus primeiros estudos na Academia Smith, concluindo-os em Massachusetts, na Academia Milton. Em 1906, aos 18 anos de idade, seguiu para Boston a fim de iniciar sua formação universitária em Harvard. Nesse tradicional estabelecimento de ensino superior - o mais antigo e influente dos Estados Unidos -, Eliot consagrou-se aos estudos literários e, sobretudo, filosóficos, sob a orientação de alguns ilustres mestres, entre os quais Irving Babbitt e George Santayana. Já por esse tempo era grande a sua atividade no setor das letras não só como poeta, mas também na qualidade de um dos editores da revista universitária The Harvard Advocate, onde publicou alguns trabaIhos e em cuja redação conheceu Conrad Aiken, desde então seu amigo e admirador, além de responsável pela apresentação do autor de The Waste Land ao poeta e crítico Ezra Pound, quando de uma visita que ambos fizeram a Londres em 1914.

Esse encontro com Pound teria decisiva influência na vida e na carreira literária de Eliot, para quem o poeta de The Cantos era, além de il miglior fabbro, "um crítico maravilhoso, porque não transformava a obra alheia numa imitação dele mesmo." O acesso, ainda que breve e superficial, à correspondência de Pound permite-nos concluir, aliás, o quanto foi vertical e benéfica sua intervenção em alguns dos manuscritos de Eliot, sobretudo no de The Waste Land, que constitui uma verdadeira aula de poética. Ainda que em pólo totalmente distinto, é também curioso observar - como atestam depoimentos de alguns de seus contemporâneos em Harvard, entre os quais Stuart Chase e Walter Lippmann -, que, já nessa época, Eliot se distinguia pelo fato de comportar-se como "um inglês em tudo e por tudo, a não ser pelo sotaque e pela nacionalidade". Era como se o poeta já trouxesse dentro de si as matrizes espirituais e culturais de sua futura cidadania britânica e de seu visceral anglicismo.


Após diplomar-se em letras clássicas por Harvard, em 1909, Eliot rumou a Paris, estagiando por um ano (1910-11) na Sorbonne, onde realizou os cursos de língua e literatura francesas (então sob a direção de Alain-Fournier) e de filosofia contemporânea. De volta a Harvard, retomou seus estudos filosóficos e lingüístico-filológicos, com ênfase particular em questões de literatura sânscrita e de filologia indiana, o que o ocupou de 1911 a 1913. Pouco depois, obtinha o título de doutor em filosofia, com teses sobre o pensamento do idealista inglês Francis Herbert Bradley e de A. von Meinong. Nunca, porém, chegaria a colar grau, e são dele as palavras de que suas teses apenas lograram aceitação "porque eram ilegíveis". De 1913 a 1914, ainda em Harvard, Eliot serviu como assistente do curso de filosofia e, durante o verão de 1914, esteve de visita à Alemanha. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, partiu para Londres e, depois, para Oxford, onde passou todo o inverno dedicado às pesquisas filosóficas como lector do Merton College.


O ano de 1915 marca o aparecimento do primeiro poema importante de Eliot, "The Love Song of John Alfred Prufrock", publicado na revista Poetry, de Chicago, e posteriormente incluído por Ezra Pound em sua Catholic Anthology. É também durante esse ano que o poeta se casa com Vivienne Haigh-Wood, da sociedade londrina. A seguir, exerce as funções de professor no Highgate College, pequena escola para crianças situada nos arredores de Londres, onde, segundo seu próprio depoimento, lecionou "latim, francês, matemáticas elementares, desenho, natação, geografia, história e beisebol". Abandonou o magistério para empregar-se no Lloyds Bank Ltd., de Londres, e, de 1917 a 1919, foi editor-assistente do Egoist, além de assíduo colaborador de outras publicações literárias, entre as quais The Athenaeum, então dirigido por J. Middleton Murry, e até mesmo de periódicos especializados em política e economia bancárias, como a Lloyds Bank Economic Review. Ainda em 1917 publicaria o seu primeiro volume de versos: Prufrock and other Observations. Um ano depois, devido à falta de condições físicas, Eliot viu-se desobrigado do serviço militar que teria de cumprir na Marinha dos Estados Unidos. Com isso, rompia-se mais um elo da cadeia que o mantinha ligado às exigências da vida pública norte-americana. A partir daí, estreitam-se seus vínculos com a Inglaterra, e o poeta resolve fixar residência em Londres, onde já estabelecera sólidas relações nos meios literários e editoriais.


Em 1920, um ano após a publicação de um pequeno estudo sobre Ezra Pound, his Metric and Poetry, aparece The Sacred Wood, coletânea que reúne alguns de seus melhores textos críticos da juventude, e, transcorridos dois anos do lançamento desta última, The Waste Land, obra de decisiva importância para a formação da mentalidade poética contemporânea e que o consagra como um dos expoentes da literatura de língua inglesa deste século. Outro fato de grande significação em 1922 - o mesmo ano, aliás, da publicação do Ulysses, de James Joyce - foi o aparecimento de The Criterion, revista trimestral de literatura e filosofia criada pelo poeta e que, por cerca de 17 anos, desempenhou relevante papel nos círculos artísticos e culturais europeus, somente deixando de ser editada às vésperas da Segunda Guerra Mundial, por decisão exclusiva de seu fundador. The Criterion abre a Eliot as portas dos negócios editoriais, e já em 1923 ei-lo guindado à diretoria da Faber & Faber, à frente da qual se manteve até a morte. Como editor, terá sido ele menos um homem de empresa do que um patrono das vanguardas literárias de língua inglesa, que lhe deverão para sempre o reconhecimento e o incentivo às suas pesquisas estético-formais.


Em 1927, Eliot adota finalmente a cidadania inglesa, proclamando-se no ano seguinte, através de sua famosa declaração, "an Anglo-Catholic in religion, a classicist in literature, and a royalist in politics". Após 18 anos de ausência, retorna aos Estados Unidos, a convite da Universidade de Harvard, para ministrar o ciclo de conferências "Charles Eliot Norton" (1932-33). Posteriormente, voltaria por diversas vezes a seu país de origem, ora em simples visita, ora por motivos de caráter estritamente cultural. Em 1957, dez anos depois de haver perdido a esposa, Eliot contrai novas núpcias com Valerie Fletcher, sua jovem secretária na Faber & Faber, em companhia da qual viverá os últimos anos de vida, cada vez mais recolhido à intimidade de sua pequena residência no bairro londrino de Kensington.

Entre os títulos honoríficos, diplomas, condecorações e comendas outorgados ao autor dos Four Quartets, contam-se, além dos já citados: Doutor em Filosofia pela Universidade de Cambridge, Doutor Honoris Causa pelas universidades de Princeton e de Yale, Ordem do Mérito do Império Britânico e Prêmio Nobel de Literatura, ambos em 1948, Medalha de Ouro de Dante, Cruz de Comendador das Artes e Letras, Prêmio Goethe (1954) e Medalha da Amizade dos Estados Unidos da América (1964).


A obra poética de Eliot compreende uma produção que se estende de 1909 até pouco antes de sua morte, período em que apenas ocasionalmente cultivou ele o verso e que se caracteriza por uma escassa e já esporádica atividade, da qual resultaram três coletâneas que pouco acrescentam à sua obra anterior: os Occasional Verses, incluídos nos Collected Poems 1909-1962; The Cultivation of the Christmas Trees (1954); e, fìnalmente, os Poems Written in Early Youth, cuja publicaçâo já é póstuma. Dentre os mais importantes poemas ou coletâneas poéticas do autor, figuram: "The Love Song of J. Alfred Prufrock", "Portrait of a Lady", "Preludes" e "Conversation Galante", de Prufrock and other Observations (1917) ; "Gerontion", "Sweeney Erect" e "Sweeney among the Nightingales", de Poems (1920); The Waste Land (1922); The Hollow Men (1925); Ash-Wednesday (1930); Ariel Poems e Unfinished Poems, ambos incluídos nos Collected Poems 1909-1935 (1936); The Rock (1934); e, finalmente, os Four Quartets (1943). Cumpre citar ainda as fantasias humorísticas que, em 1939, publicou Eliot sob o título de Old Possum's Book oj Practical Cats, que não integram este volume. A produção poética de T. S. Eliot foi por quatro vezes reunida: Selected Poems 1909-1925 (1925), Collected Poems 1909-1935 (1936), Collected Poems 1909-1953 (1954) e Collected Poems 1909-1962 (1963).

Biografia de Ivan Junqueira para o livro Poesia, de T.S. Eliot, traduzido do original Collected Poems 1909-1962, Editora Nova Fronteira, 1981.

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