quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Poesia de Michelle de Oliveira

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Michelle de Oliveira há muito faz parte do meio tavernista. Podemos dizer que a nossa ninfa poeta tavernista começou desde as edições de 2006, quando o evento acontecia nos extintos Jardins da FASG (Fundação de Artes de São Gonçalo) como espectadora, e após ser convidada pela primeira vez para recitar na Taverna, demonstrou talento e graça, passando a fazer parte do time de poetas tavernistas que levantam alto a bandeira do evento-movimento.

Michelle, além de poeta, é professora de português, espanhol (formada pela UERJ), dançarina e uma linda pessoa em graciosidade e simpatia. Já tendo se dedicado a várias outras vertentes da arte, hoje a poesia e a dança estão entalhadas em sua alma, é como o próprio ar que ela respira. Mas ninguém melhor do que ela mesma para falar de seu trabalho que mais uma vez estará sendo apresentado no evento Uma Noite na Taverna, no próximo dia 12 de novembro.

MICHELLE DE OLIVEIRA POR ELA MESMA


Recitando na Taverna de janeiro de 2010.

"Tive a iniciativa de escrever o meu primeiro poema aos 10 anos, quando houve um concurso de poesias na escola em que estudava. Fui classificada em 3º lugar. A partir daí, passei a escrever poesias. Como gostava de escrever e também das atividades relacionadas ao magistério, resolvi fazer a faculdade de Letras, o que me incentivou à leitura de escritores das literaturas brasileira e portuguesa, influenciando bastante na minha forma de escrever, principalmente após o contato com as obras de Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos e Cecília Meireles.

Quanto ao primeiro poeta citado, a influência deste se observa tanto na linguagem romântica, característica de algumas de minhas poesias, quanto na imagem da mulher, retratada algumas vezes como anjo e em outras com sensualidade. Em relação à Augusto dos Anjos, resgato de sua poesia o tédio e angústia da vida, presente em algumas de minhas poesias. Já em Cecília Meireles, recupera-se da poeta a musicalidade e as imagens sensoriais, assim como a leveza da linguagem. Assim, minha poesia se compõe de diferentes estilos, que variam de acordo com o tema selecionado.

Tive contato, ainda, com outros tipos de atividades artísticas, como a dança (dança de salão e do ventre) e já me apresentei com dança espanhola (flamenca) no curso de idiomas no qual leciono. Também já fiz um curso de desenho e pintura e pintei alguns quadros a óleo. Após, fiz curso de teatro, pois desejava além de ser professora, ser atriz. Cheguei a fazer apresentações em escolas com uma peça sobre um tema educativo quando era adolescente. Além disso, já me dediquei à música, ao estudo de partituras (música clássica e popular). Porém, dessas atividades artísticas, as que me dedico atualmente são a dança e a poesia."

POESIA

Na Taverna de janeiro de 2007.

Ínfimo sentimento

Na obscuridade de um sentimento
Vi uma violenta chama refletir em seus olhos
Por um momento

Astuciosa foi sua inesperada partida
Amigo da insensibilidade
É o que foste na vida

Numa paixão febril e delirante
Me envolveste nessa ilusão
Com seu jeito ardil e provocante

Antes, era como uma flor
Embevecida em um charco
Pois foste tormento e dor
Agora, que não sinto desespero
Nem contentamento
Despertas em mim
O mais ínfimo sentimento

Cálido desejo

O sangue verte das suas veias
Derramando um cálido desejo
E eu me aqueço na volúpia insana
Dos seus beijos

O seu corpo em chamas
Me deseja ardentemente
E eu ouço no silêncio
O seu sussurro clemente

Na sua pele, a lascívia
E o vigor
No meu coração, o ritmo fremente
Do descompasso do amor
Nossos corpos em vibração
Intensificando a lúbrica emoção

Do seu ser sinto
O ímpeto desejo que inebria
Ao unirem-se corpos e almas
Em perfeita sintonia

Gélido coração

O frio desta noite gélida
Invade a minha alma
Percorre as minhas veias
E como bisturi rasgando a carne
Perfura profundamente o coração

Esse amor, como um vampiro,
Sugou a minha essência
Bebendo a última gota
Do meu sangue
O espelho reflete apenas
A tristeza da minha face

Pois meus olhos estão fundos,
A minha boca, amarga
Desce pela garganta
O fel da minha boca,
Queimando a laringe
E desintegrando, como veneno,
Cada parte do meu corpo

Agora, de mim resta apenas
Os meus olhos fundos,
A minha boca amarga,
Um rosto triste
E um corpo sem alma

E para que ainda sinta a ludibriosa
Sensação de estar viva
Resta-me ainda um gélido coração
Tremendo de frio e solidão

***

2 comentários:

Carlos Orfeu disse...

profunda beleza,de elevado sublime
ao contemplar,perfume em palavras
sinto-me consolado ao vislumbrar
belos poemas.

michelle disse...

Obrigada.