quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Esquete Teatral: Medéia, com Nicolle Longobardi e Cia Quarto de Teatro.

.
Nicolle Longobardi tem apenas 16 anos, porém está ligada à arte desde muito pequena. Começou precocemente na dança, com apenas 3 anos de idade, e há 2 anos faz parte da Oficina Teatral Corpo Expressivo e vem, desde então, realizando alguns trabalhos com a Cia Quarto de Teatro, que ministra a oficina no SESC São Gonçalo.
Com a Cia Quarto de Teatro, Nicolle já participou de diversos trabalhos, como as peças Metrópole (ensaio sobre a vida (in)visível), O Pior de Mim Mesma (baseada no livro Laços de Família, de Clarice Lispector) e a mais recente Chumbo Grosso (que teve única apresentação no teatro do SESC São Gonçalo, no dia 10 de setembro de 2010) onde interpretou Medéia.
A esquete Medéia, que a atriz e bailarina Nicolle Longobardi levará hoje à Taverna, junto com a Cia Quarto de Teatro, é uma adaptação especial para o próprio evento, retirada da peça Chumbo Grosso, que tratou da história dos grupos de teatro que atuaram na década de 60, como um pout-pourri das várias peças teatrais que subiram aos palcos naquela época, em que o Brasil era regido pela ditadura militar.

Na mitologia grega, Medéia era filha do rei Eetes, da Colóquia (actualmente, a Geórgia), sobrinha de Circe (aparecendo, ainda, como filha de Circe e Hermes ou como irmã de Circe e filha de Hécata) e que foi, por algum tempo, esposa de Jasão. É uma das personagens mais terrivelmente fascinantes desta mitologia, ao envolver sentimentos contraditórios e profundamente cruéis, que inspiraram muitos artistas ao longo da história - na escultura, pintura, teatro, cinema e ópera.

Os mitos e personagens que envolvem Medéia têm sido classificados por alguns autores como narrativas e elementos-chave respeitantes ao limiar cultural e civilizacional que separa, por um lado o mundo primitivo das culturas pelásgicas dos xamãs, das divindades ctónicas, dos matriarcados arcaicos e da Deusa-mãe e, por outro, os novos desafios e paradigmas abertos pela Idade do Bronze. O mito de Medéia insere-se no ciclo narrativo dos Argonautas que nos chegou até hoje, de forma mais completa, na obra Argonautica de Apolónio de Rodes (século IIIa.C.) que se baseou em material disperso, a que tinha acesso na famosa biblioteca de Alexandria.


No teatro o mito de Medéia teve sua incursão através de Eurípides, que compôs a tragédia grega homônima datada de 431 a.C.. O enredo de Medéia constitui um dos episódios finais de uma longa e complicada lenda, ou de um entrelaçamento de lendas da fértil mitologia grega.

No texto, foi apresentado o retrato psicológico de uma mulher carregada de amor e ódio a um só tempo. Medéia representa um novo tipo de personagem na tragédia grega, como esposa repudiada e estrangeira perseguida, ela se rebela contra o mundo que a rodeia, rejeitando conformismo tradicional. Tomada de fúria terrível, mata os filhos que teve com o marido, para vingar-se dele e automodificar-se. É vista como uma das figuras femininas mais impressionantes da dramaturgia universal.

Medéia de Eurípides, como narrado acima, vem contar o drama de uma mulher que deixou tudo para trás, sua pátria e família para seguir ao lado de um grande amor, até ser traída por ele. Jasão, líder dos Argonautas, parte para Cólquida em busca do Velocino de Ouro, missão que lhe é imposta para que consiga retomar o trono de Iolco. No caminho conhece e se apaixona por Medéia que, embora filha de rei, ela usa seus poderes de feiticeira para ajudar Jasão a vencer os obstáculos impostos por seu pai. Saem vitoriosos, porém Medéia é traída pelo marido que a abandona para se casar com a filha do rei Creonte.

Injustiçada e furiosa a feiticeira não poupa esforços para vingar-se de Jasão. Além de matar os filhos que teve com o marido, lança sobre ele terrível maldição…

Eurípedes é um dos trágicos mais conhecidos e estudados. Foi o responsável por levar para a tragédia dramas individuais e cotidianos, e por incorporar nos textos as mudanças que ocorriam no pensamento do homem grego, que buscava justificar suas ações e relativizar valores até então inquestionáveis.

Conforme já dito, a esquete intrepretada pela talentosa Nicolle e pela Cia Quarto de Teatro foi uma adaptação de todo o mito que cerca a figura dessa personagem para a peça Chumbo Grosso, e que agora ganhou uma nova roupagem exclusiva para o Uma Noite na Taverna. Nem precisamos dizer que será imperdível!


Fotos da peça Chumbo Grosso (trechos de Medéia): Arquivo Cia Quarto de Teatro.
.
.

Um comentário:

Projeto Alternativo disse...

Dos artista que vi aos 16 Nicolle é sem dúvida uma promessa para os palcos. Deixe-me retificar: Ela já é uma realidade. O que quero dizer é que a are ainda lhe será muito maior e oi talento também....

menina que veio ao mundo prematura mas de capacidades precoces...salve os mistérios da arte!!