segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma Noite na Taverna com a poesia de Orestes Barbosa

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No dia 08 de abril, na próxima sexta-feira, a partir das 19 horas, será a vez de um grande artista da literatura e da música brasileira ser homenageado: Orestes Barbosa. Orestes foi um poeta nato, com uma vida extrema e intensa.


Os Tavernistas Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Pakkatto renderão homenagens a este excelente poeta do samba, além de receberem no Uma Noite na Taverna as poetas convidadas Aline Matias (da cena poética de Itaboraí) extreando pela primeira vez no evento, e a jovem prodigiosa Bianca Lorena, que retorna à Taverna com sua poesia bem escrita e interpretada. O artista plástico Roberto Monteiro reserva uma bela exposição chamada "Memórias de Minhas Horas Putas e Tristes", sendo que também estreiará como poeta, onde seus poemas terão ligação com suas obras expostas. O evento contará ainda com a apresentação de dança de Basfet Nefer Zareen com a performance "Nefer, A Guardiã de Ísis".


O homem que caminhava no chão de estrelas


Orestes Barbosa nasceu no dia 07 de maio de 1893, na classe média, filho do major Caetano Lourenço da Silveira Barbosa e de Maria Angélica Bragança Dias Barbosa, por conta das agudas mudanças sociais e econômicas do século XIX, durante o período do governo Rodrigo Alves, Orestes tornou-se menino de rua. E foi nas ruas, nas calçadas, a observar manchetes de jornais que aprendeu a ler.


Das ruas, o menino se fez homem e tornou-se revisor em 1911, em O Mundo de Lopes Trovão. Em 1912 transferiu-se para o Diário de Notícias, jornal em que Rui Barbosa era mentor político, onde estreou como repórter. Por causa de seu primeiro artigo, intitulado As Palhaçadas do Gabinete, escrito em 2 de junho de 1912, foi impedido de entrar no Ministério da Guerra, no período do governo presidencial de Hermes da Fonseca.


Em 1914, Orestes Barbosa esteve n' A Gazeta de Notícias, na qual o presidente era João do Rio, que juntamente de Lima Barreto, foram as suas maiores influências. Para O Século, de Brício Filho, entrevistou naquele mesmo ano, Dilermando de Assis (o homem que matou Euclides da Cunha).


Em 1915, no mesmo vespertino, registrou a conversa de João Cândido, herói da Revolta da Chibata e traçou, ao cobrir a agitação das alunas da Escola Normal, o primeiro perfil biográfico de Cecília Meireles, que tinha apenas 13 anos. Projetou-se no jornal A Folha, periódico fundado por Medeiros de Albuquerque, em 1919, em oposição ao governo de Epitáfio Pessoa. Foi preso em 1921, duas vezes, devido a processos de injúria, e no período em que esteve preso, sua experiência o fez tornar-se o cronista dos encarcerados. Sendo este um de seus principais assuntos, rendendo-lhe o seu primeiro livro de prosa, chamado Na Prisão, de 1922.


No ano seguinte, publicou Ban-ban-ban!, livro que trata do mundo do crime e da malandragem. Nesta década de 1920, com estilo próprio de frases com parágrafos breves, pelas páginas de A Manhã e de A Notícia e Crítica, tornou-se o mais importante cronista da cidade do Rio de Janeiro.


Como poeta da canção, Orestes Barbosa estreou em 1927, no teatro, ao escrever duas letras para Ouro de Moscou, revista sua juntamente com o jornalista Martins Reys, com a música do maestro Francisco de Assis Pacheco, chamadas Coração de Carmim e Flor do Asfalto. Em 1930, Bangalô, uma cançoneta com melodia de Osvaldo Santiago, interpretada por Alvino, integrante do Bando de Tangarás, inaugurou sua na música ao ter sua canção gravada. Mas somente após a Revolução de 24 de Outubro, com o empastelamento dos dois jornais em que colaborava, Crítica e A Notícia, e o fechamento do Conselho Municipal, seu emprego público, teve que sobreviver encontrando definitivamente o seu caminho na música popular.


Na coluna Rádio, pelas páginas de A Hora, desde a fundação em 06/07/1933, promoveu intensa divulgação da música popular brasileira. Foi também jurado do 1º Concurso de Escolas de Samba na Praça Onze, em 1932. Entrevistou para a seção, além de Francisco Alves, Mário Reis, Noel Rosa, Cartola (líder da Estação Primeira de Mangueira) e Baiaco (da Estácio de Sá).


Ainda em 1933, já em Avante!, entrevistou Wilson Batista e outros importantes sambistas. O livro Samba - Sua História, seus Poetas, seus Músicos, seus Cantores, que inaugura, ao lado de Na Roda do Samba, de Francisco Guimarães, a historiografia do mais importante gênero musical brasileiro nasceu das campanhas jornalísticas em A Hora e tem como epígrafe uma frase atribuída ao grego Ésquilo, que diz: "Eu e o tempo contra todos".


Embora parceiro de muitos compositores, entre os quais Noel Rosa e Custódio Mesquita, em música criou suas melhores obras ao lado de Jota Tomás, Francisco Alves e Sílvio Caldas. Com o Jota Tomás, conheceu o seu primeiro sucesso com a música Flor do Asfalto; com Francisco Alves, entrou para o repertório seresteiro com Meu Companheiro, A Mulher que Ficou na Taça, Dona da Minha Vontade e Por Teu Amor. Sobre Chão de Estrelas, sua obra-prima incontestável, parceria com Sílvio Caldas, com quem ainda compôs Serenata, Arranha-céu e Suburbana, escreveu o poeta Manuel Bandeira:


"Se eu fizesse aqui um concurso, como fizeram na França, para apurar qual o verso mais bonito de nossa língua, talvez eu votasse naquele de Orestes em que ele diz: Tu pisavas os astros distraída..." (Orestes, Jornal do Brasil, 18 de janeiro de 1956).


Orestes Barbosa faleceu em 15 de agosto de 1966.



BIBLIOGRAFIA


- Penumbra Sagrada, Typografia Apollo, Rio, 1917;


- Água-Marinha, separata da Revista do brasil, São Paulo, 1921;


- Na Prisão, Typ. Jornal do Commércio, Rio, 1922;


- Ban-ban-ban!, Benjamim Costallat e Miccolis, Rio, 1923;


- Portugal de Perto!, Jacyntho Ribeiro dos Santos, Rio, 1923;


- A Fêmea, Jacuntho Ribeiro dos Santos, Rio, 1924;


- O Português no Brasil, edição do autor, Rio, 1925;


- O Pato Preto, Brasil Contemporâneo, Rio, 1927;


- O Fantasma Dourado, Calvino Filho, Rio, 1933;


- Silva Jardim - Sua Vida Idealista - Sua Morte na Cratera do Vulcão, em Avente 12-20/12/1933, p.2;


- Samba - Sua História, Seus Poetas, Seus Músicos e Seus Cantores, Livraria Educadora, Rio, 1933;


- Não Se Compra Entrada na História, em parceria com Pandiá Pires, I. Amorim, Rio, 1938;


- Chão de Estrelas, J. Onzon Editor, Rio, 1965.


Fonte: Wikipédia..

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