"Meu nome é Juliana Bittencourt. Tenho treze anos e comecei a escrever aos oito anos de idade após ler um livro com poesias de Mário Quintana, que até hoje prevalece como minha inspiração artística. Tenho uma obsessão por livros, de todos os gêneros e uma mania de transformar minhas poesias em música, muitas vezes “brigando com meu violão”. Faço curso de teatro no SESC pois adoro encenar, levando em conta que como a poesia, a interpretação mostra pequenos detalhes, mesmo que sejam mínimos, sobre o que você pensa e respeita. Acredito que devido minha idade não recitei em muitos lugares, mas adquiri um pouco de experiência com alguns concursos escolares dos quais participei durante quatro anos, tendo o privilégio de receber em meu primeiro ano o prêmio de segundo melhor poema e melhor interprete do concurso. No segundo ano ganhei apenas como melhor interprete, no ano seguinte meu estilo poético mudou um pouco tendo como principal objetivo esclarecer críticas e provocar a conscientização de quem os lia, o que acredito que influenciou para que em meu terceiro ano de concurso eu recebesse os prêmios de melhor poema e melhor interprete. No quarto ano novamente fui premiada como melhor poema do concurso, mas acredito que não são troféus que fazem de mim uma poeta, aliás a poesia está muito além de premiações, para mim é uma forma de expressar meus pensamentos, e a vontade de mostrá-los que me motivou a recitar na Taverna. Desde já agradeço pela oportunidade que me concederam. Evoé!"
POESIA:
O Que Sou
Sinto um vazio em mim mesmaPerdida em um canto obscuro
Tenho medo da vida
Tenho medo do mundo
Me sinto uma estranha
Vasculhando a mesma resposta ridícula.
Tento gritar em protesto
Mas minha voz parece vencida
A noite se revolta contra minhas crenças
Grito suplicas sem saber o significado
Fantasmas me assombram trazendo lembranças
Esnobando de meu podre passado
Tantos olhos me discriminam
Por ser realmente que sou
Já não choro a batalha perdida
Não adianta, ela acabou
A as armas já não estão mais erguidas
O os navios não vão mais nos bombardear
Pois meu corpo já tão ferido
Desistiu sem ao menos lutar
Sou feita de retalhos do escuro da vida
E não conheço o livre arbítrio
Sou o que todos esperam
E um erro, para mim é um delírio
Tento rir da minha própria desgraça.
Fazer a loucura ser normal
Tento parar de escrever blasfêmias
Desligar um filme sem saber o final
As flores já estão murchando
E tudo que conheço se desfaz
Cale-te eu imploro...
Pois só quero viver em paz!
Conhecer o que de fato sou
E desculpe-me se não te espero
A vida é curta e nesse momento
Vou fazer o que acho que quero.
Homem de Lata
Numa noite serenaEncostado na sacada
úmida, fedida e molhada
Perdi o que chamava de vida
Ao encontro da morte corri
E ela, a mim esperava
Suspirava compassada e remota
Com sua foice erguida e apontada
Perguntou:
Tu és o homem de lata?
Humildemente respondi:
Não tenho alma, ou coração.
Pena ou piedade
Sou um andrógeno esquecido
O procura de sanidade
Morte, se assim quiseres
Assumo esta identidade
Homem de Lata serei
Para toda eternidade
O morte assustada com tal desespero, se calou.
Olhou-me de soslaio
E com pena de mim gargalhou...
E o que me dizes Homem de Lata
Veio me pedir um coração
Chame então Doroth, o espantalho
E se quiseres o Leão
Mas não sou como seu Deus, que prega a felicidade dos homens.
Pois da morte eu vivo, pois morte sou
Comovo-me mais com o pobre assassino
Do que a vítima que ele matou
Gargalhou fúnebre e plena
Naquela noite serena
Mas não me assustou, continuei seguro
E encarei a morte... Sim vi seus olhos
Vermelhos e tanto ódio
Dei um sorriso esnobe, que a fez estremecer
- Morte desgraçada! Não tenho medo de você!
Sei muito bem que não és Deus...
E se fosse, não lhe diria uma palavra
Não falo com me criou
Ou criou essa imunda raça
Raça, a qual temo pertencer
Mate-me eu imploro
Eu não quero mais viver
Um silencio fúnebre tomou conta da sacada
A morte sorriu
E naquele rosto podre
Pude ver a sombra de uma lágrima
Ser humano,
Humano Homem de Lata
Tu mereces a morte
E a morte te quer
Venha dormir comigo
Nobre Homem de Lata
Levar-te-ei sem cessar
Ao inferno do meu mundo
Onde esquecerá do que é vida
E dormirás em sono profundo
A morte sorriu e nada mais fez
Olhou para meu corpo imóvel a espera do fim
Esperando a cartada final, e o gosto da foice afiada
Eu sorria, e esperava a morte.
Eu...
O pobre Homem de Lata.
O Que Somos na Vida
Na vida somos todos fúteisCansáveis e volúveis
A qualquer finalidade
Na vida somos almas gêmeas
De Deuses e Diabos
Que nos fazem de escravos
De nossa própria fé
Somos todos putos
Que vendemos nossa podre paciência
Para simples insolências
Que me fazem acreditar
Que a humanidade está perdida
Viramos cobaias de nossa própria ciência
E é você que chama isso de vida
Somos um pedaço de nada
O nada que nos faz acreditar que somos tudo
E esse nada que nos engole
Me faz duvidar do mundo
Há anos não dou um sorriso sincero
Ou até mesmo um abraço
Eu que tanto critico a humanidade
Me acomodo neste descaso
Sou tão podre quanto o Baía de Guanabara
Poluída com meus pensamentos
Esqueci como se faz pra viver
E sobrevivo encenando momentos
Mas não ligue para o que eu digo
Beba para esquecer do mundo
Aliais beba um pouco de tudo
Se drogue ou tome veneno
Pouco me importo
É você que está vivendo.
***
.
Um comentário:
Conheci juliana em uma Oficina de Contação de História que ministrei no curso de teatro do SESC. Ela não pode participar do exercício de memória ofativa por ser alérgica a vários odores. Também não pode correr até o final de outra aula pois dizia ela que não tinha fôlego. Eu pensei logo: êta ferro de menina móle sô....então da segunda vez que vi a Ju...ela tava com o microfone na mão no cento da TAVERNA. Imponente como uma pequena gigante. Depois ela começou a recitar suas poeisa. foi aí que meu queixo começou a se abrir levemente e quando percebi estava de olhos arregalados e de boca aberta com suas tensas frases de LATA...Caramba...Depois eu descobri que ela tem um livro escrito e que eu sou um bobão por fazer mal juízo da menina...Salve a nova geração!! Salve Mario Quintana!!!
Postar um comentário