sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O "Caos Organizado" de Davi Vianna

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Davi Vianna é músico e artista plástico. Um talento excêntrico e despojado que vem buscando a longas resfolegadas e mergulhos profundos no mundo da arte o seu espaço merecido no rol dos grandes artistas. No evento Uma Noite na Taverna do dia 12 de novembro o jovem multi-artista irá apresentar um pouco do seu trabalho lisérgico e visionário.
Caos Organizado é uma exposição de desenhos livres com canetas retroprojetoras pretas e lápis de cor aquareláveis sobre papel tipo A3 ou A4, sem um tema inicial ou específico. Os contornos se sobrepõem ganhando e perdendo forma conforme são produzidos. Depois de pronto o mosaico, como o próprio artista denomina, os espaços em branco são preenchidos com lápis de cor, aleatoriamente, sem uma técnica específica. O resultado se mostra mais no final, de acordo com o observador. As imagens se formam utilizando noções de profundidade e perspectiva. Como vemos a seguir:

O Sol



O Elefante



O Gato


O Mundo

Entre essas obras o artista pretende mostrar vários outros trabalhos no estilo que compõem a exposição como: “A Tesoura”, “A Torre”, “O Carro”, “O Mago”, “A Criação de Eva”, “A Maçã”, entre muitos outros.

A exposição Caos Organizado estará no Uma Noite na Taverna, no dia 12 de novembro, a partir das 19 horas, no SESC São Gonçalo, com ENTRADA FRANCA!

Conheça também o trabalho do artista como músico:

http://www.myspace.com/davivianna

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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Lançamento do livro de poesia Tudo Que Morre é Consumado, de Romulo Narducci.

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No dia 12 de novembro, a partir das 19 horas, no evento Uma Noite na Taverna, o poeta Romulo Narducci estará lançando o seu segundo livro de poesia.
O livro reúne uma antologia de poemas produzidos pelo poeta desde que começou a escrever aos 14 anos de idade, influenciado primeiramente pela obra As Flores do Mal, de Charles Baudelaire. Com o tempo o poeta recebeu influências de diversos artistas do mal do século e de nomes consagrados da contracultura que fizeram parte da Beat Generation. Com isso, o poeta desenvolveu sua poesia com o mimetismo dos estilos que o influenciaram, que vêm reunidas da forma mais crua nesse volume.

Sobre a obra em questão, falou o poeta, amigo e companheiro de artes de Romulo, o bardo Rodrigo Santos em calorosa manifestação na comunidade do orkut de Uma Noite na Taverna:

"Bom, não é novidade para os integrantes desta comunidade que no próximo dia 12 de novembro o poeta Romulo Narducci estará lançando segundo livro de poesias, "Tudo que morre é consumado", no evento "Uma Noite na Taverna" em homenagem à Florbela Espanca.

Pois bem... Ser amigo de gigantes nos traz certos privilégios, e um deles foi o de poder ter em mãos ANTES de todos a referida obra.

"Tudo que morre é consumado" é um marco na poesia brasileira, e digo isso sem o menor comprometimento de amizade. Bem diagramado, bem FEITO, e com as excelentes poesias do Mestre Romulo Narducci, expoente máximo da poesia gonçalense - e brasileira.

A poesia brasileira sofreu um golpe muito pesado com a Semana de Arte Moderna, quando se instituiu um badauê generalizado, atribuindo o conceito de "arte" a qualquer produção. Os benefícios de inclusão social e quebra de paradigmas não são suficientes para compensar a erosão do Sublime, da beleza, no fazer poético.

De lá para cá, vários poetas se destacaram, a ferro e fogo. Mas tirando esses mestres de brilho próprio, muita merda foi - e É- produzida e chamada levianamente de poesia.

Romulo Narducci é um artesão da palavra, um poeta no sentido clássico - mesmo sabendo usar as benesses da liberdade formal, liberdade sem libertinagem literária, e seus poemas refletem a angústia e a dor emparelhadas com a delícia e o hedonismo em ser humano.

"Tudo que morre é consumado" foi pensado para ser um grande livro, e o é. Finca de vez a bandeira tavernista no cenário literário nacional, e nela tremula a flâmula do poeta Romulo Narducci.

Orgulhoso de, além de ser seu amigo, ser seu contemporâneo, só posso aplaudir: EVOÉ, ROMULO NARDUCCI!"



O livro Tudo Que Morre é Consumado estará sendo vendido em seu lançamento no evento Uma Noite na Taverna, por apenas R$ 20,00.

Curiosidades e informações sobre a obra:

www.tudoquemorre.blogspot.com

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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Uma Noite na Taverna com a poesia de Florbela Espanca

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O evento Uma Noite na Taverna, no dia 12 de novembro, fará pela segunda vez (a primeira foi a terceira edição do evento) uma homenagem a uma belíssima poeta que desde sua época exerce influência e encantamento no meio artístico, e isso inclui o nome de vários artistas do movimento tavernista. A poeta portuguesa Florbela Espanca tem em sua obra uma poesia primorosa, com estilo inconfundível.
O evento, que já adiantamos, que esse não será o último do ano, visto que em dezembro teremos uma Taverna especial, está novamente em clima de festa. A edição passada, tivemos o lançamento do primeiro romance do poeta tavernista Rodrigo Santos, nessa edição será a hora e a vez do poeta Romulo Narducci, que está lançando o seu segundo livro de poesia Tudo Que Morre é Conmsumado, sendo vendido no local por R$ 20,00.
O evento terá a participação dos poetas tavernistas já veteranos Eduardo H Martins e Michelle de Oliveira, e dos estreantes no púlpito da Taverna, Nereis Ribeiro e Elaine Bastos.
A música ficará por conta de Leonard & Banda. João Leonard é integrante da banda de rock Anjo Torto e estará apresentando nessa Taverna uma prévia do seu trabalho solo que será lançado até o início de 2011. No local, ainda teremos a exposição de desenhos Caos Organizado, de Davi Vianna. O Uma Noite na Taverna acontecerá no dia 12 de novembro, no SESC São Gonçalo, a partir das 19 horas, com ENTRADA FRANCA.
A BELA FLOR DA ALMA

Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca, a poeta Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, em 8 de dezembro de 1894, batizada como Flor Bela de Alma da Conceição. O seu pai herdou a profissão de sapateiro, mas passou a trabalhar como antiquário, negociante de cadedais, desenhista, pintor, fotógrafo e cinematografista. João Maria Espanca foi um dos introdutores do “vitascópio de Edison” em Portugal.

João Maria Espanca era casado com Mariana do Carmo Toscano, que não pôde dar-lhe filhos. Porém, João Maria resolveu tê-los – Florbela e Apeles, três anos mais novo – com outra mulher, Antónia da Conceição Lobo, de condição muito humilde. Ambos os irmãos foram registados como filhos ilegítimos. Entretanto, João Maria Espanca criou-os na sua casa, e Mariana passou a ser madrinha de baptismo dos dois. João Maria nunca lhes recusou apoio paternal, mas reconheceu Florbela como a sua filha em cartório só dezoito anos depois da morte dela.

Florbela Espanca começou, em 1899, a frequentar a escola primária em Vila Viçosa, quando compôs os seus primeiros versos assinando como Flor d’Alma da Conceição. Seus primeiros poemas datam dos anos 1903/1904. Os poemas “A Vida e a Morte”, o soneto em redondilha maior em homenagem ao irmão Apeles, e um poema escrito por ocasião do aniversário do pai, são os registros dessa época. Em 1907, Florbela Espanca escreveu o seu primeiro conto chamado “Mamã!” No ano seguinte, faleceu a sua mãe, Antónia, com apenas vinte e nove anos de idade.

Florbela se matriculou no Liceu Masculino André de Gouveia, em Évora, onde permaneceu com os seus estudos até 1912. Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar o curso secundário. Com o advento da Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910, os Espanca mudaram-se para Lisboa. Florbela Espanca teve que interromper os estudos, mas aproveitou o tempo para leituras de escritores como Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro e Almeida Garrett.

Em 1913, Florbela casou-se em Évora com Alberto de Jesus Silva Moutinho, seu colega da escola. O casal morou primeiro em Redondo. Porém, em 1915, instalou-se na casa dos Espanca em Évora, por causa das dificuldades financeiras. Em 1916, de volta a Redondo, a poetisa reuniu uma selecção da sua produção poética desde 1915, inaugurando assim o projeto Trocando Olhares. A coletânea de oitenta e cinco poemas e três contos serviu-lhe mais tarde como ponto de partida para suas futuras publicações, na época, as primeiras tentativas de promover as suas poesias falharam.

No mesmo ano, Florbela começou a colaborar como jornalista em Modas & Bordados (suplemento de O Século de Lisboa), em Notícias de Évora e em A Voz Pública, também evorense. A poetisa regressou de novo a esta cidade, em 1917. Completou o 11º ano do Curso Complementar de Letras e matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Florbela Espanca foi uma das 14 mulheres entre os trezentos e quarenta e sete alunos inscritos.


Um ano mais tarde a escritora sofreu as consequências de um aborto involuntário, que lhe teria infectado os ovários e os pulmões. Mudou-se para Quelfes (Olhão), onde apresentou os primeiros sinais sérios de neurose. Em 1919 saiu finalmente a sua primeira obra, Livro de Mágoas, antologia de poemas. A tiragem (de duzentos exemplares) esgotou-se rapidamente. No mesmo ano, sendo ainda casada, Florbela passou a se envolver com António José Marques Guimarães, alferes de Artilharia da Guarda Republicana. Em meados do ano de 1920, abandonou os estudos na faculdade do Direito. No ano seguinte, divorciou-se de Moutinho para casar-se com o seu amante. O casal passou, então, a residir no Porto, mas, no ano seguinte, transferiu-se para Lisboa, onde Guimarães se tornou chefe de gabinete do Ministro do Exército.

Em 1922, a 1 de Agosto, a recém fundada Seara Nova publicou o seu soneto “Prince charmant...”, dedicado a Raul Proença. Em Janeiro de 1923, veio a lume a sua segunda coletânea de sonetos, Livro de Sóror Saudade, edição paga pelo pai da poetisa. Para sobreviver, Florbela começou a dar aulas particulares de português.

Em 1925, após mais um aborto, divorciou-se pela segunda vez. Ainda em 1925, a poeta casou-se com o médico Mário Pereira Lage, que conhecia desde 1921 e com quem mantinha um romance desde 1924. O casamento aconteceu em Matosinhos, no Distrito do Porto, onde o casal passou a morar a partir de 1926. Em 1927, a autora principiou a sua colaboração no jornal D. Nuno de Vila Viçosa, dirigido por José Emídio Amaro. Naquele tempo não encontrava editor para a coletânea Charneca em Flor. Preparava também um volume de contos, provavelmente, O Dominó Preto, publicado postumamente apenas em 1982. Começou a traduzir romances para as editoras Civilização e Figueirinhas do Porto.

No mesmo ano, Apeles, o irmão de Florbela, faleceu num trágico acidente de avião. A sua morte foi para a poeta realmente muito dolorosa. Em homenagem ao seu irmão, Florbela Espanca escreveu o conjunto de contos de As Máscaras do Destino, volume publicado postumamente em 1931. Entretanto, em meio a crise de doença mental, tentou o suicídio pela primeira vez, em 1928.

Em 1930, Florbela começou a escrever o seu Diário do Último Ano, pubicado só em 1981. No dia 18 de Junho principiou a correspondência com Guido Battelli, professor italiano, visitante na Universidade de Coimbra, responsável pela publicação de Carneca em Flor, em 1931. Na época, a poetisa colaborou também no Portugal Feminino de Lisboa, e na revista Civilização e no Primeiro de Janeiro, ambos do Porto.

Florbela tentou o suicídio por duas vezes mais, em Outubro e Novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poeta perdeu o resto da vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, em 8 de Dezembro de 1930. A causa da morte foi a sobredose de barbitúricos.

A poeta teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do avião pilotado por seu irmão Apeles na hora do acidente. O corpo dela jaz, desde 17 de maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal.

BIBLIOGRAFIA

POESIA

- 1919 - Livro de Mágoas. Lisboa: Tipografia Maurício
- 1923 - Livro de Sóror Saudade. Lisboa: Tipografia A Americana.
- 1931 - Charneca em Flor. Coimbra: Livraria Gonçalves.
- 1931 ______________ (com 28 sonetos inéditos). Coimbra: Livraria Gonçalves.
- 1931 - Juvenília: versos inéditos de Florbela Espanca. Estudo crítico de Guido Battelli. Coimbra: Livraria Gonçalves.
- 1934 - Sonetos Completos (Livro de Mágoas, Livro de Sóror Saudade, Charneca em Flor, Reliquiae). Coimbra: Livraria Gonçalves.

PROSA

- 1931 - As Máscaras do Destino. Porto: Editora Marânus.
- 1981 - Diário do Último Ano. Prefácio de Natália Correia. Lisboa: Livraria Bertrand.
- 1982 - O Dominó Preto. Prefácio de Y. K. Centeno. Lisboa: Livraria Bertrand.

COLETÂNEAS

- 1985/86 - Obras Completas de Florbela Espanca. 8 vols. Edição de Rui Guedes. Lisboa: Publicações Dom Quixote.
- 1994 - Trocando Olhares. Estudo introdutório, estabelecimento de textos e notas de Maria Lúcia Dal Farra. Lisboa: Imprensa Nacional/ Casa da Moeda.

EPISTOLOGRAFIA

- 1931 - Cartas de Florbela Espanca (A Dona Júlia Alves e a Guido Battelli). Coimbra: Livraria Gonçalves.
- 1949 - Cartas de Florbela Espanca. Prefácio de Azinhal Abelho e José Emídio Amaro. Lisboa: Edição dos Autores.

TRADUÇÕES

- 1926 - Ilha azul, de Georges Thiery. Figueirinhas do Porto.
____ O segredo do marido, de M. Maryan. Biblioteca das Famílias.
- 1927 - O segredo de Solange, de M. Maryan. Biblioteca das Famílias.
____ Dona Quichota, de Georges de Peyrebrune. Biblioteca do Lar.
____ O romance da felicidade, de Jean Rameau Biblioteca do Lar.
____ O castelo dos noivos, de Claude Saint-Jean
____ Dois noivados, de Champol. Biblioteca do Lar.
____ O canto do cuco, de Jean Thiery. Biblioteca do Lar.
- 1929 - Mademoiselle de la Ferté (romance da actualidade) de Pierre Benoit. Série Amarela.
- 1932 - Máxima (romance da actualidade, de A. Palácio Váldes. Coleção de Hoje.

ALGUMAS REEDIÇÕES

- ESPANCA, Florbela. Poemas de Florbela Espanca. Edição preparada pó Maria Lúcia Dal Farra. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
_______. Sonetos Completos. 7ª ed. Prefácio de José Régio. Coimbra: Livraria Gonçalves, 1946.
_______. As Máscaras do Destino. 4ª ed. Prefácio de Agustina Besa Luís. Amadora: Bertrand Editora, 1982.
_______. Contos Completos. 2ª ed. Venda Nova: Bertrand Editora, 1995.
_______. Obras Completas de Florbela Espanca, Lisboa: Publicaçőes D. Quixote, 1992.
_______. Obras Completas – Poesia (1903 - 1917). Coleção Obras Completas de Florbela Espanca. Vol. I. Lisboa: Publicações D.Quixote, 1985.
_______. Poesia Completa. Prefácio, organizaçăo e notas de Rui Guedes. Coleção Autores de Língua Portuguesa – Poesia. Venda Nova: Bertrand Editora,1994.
_______. Sonetos. Prefácio de José Régio. Lisboa: Bertrand Editora, 1982.

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Evento: Sarau no Teatro, mais um evento de artes na cidade!

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No próximo domingo, no dia 24 de outubro, a partir das 19 horas, no Teatro Carequinha, em São Gonçalo, vai acontecer o Sarau no Teatro! Sim, mais um evento de artes fortelecendo a nossa cena!
Um dos idealizadores do projeto: o professor, contador de história e ator André Correia é um batalhador mais do que competente pela propagação da arte e cultura de nosso município. O evento reunirá no Teatro Carequinha, que fica dentro da Escola Municipal Ernani Farias, diversas vertentes da arte, como apresentação de poesia, música, standup comedy, dança e teatro.
Com certeza, esse evento será mais um orgulho para o crescimento da arte no município de São Gonçalo! Não deixem de comparecer, pois o fortalecimento de todo esse movimento que vem surgindo, depente tão somente da presença de vocês: o público! Segue a programação:

CLIQUE NA IMAGEM PARA MELHOR VISUALIZAR A PROGRAMAÇÃO!

Evoé!
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Evento: Poetas tavernistas recitam no Corujão de Poesia, em Niterói.

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No dia 11 de outubro, na véspera do feriado, aconteceu no Bar Conversa Fiada, em frente a praia de São Francisco, em Niterói, mais uma edição do evento de poesia e música Corujão da Poesia. Os poetas tavernistas Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Eduardo H Martins foram prestigiar o evento que também surgido em São Gonçalo, é um dos mais conhecidos eventos de arte no Rio de Janeiro. Rodrigo e Romulo se inscreveram para subir ao palco e recitar suas poesias.
O evento foi idealizado pelo professor João Luis, acontecendo hoje em Niterói e no Leblon.

O poeta Rodrigo Santos foi o primeiro a se apresentar. Recitou abrindo com um belo poema de Ezra Pound chamado "Assim em Nínive", e apresentou mais dois poemas de sua autoria: Teocida e Falácias.

Após brindar o público com uma performance forte e concisa, Rodrigo Santos falou de seu romance recém-lançado, convidou a todos para conhecerem a Taverna e foi saudado com gritos de "evoé"por alguns dos presentes.

O poeta Romulo Narducci já foi um pouco mais objetivo, falou pouco sobre suas influências e sobre a Taverna.

Romulo Narducci recitou seus dois poemas autorais A Vida Dói e Senhores do Mundo. Com o segundo poema, não teve a simpatia de algumas pessoas que se encontravam presentes na platéia. Mas as demais aplaudiram bastante o poeta.

Foi sem dúvidas uma noite bem agradável, com muita gente bonita, apesar da cerveja a R$ 7,00... é, cerveja cara assim, parece até conversa fiada. No mais, João Luis e sua equipe estão de parabéns! Evoé, Corujão!

Fotos: Vitor Vogel.

http://www.sabiosabia.blogspot.com/

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domingo, 17 de outubro de 2010

Evento: Taverna em homenagem a Drummond com muita poesia, rebeldia e... magia!

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Antes de tudo, é para constar registrado nesse nosso sítio o momento histórico para o Uma Noite na Taverna: o lançamento do primeiro romance do poeta tavernista Rodrigo Santos! Sim, um marco para a literatura que nada contra a corrente de Potters, Luas Novas, Paulos Coelhos e tantos chicletes lançados pelas grandes e médias editoras, que simplesmante desprezam a literatura com "L" maiúsculo. Afinal, hoje o que é literatura para as majors? Mágoa, romance de Rodrigo Santos foi editado e publicado pelo próprio poeta, que de forma independente custeou a obra e lançou exclusivamente em sua própria casa: a Taverna! Universo umbigo à parte - já que falamos de um membro de nossa própria casa, e merecidamente - damos os parabéns por tão brava atitude! Evoé, Bardo!
Rodrigo Santos autografou o seu romance antes e durante o evento e no início falou ao público um pouco de sua obra, destacando as dificuldades de ser um escritor em um país de "não-leitores". No detalhe, recebendo o poeta Rômulo de Sousa para mais um livro autógrafado.

Os poetas tavernistas iniciaram as homenagens ao grandioso Carlos Drummond de Andrade, intercalando com gravações de poemas recitados na própria voz do homenageado.

Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Pakkatto recitaram das obras mais conhecidas do poeta até as mais obscuras, como a poesia erótica que Drummond produzia às escuras, por conta de sua timidez. O bardo Rodrigo foi o primeiro a abrir as homenagens.

Em seguida, Pakkatto falou do seu grande mestre recitando com devoção as poesias de Drummond.

O poeta Romulo Narducci encerrou as homenagens, recitou poemas conhecidos com Poema de Sete Faces e o obscuro A Puta .

A jovem poeta Lisa Stér Cöy retornou à Taverna e além de mostrar todo o seu talento com a poesia.


Lisa falou também de seu novo projeto, o site "Letra Exótica" (de arte e literatura erótica e terror) que edita.


A bela e jovem poeta Jéssica Hall, debutou com sua poesia maldita na Taverna.


Com suas influências do Mal do Século a jovem tavernista Jéssica Hall esbanjou rebeldia, sensualidade e polêmica com seus textos. Um começo já com muito estilo.


E não parou por aí, ainda estava por vir o elterizante Rodrigo Vieira. O poeta que produz textos geniais, teve o público em suas mãos, recitou vibrou e celebrou recebendo muitos com aplausos e evoés da platéia.


E não poedríamos deixar de lembrar que, segundo o poeta tavernista Vieira: "Mim não conjuga verbo!"


Encerrando com suas poesias autorais Romulo Narducci foi o primeiro tavernista a se apresentar. O poeta aproveitou a oportunidade e anunciou o lançamento de seu segundo livro de poesia na Taverna de novembro. O público aplaudiu a notícia.

Em seguida, o poeta Pakkatto entrou em ação com sua voz reverberante, finalizando o recital tavernista.

Um dos pontos culminantes dessa edição de Uma Noite na Taverna ainda estava por vir, mais uma vez através da manifestação do teatro. A montagem Medéia, pela Cia Quarto de Teatro com a atriz Nicolle Longobardi no papel principal, foi anunciada pelo ator e diretor do grupoe teatral Reynaldo Dutra.


O público da Taverna, foi pegado de surpresa com a entrada magnífica dos atores. Um clima denso já se estabelecia entre os presentes que eram encaminhados para uma sala onde a esquete iria acontecer. Um show de interpretação foi contemplado por todos os que assistiram à Medéia. A montagem foi adaptada especialmente para o evento, de um trecho da peça Chumbo Grosso apresentada pela Cia Quarto de Teatro no teatro do SESC São Gonçalo, em setembro.






Com o final da apresentação de Nicolle Longobardi e Cia Quarto de Teatro, mais uma edição do Uma Noite na Taverna se encerra com louvor. Aos presentes, a lembrança de um evento magnífico. Até a próxima! Evoé!

Fotos: Rico de Souza.

Agradecimentos: A todo o público, ao SESC São Gonçalo e Cia Quarto de Teatro.

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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Esquete Teatral: Medéia, com Nicolle Longobardi e Cia Quarto de Teatro.

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Nicolle Longobardi tem apenas 16 anos, porém está ligada à arte desde muito pequena. Começou precocemente na dança, com apenas 3 anos de idade, e há 2 anos faz parte da Oficina Teatral Corpo Expressivo e vem, desde então, realizando alguns trabalhos com a Cia Quarto de Teatro, que ministra a oficina no SESC São Gonçalo.
Com a Cia Quarto de Teatro, Nicolle já participou de diversos trabalhos, como as peças Metrópole (ensaio sobre a vida (in)visível), O Pior de Mim Mesma (baseada no livro Laços de Família, de Clarice Lispector) e a mais recente Chumbo Grosso (que teve única apresentação no teatro do SESC São Gonçalo, no dia 10 de setembro de 2010) onde interpretou Medéia.
A esquete Medéia, que a atriz e bailarina Nicolle Longobardi levará hoje à Taverna, junto com a Cia Quarto de Teatro, é uma adaptação especial para o próprio evento, retirada da peça Chumbo Grosso, que tratou da história dos grupos de teatro que atuaram na década de 60, como um pout-pourri das várias peças teatrais que subiram aos palcos naquela época, em que o Brasil era regido pela ditadura militar.

Na mitologia grega, Medéia era filha do rei Eetes, da Colóquia (actualmente, a Geórgia), sobrinha de Circe (aparecendo, ainda, como filha de Circe e Hermes ou como irmã de Circe e filha de Hécata) e que foi, por algum tempo, esposa de Jasão. É uma das personagens mais terrivelmente fascinantes desta mitologia, ao envolver sentimentos contraditórios e profundamente cruéis, que inspiraram muitos artistas ao longo da história - na escultura, pintura, teatro, cinema e ópera.

Os mitos e personagens que envolvem Medéia têm sido classificados por alguns autores como narrativas e elementos-chave respeitantes ao limiar cultural e civilizacional que separa, por um lado o mundo primitivo das culturas pelásgicas dos xamãs, das divindades ctónicas, dos matriarcados arcaicos e da Deusa-mãe e, por outro, os novos desafios e paradigmas abertos pela Idade do Bronze. O mito de Medéia insere-se no ciclo narrativo dos Argonautas que nos chegou até hoje, de forma mais completa, na obra Argonautica de Apolónio de Rodes (século IIIa.C.) que se baseou em material disperso, a que tinha acesso na famosa biblioteca de Alexandria.


No teatro o mito de Medéia teve sua incursão através de Eurípides, que compôs a tragédia grega homônima datada de 431 a.C.. O enredo de Medéia constitui um dos episódios finais de uma longa e complicada lenda, ou de um entrelaçamento de lendas da fértil mitologia grega.

No texto, foi apresentado o retrato psicológico de uma mulher carregada de amor e ódio a um só tempo. Medéia representa um novo tipo de personagem na tragédia grega, como esposa repudiada e estrangeira perseguida, ela se rebela contra o mundo que a rodeia, rejeitando conformismo tradicional. Tomada de fúria terrível, mata os filhos que teve com o marido, para vingar-se dele e automodificar-se. É vista como uma das figuras femininas mais impressionantes da dramaturgia universal.

Medéia de Eurípides, como narrado acima, vem contar o drama de uma mulher que deixou tudo para trás, sua pátria e família para seguir ao lado de um grande amor, até ser traída por ele. Jasão, líder dos Argonautas, parte para Cólquida em busca do Velocino de Ouro, missão que lhe é imposta para que consiga retomar o trono de Iolco. No caminho conhece e se apaixona por Medéia que, embora filha de rei, ela usa seus poderes de feiticeira para ajudar Jasão a vencer os obstáculos impostos por seu pai. Saem vitoriosos, porém Medéia é traída pelo marido que a abandona para se casar com a filha do rei Creonte.

Injustiçada e furiosa a feiticeira não poupa esforços para vingar-se de Jasão. Além de matar os filhos que teve com o marido, lança sobre ele terrível maldição…

Eurípedes é um dos trágicos mais conhecidos e estudados. Foi o responsável por levar para a tragédia dramas individuais e cotidianos, e por incorporar nos textos as mudanças que ocorriam no pensamento do homem grego, que buscava justificar suas ações e relativizar valores até então inquestionáveis.

Conforme já dito, a esquete intrepretada pela talentosa Nicolle e pela Cia Quarto de Teatro foi uma adaptação de todo o mito que cerca a figura dessa personagem para a peça Chumbo Grosso, e que agora ganhou uma nova roupagem exclusiva para o Uma Noite na Taverna. Nem precisamos dizer que será imperdível!


Fotos da peça Chumbo Grosso (trechos de Medéia): Arquivo Cia Quarto de Teatro.
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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Entrevista com Rodrigo Santos no Blog Território Gonçalense

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O lançamento do primeiro romance do poeta tavernista Rodrigo Santos repercutiu bastante. Tanto que o bardo foi chamado para uma entrevista para o conceituadíssimo blog Território Gonçalense. Entrevistado pelo competente jornalista Vagner Rosa, Rodrigo Santos falou de seu romance Mágoa - que lançará nessa próxima edição de Uma Noite na Taverna, no dia 08 de outubro -, dos projetos artísticos, parcerias e um pouco da política de nossa cidade.
Confiram a ítegra da entrevista:
Foto: Eduardo H Martins.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Rodrigo Vieira: Poesia Visceral!

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Se não nos falha a nossa memória boêmia, essa será a terceira - ou seria a segunda? - apresentação desse poeta que caiu como uma luva em nossos conceitos do que propomos como movimento tavernista. Rodrigo Vieira veio até nós como um anjo perdido na noite, numa madrugada no Mr. Jack, em São Gonçalo, e nos metralhou referências musicais, poéticas, artísticas, enfim, não demorou muito e o poeta - que também é músico, escritor, jornalista e que flerta de designer, entre tantos outros talentos - já estava recitando na Taverna suas poesias que poderíamos definir como viscerais. Sim, de escrita brilhante e deseperadora este poeta conduz através de sua literatura, que não é fácil de mastigar e engolir, a lugares onde você simplesmente teria uma catarse... ou para o seu bem... ou para o seu mal... Descubra no próximo Uma Noite na Taverna, dessa sexta-feira, 08 de outubro!
RODRIGO VIEIRA (E SUA LÍNGUA AFIADA)


"Sou Rodrigo Vieira Serra, escritor, poeta, músico, manipulador de imagens (não designer ainda, embora faça intervenções artísticas em desenhos meus que são manipulados em Photoshop), aspirante a fotógrafo (não sendo totalmente por falta de grana), quase fui “oficialmente” jornalista e hoje, tento levar a minha arte à frente, como um sonho, mas tendo uma das mãos no chão, na terra, fazendo ligação a não me perder pelos meus vários “eus”. Tenho atualmente trinta anos, faço parte de um grupo de resistência cultural (“Uma noite na Taverna”, na qual fui acolhido bem pelos seus patronos, Pakkatto, Romulo e Rodrigo), atualmente moro com minha mãe, tenho uma filha linda, Ana Luiza, e trabalho como terceirizado em um órgão público, mas como todo mortal brasileiro, tendo fazer cursos para ser funcionário público e alcançar os céus, que é uma de minhas metas, mas a principal é: Divulgar o meu trabalho artístico, seja musical, literária ou de imagens. Não tenho planos traçados obviamente para alcançá-los, mas faz parte do sucesso se manter algum segredo e mentalização sobre todas as coisas. Gosto de atividades que envolvam cultura e me mesclar nelas, como um expedicionário cultural, busco ouvir e sorver tudo, apesar de ter gostos mais específicos.
Não terminei a faculdade de Jornalismo - FACHA - parei no ultimo ano em que perdi a bolsa, e agora, é uma grande meta voltar aos meus estudos no foco de estruturar os meus sonhos. Mais ainda conservo boa leitura, sensibilidade, ânsia e busca por conhecimento.

ESCRITOR: Tento expurgar sentimentos e coisas essenciais que estão sendo perdidas, ou evidenciar de uma forma irônica e agressiva todo a falta de amor da sociedade comtenporânea e presença de barbárie, e tomei por escola e meta Tolstói, Hesse, Nietsche, Bukowski, Henry Miller, Kafka, Kerouac, Jack London, Ernest Hemingway,Kalil Gibhram,Caio Fernando Abreu, Sylvia Plath, Rubem Fonseca e entre outros. Mas o que mais me “faz” ser escritor são peculiarmente: Tolstoi, Hermann Hesse e Kafka. Tolstoi por ser um humanista ferrenho, Hesse por ser também um apaixonado pelo homem e pelos seus mistérios e por fim Kafka, que revelaria a verdadeira fôrma do ser humano contemporâneo, atormentado com a solidão e com a incapacidade de “ser”, entre os incomuns que andavam. Mas primordialmente, apaixonado por Hesse, por ser um refrigério a minha alma a sua leitura, por ter dito o que é ser um “homem” e por ser também “Um lobo da estepe”.

Atualmente, nutro um blog de crônicas – este http://aguaparaplantas.wordpress.com/, neste link tem mais dados biográficos – e tento finalizar meu livro de contos, intitulado “A confraria dos Machos”, uma sátira ácida ao que é ser homem, fora isso, escrevo sempre à amigos e a inimigos também. E contos espaçosos. É mais intímo escrever muitas vezes do que fazer um poema. Não omitir nada em prosa, tanto em verso eu sei, mas me solto muito mais escrevendo do que compondo uma poesia.

POETA: A poesia no colégio me fez descobrir e escapar: Me descobriu como ser humano e me fez escapar do bullying que sofria na escola, passando a ser visto como um intelectual, leitor e poeta, já que só fui realmente “sair” de casa para a noite com os meus dezoito anos. Passava os meus finais de semana, a maioria deles, lendo, e lendo de tudo. Minha primeira e oficial poesia foi feita tardiamente, embora já lia Drummond, Vinicius e Fernando Pessoa, pelos livros que eram emprestados a mim pelo meu tio Dalmir. Minha primeira poesia foi feita meio que “obrigatoriamente” aos quatorze anos como um trabalho de redação a valer ponto pra nota. Tinha vergonha de “ser” poeta, pois achava e acho que a poesia deve ser um estupro a alma –no sentido de se tirar algo de muito intimo que custa a sair - como um revelar agressivo, embora feito de uma forma metafórica e sublime como manda a minha poesia. A minha primeira poesia foi feita para minha Vó, (embora feita por obrigação, coloquei ali toda a singeleza que achava e relembro de minha Vó) . Mais tarde, a poesia foi posta, sem que eu soubesse em um sarau organizado pela escola (Colégio Nossa Senhora da Paz em São Gonçalo) e me fez ganhar o meu primeiro prêmio como escritor aos treze anos, dalí em diante, modestamente, estaria entre os primeiros lugares em poesia até acabar o segundo grau, sendo a minha ultima participação, sendo considerado como our concour , retirado da disputa e premiado como poeta reconhecido pela escola, e mais tarde, quando cursava jornalismo, iria fazer parte, por dois anos como parte do corpo de jurados dos poemas do sarau (acreditem, tinha muita gente boa lá...rs). Perdi alguns poemas junto com um velho HD, mas tenho muitos escritos, muitos deles não transcritos por achar que a minha poesia hoje me serve a insurgir como um questionador debochado, pois a falar que sofrem tem muitos e que amam também, embora volta e meia me recuse a escrever “Amor” quando quero dizê-lo. Amor se ouve em pagodes, em funks, em músicas feitas a mercados de massas. Já que a prostituiram, então, deixo apenas intuída em meus poemas e poesia, mas confesso que pouco mostro o meu trabalho poético . Mais tarde, declamei no Letras e Expressões, loja do Leblon, UFF, UERJ, Pequenos eventos no Humaitá - embriões do CEP 20.000 e na PUC. MAs onde eu mais gosto: no Uma Noite na Taverna.

Atualmente, tendo desenvolver uma prática poética chamada "Antropoética" na qual mesclo utensílios da MASS-MEDIA como protesto pela falta de acesso a cultura a camada mais pobre.



MÚSICO: (Abaixo, eu conto toda a minha influência músical, mas em um resumo bem resumido minhas influências pra compor são: Letras: (Em forma e em textura) Renato Russo e Cazuza, Harmônicamente: Syd Barret e João Gilberto. Busco por texturas sonoras que visão ser malecólicas e psicodélicas. Um esboço lounge pra a reflexão ou uma música que façam Crianças Dormirem, Adultos Pensarem, Românticos a Sofrerem e Sonhadores a Divagar.

Me descobri inicialmente ainda criança,bem criança mesmo, com uns seis ou cinco anos como músico graças a minha tia Conceição e ao meu tio Dalmir, que tinham um grupo de Seresta, Chorinho, músicas regionais, samba e pagode, que era a nata da MPB “antiga” (regionais mesmo, do tipo, Pena Branca e Xavantinho, Irmãs Galvão, Sérgio Reis a outros clássicos do samba, do forró e do samba canção como Jackson do Pandeiro,Ângela Maria, Altamir Carrilho, Lupcínio Rodrigues, Orlando Silva, Noite Ilustrada, Demônios da Garoa, Nelson Gonçalves, Noel Rosa, Cartola e etc). Mas embora, entretido com todos àqueles ritmos empolgantes e dançantes, previamente o referencial melancólico da música entraria dentro de mim com o referencial do samba canção e da seresta, nos dias de seresta eu não tocava, apenas apreciava um senhor que dominava o violão seresteiro como ninguém, o Seu Miguel, que tocava clássicos como “A rosa” de Pixinguinha e “Chão de Estrelas”, havia ali um referencial melancólico que eu traria como referência a tudo que eu penso em fazer como músico. Comecei batucando na caixinha de fósforo, depois tamborim, tambor e pandeiro. Passei a fazer parte do conjunto quando aprendi a dominar razoavelmente esses e alguns outros instrumentos percussivos, mas na seresta eu me calava, e várias vezes, ainda menino, ia chorar um pouco no cantinho ao sentir a solidão e a melancolia da seresta. Mas o rock já batia a minha porta quando o Kiss – minha primeira paixão rock band – veio para o Rock in Rio, que francamente, o visual chama atenção de qualquer garoto que tenha menos de dez anos. Na época, meu pai arrumava um conchavo com um funcionário de uma loja de discos e conseguia tudo gravado em K-7 por uma bagatela, o funcionário esperto pra ganhar um dinheiro por fora, pirateava tudo em cassete, já que o disco tinha que tocar o dia inteiro dentro da loja, ele, malandramente, botava uma fita virgem e enquanto o disco rolava e ele ia gravando várias coisas para o meu pai, além dos meus álbuns em K-7 do Kiss, dentre as coisas que também escutava em casa era: Santana – com o lisérgico “Abraxias” – João Bosco, John Lennon (– que tive outra experiência melancólica com “Imagine”, que até hoje é a música mais depressiva que ouvi em minha vida, a música me abalava – a ainda Johnny Rivers e Cartola também. Fora isso, quebrava todos os discos de “Balão Mágico” que ganhava, só não quebrava os da XuXa – não me perguntem o porquê, mas sou hetero. O violão viria depois, muito depois e Os Beatles também, uma paixão que tenho até hoje.

Mais tarde, graças aos vizinhos irmãos que tive, tive acesso a coisas que “bombavam” na década de oitenta: Simple Minds, Dire Straits, Eurithimics, The Cult, Queen, The Cure, The Smiths e entre outros, mas graças a Luciene, a irmã mais velha, aprendi a interpretar as metáforas das letras e a admirar a música como uma apreciação mais apurada, ela me apresentava um álbum recém lançado, que pra mim é um dos maiores clássicos do rock e da MPB: “Ideologia” do Cazuza.
A métrica contemporânea das composições de Cazuza me formaram como compositor, melhor, a base das minhas letras em músicas vem sempre um pouco remetida a ousadia e a falta de “dedos” ao se escrever uma letra para música, coisa que é plena no Cazuza, que não quer dizer que não falta em sofisticação e em poética. É uma peculiaridade em composição que ninguém tinha ou tem hoje em dia e que sempre busco.Não é novidade quando falo aos amigos que “Ideologia” é um grande álbum, mas embora muito mal produzido, pois a alma desse álbum é puramente blues, e em todas as faixas quando querem soar um pop, fora as que realmente tem arranjos bem intencionados. A música “Ideologia”, claramente Cazuza quis que fosse “Cities in Dust” do Siouxsie and the Banshees, mas o produtor não pegou bem isso. Bom, tenho culhão suficiente para afirmar isso porque ouvi esse álbum trocentas vezes – só não ouvi mais do que o “Nevermind” – Acho que tirando o Mayrton Bahia do Legião Urbana, só haviam produtores de bosta, pois não conseguiam pegar a década de oitenta como os músicos queriam colocar ou vice e versa. Bom, é uma opinião tão polêmica, que prefiro postar em uma outra ocasião quando falar sobre música.

Depois que meus pais se separaram, fui morar em Niterói em Icaraí. Eu vivi um vácuo musical incrível. Detestava aquele funk da década de oitenta, e até mesmo de hoje, mas então veio um outro bom disco apresentado por um amigo; “Apetite for Destruction”, álbum recém lançado do Guns que me fez “gostar”, mas o boom mesmo viria meses depois.



Via um canal novo na TV, uma tal de EMETEVÊ, que tinha uma apresentadora histérica chamada Astrid que ia apresentar a nova sensação do rock americano, “Smells Like Teen Spirit”. Eu pulei tanto no sofá que eu quebrei o forro. Estava fascinado por aquilo, nunca tinha escutado nada que me fizesse pular, ou desejar quebrar as coisas daquele jeito, daí então, eu travei uma luta para ter tudo o que se tinha que ter sobre essa banda. Quando escutei o Nevermind, foi uma experiência transcendental! Eu não conseguia não gostar de nenhuma música, eu amava tudo aquilo! E o final com Something in the way? Puts! Aquilo era melancólico porra! RS! Mas a grande merda foi esperar o Nevermind, porque com o lançamento do clip no Brasil, o disco ainda não tinha pra comprar, então eu perturbava um senhor de uma loja de discos perto de onde morava, ele não conseguia de jeito nenhum falar Nevermind, mas como as vogais eram mais abertas em NIRVANA, ele pelo menos consegui gravar o nome da banda, e me vendeu fresquinho assim que chegou, ligando pra minha casa, eu fui prontamente buscar. Já tinha até pago e tudo… Me apaixonei imediatamente pelo Kurt Cobain depois de conhecer a trajetória de sua vida. Kurt foi o meu grande idolo e é até hoje:

(Devorei a biografia, lí em três dias!)

Depois de ver o estrago que fez no Hollywood Rock, a simulação de masturbação na lente da maior emissora da américa do sul de telecomunicações eu fui ao delírio. Não fui ao show, mas pela televisão eu fui a loucura com aquele ato! Daí, passei também a me interessar pelo movimento punk. Depois disso me tornei grunge. Era muito zoado na escola por isso, em Niterói o bulliyng era feroz por causa do meu cabelo grande e do meu jeans rasgado, e quando fui pra São Gonçalo, ai é que me zoaram mesmo! Era um E.T. sofrendo espasmos com o bulliyng . Ninguém usava isso! São Gonçalo era uma roça mas eu cagava pra tudo aquilo, eu acreditava naquilo! (embora mais tarde descobrisse que não tinha ideologia nenhuma por trás, não havia nada, era apenas um estereótipoo de pessoas de Seattle) Passei a detestar roupas de marca e uma vez minha mãe chegou a jogar fora um casaco que tinha comprado em um brechó beneficente em uma igreja em Niterói, porque o xadrez não existia, era cafona, e com toda a segurança, eu poderia dizer que era um dos primeiros grunges de carteirinha da baixada. Comprei todos os discos – tenho todos os discos do Nirvana até hoje, vinil mesmo, até o acústico – tinha tudo em CDs, shows ao vivo que pegava com outros, tinha duas pastas com fotos, entrevistas… Passei a ouvir outras bandas de grunge também, como Mudhoney,Alice in Chains (apesar de ter uma pequena controvérsia entre os que são ainda fãs do estilo em não afirmar que não é grunge, o Dirty, album de estréia deles deixa claro que eles eram grunges, fora o documentário HYPE! que aparece eles bem contextualizados com todo o cenário) Pearl Jam, TAD, Screaming Trees, Soundgarden – Eu decidi a aprender a tocar violão para tocar “Black Hole Sun”, aliás, Superunknow é um dos maiores álbuns de Grunge, mas ninguém fala nele, isso me deixa até meio puto até hoje – E depois, como todo fã, eu fui saber as referências do Kurt, daí conheci Stooges,Mutantes – daí,depois de ficar surpreso com reconhecimento de uma banda nacional por um artista no auge, eu passei a escutar rock nacional e coisas clássicas da “nova” MPB como: Novos Baianos, Caetano, Gal, Gil, Betânia, Chico, Secos e Molhados, Jorge Bem e outros – Beatles, Pixies, REM, Black Sabbath, Velvet Underground, Sex Pistols, daí veio toda a corriola de setenta e sessenta… The Doors, Jimy Hendrix, Led Zeppelin, The Who, Bob Dylan, The Kinks (amo a Psicodelia!) e entre tantos outros… Bom, daí, deixei de ser um pouco grunge e passei a ser um admirador insaciável de rock n’ rol.

Bom do grunge, passei por vários estilos dentro do rock (eletrônico, psicodélico, mangue-bit, break beat, nu metal) conhecer o Radiohead foi uma revolução, mas a maior foi conhecer Portishead: Som eletrônico, psicodelia e melancolia juntos?! Que gozo! - banda que mudou muita coisa em mim, me fez ver que o que eu procurava era a antiga melancolia que havia dentro de mim, desde os tempos da seresta e foi uma paixão muito forte, foi a outra banda que tenho tudo – CDs, Vídeos, Shows em diversos lugares, fotos- E uma tatuagem no braço esquerdo, na altura do bíceps, imperceptível, mas fiz pra mim. Tanto que minha linha de composições é basicamente dentro da forma de downtempo e de Trip-Hop, na verdade, uma vertente diferente, tento fazer uma coisa que agora chamam de Lulaby, e passei a ser não um gótico de carteirinha, mas era freqüente me ver em baladas e em festas góticas. Amo som melancólico, mas ainda não consigo esquecer todo o referencial que tive com o grunge. Das minhas composições, em um post passado escrevi a resenha de “Descanso Nº2”, que é uma linha ambient de som que quero fazer que coloca um pouco do violão brasileiro – puxado em batidas descompassadas de bossa nova – com compassos hipnóticos de Trip-Hop, feitos de forma artesanal com violão – Por causa de outras paixões: Syd Barret. Primeiro vocal do Pink Floyd e pra mim expoente máximo e criador da Psicodelia e em referência ao primeiro da Bebel Gilberto, com aquelas produções do Arto Lindsay que pegou direitinho o que era aquele novo tipo de bossa. Fora outras referências como Cocteau Twins, Dead Can Dance, Joy Division, Depeche Mode e outros. Curto mais isso hoje em dia, ultimamente, tenho escutado- e muito – Madredeus: (Faluas do Tejo me faz chorar), The Sword – Freya é do caralho! –Siouxsie and The Banshees – Siouxsie, a “Maria Bonita” do gótico – e Anathema, que lançou um disco muito bom.

Com isso tudo, tive uma banda grunge de garagem e depois tentei fazer várias outras bandas, mas a que mais “deu certo” até hoje foi o Clã Treze, banda grunge na pegada do Alice In Chains, que um dia eu e o Thiago vamos desenterrar para tocar de graça em algum final de semana tedioso pra lembrar os velhos tempos e beber cerveja de graça, pois o que eu quero mesmo é vender minhas composições. Projetos para ter banda, tenho alguns, mas meus mesmo o que eu tenho está no Myspace. Toco guitarra, baixo e percussão, e meu amigo está me ensinando a mecher com pickups!

Como compositor, busco fazer uma fusão disso tudo (!!?) em uma linha melancólica, psicodélica – não disse as bandas que amei na psicodelia, mas gostei de todas e gosto de todas – e principalmente um equilíbrio entre o elétrico, o acústico em um compasso downtempo. Tenho um myspace com minhas composições, mas devo fazer um do água, sobre coisas que estou ouvindo e etc…

Ufa! É isso…"



Conheçam o trabalho do artista em seu blog:

http://aguaparaplantas.wordpress.com/

Imagens: Rodrigo Vieira.

Fotos: Arquivo.

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