quarta-feira, 10 de março de 2010

A Arte de Beatriz Peixoto: Em Busca de Um Novo Conceito.

Beatriz Peixoto começou muito cedo a se interessar pelo mundo da pintura. Ainda criança arriscava os primeiros traços numa brincadeira que realizava com a sua avó materna. No final da década de 80, cursou vários cursos de desenhos no SENAC, em seguida após morar em São Paulo, em 2001, onde ao trabalhar na Escola Art São Paulo, e ter contato com vários artistas desta instituição se interessou pelas artes plásticas e se inscreveu no curso de pintura.
Fortemente influenciada pelos Academicismo e Impressionismo - porém, este último já descaracterizado no seu trabalho devido aos tons de cores ocres usados por esta -, mas flertando sempre com uma intensidade apaixonada pelo movimento Surrealista, Beatriz Peixoto busca através de estudos um estilo próprio na criação de suas obras, no qual chama com certa cautela de "Eterização".
Segundo a artista plástica, a técnica que vem desenvolvendo consiste em uma não delimitação das formas, buscando ao máximo uma integração visual em compartilhar a figura com o fundo da obra.

Eros (óleo sobre tela, 50x40, Dezembro de 2009).

O quadro acima, que é uma representação do deus grego Eros foi um dos últimos trabalhos da artista onde esta busca editar o máximo de sua técnica etérea. Outro detalhe interessante que pode-se perceber em seus trabalhos é a paleta de cores ultilizada por Beatriz. Esta esbanja seus traços em um estilo de sépia, ou vez ou outra abuza de tons escuros, cores frias e se quentes, trabalhadas em tonalidades que soam soturnas.

Almas Entrelaçadas (óleo sobre tela, 70x50, 09/11/2009).

A busca pelo estilo próprio sempre é uma tarefa árdua para o artista plástico, que muitas vezes acaba o percebendo depois de muito estudo nas menções de suas próprias obras, ou o prórpio acaso o presenteia, ou até mesmo o seu estilo já vem incutido dentro de suas próprias referências internas, desenvolvendo-o sem quase nenhum esforço. Mas o estudo, para quem busca uma originalidade sempre é muito importante, não só nas artes plásticas, mas em todas as sendas da arte.

A Mulçumana (óleo sobre tela, 46x38, Março de 2008).

Pelo que a artista plástica revela, esta vem estudando arduamente no intuito de afirmar suas técnicas para o desenvolvimento de um estilo próprio e ímpar, é claro que não busca fugir de suas origens, como pode-se perceber na tela acima "A Mulçumana", uma bela pintura que mostra um mimetismo interessante do Academicismo fundido ao Surrealismo. O manto que envolve a mulher é sua própria mordaça, como numa referência à opressão machista aludida à figura retratada.

COM A PALAVRA, BEATRIZ!

Batemos um rápido papo com a artista plástica desse mês, Beatriz Peixoto, que nos falou um pouco de suas obras, como se interessou pela pintura, como as cria, e ainda de quebra manda um recado para aqueles que estão trilhando o mesmo caminho que ela ou pensam em trilhar.

Olá Beatriz, como vai? Vamos apelar ao clichê e perguntar o óbvio das entrevistas (risos). Em que momento da sua vida você começou a ter contato com as artes plásticas e como se deu isso?

Começou quando eu fui morar em São Paulo, em 2001. Eu trabalhei numa escola de artes e lá mesmo eu fiz o curso de pintura a óleo. Lá eu conheci vários artistas os quais eu fazia contato para o meu professor. Desde pequena eu gostava de desenhar com a minha avó, isso com meus 6 anos... Aos 16 anos eu fiz vários cursos de desenho no SENAC, entre eles: figura humana, desenho artístico, ilustração e propaganda, no qual o trabalho final da turma consistia em ilustrar a vitrine do SENAC. Porém, após o curso, fiquei parada por um bom tempo até partir para São Paulo. E retornando de lá, realizei algumas exposições e desde então, pintando uma tela ou outra, em estudo, em busca de minha identidade artística.

Quando você fala de identidade artística, a que você se refere? Trata-se de algum estilo que você vem buscando criar, ou se basear em um outro que a influencia? Partindo disso, que identidade é essa que você vem buscando?

Sim, é um estilo próprio. A identidade que busco é como uma expressão autêntica de minha alma, como se fosse uma representação dos meus pensamentos e sentimentos em forma de pinceladas e cores. Encontrar a forma de como eu vejo e sinto o mundo, as pessoas e a mim mesma. Mas partindo dessa busca de um estilo próprio os estilos em que me baseio para isso seriam o Academicismo e o Impressionismo. Assim, venho realizando um estudo o qual chamo de Eterização, atualmente.

Hum... Eterização? No que consiste? Como você representa isso nos seus quadros?

Consiste na dissolução das linhas, na mistura de cores na própria tela, ao invés de usar a paleta, mas não sendo isso uma regra. É também uma busca do desfoque da imagem, tirando a impressão do sólido, buscando a beleza das formas.

Você disse que essa técnica ainda é um estudo, certo?

Sim. Ainda não encontrei exatamente o estilo desejado. Ainda estou desenvolvendo esta idéia de técnica chamada de Eterização a partir de minhas bases.

Bacana! E para a Taverna do dia 12 de março, o que você pretende nos mostrar?

Desejo expor um pouco do que já produzi no passado e do que venho desenvolvendo a partir desse estudo. Não apresentarei nenhuma coleção de quadros, vou expor uma diversidade de temas e dentro disso mostrar a minha busca.

Para finalizar esse bate-papo, o que você deixa de mensagem? O que diria, por exemplo, aos artistas que ficam escondidos no anonimato?

Para buscarem se auto-afirmar e sem medo tentar expor os seus trabalhos. Porque a arte feita com amor é para dividir com todas as pessoas... deve ser vista, sentida, senão perderá o seu propósito.

Conheça mais obra e mais sobre o trabalho de Beatriz Peixoto:

http://www.beatrizpeixotoartes.blogspot.com/

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