terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma Noite na Taverna com a poesia de Cora Coralina

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E o Uma Noite na Taverna avança na semana em que muita coisa vem acontecendo para os tavernistas. Ontem o grupo participou da reinauguração da Biblioteca Municipal de Niterói, na sexta-feira, dia 08/07, será a vez de mais uma edição do evento.

Os poetas Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Pakkatto irão homenagear a belíssima poeta Cora Coralina, artista de origem simples e versos emocionantes.

O evento contará ainda com a presença das poetas Hannar Lorien e Larissa Mitrof, que já estiveram outras vezes recitando seus poemas autorais na Taverna. A música ficará por conta do Projeto Pino Solto, banda que funde Hip Hop e Rock numa cadência matadora com letras políticas e sociais.

De volta ao Uma Noite na Taverna teremos ainda o grande artista e militante da arte de São Gonçalo, Reinaldo Baso, acompanhado pelo músico e compositor Leon da Costa, para apresentar um trecho do seu espetáculo "Das Desilusões do Amor". A artes plásticas ficarão por conta de Jô Freitas.

DOCEIRA, POETA E TRANSCEDENTAL




Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu em Vila Boa de Goiás, 20 de agosto de 1889 — faleceu em Goiânia, 10 de abril de 1985, foi uma poetisa brasileira.

Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu e foi criada às margens do rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do século XVIII, sendo uma das primeiras construções da antiga Vila Boa de Goiás.



Começou a escrever os seus primeiros textos aos catorze anos de idade, publicando-os nos jornais locais apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Publicou nessa fase o seu primeiro conto, Tragédia na Roça.


Casou-se em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, para o interior de São Paulo. Nesse Estado passou quarenta e cinco anos, vivendo inicialmente no interior, nas cidades de Avaré e Jaboticabal, e depois na capital, onde chegou em 1924. Ao chegar à capital, teve que permanecer, algumas semanas, trancada num hotel em frente à Estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 pararam a cidade. Em 1930 presenciou Getúlio Vargas chegando à esquina da Rua Direita com a Praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução Constitucionalista de 1932.


Com a morte do marido, Cora ficou ainda com três filhos para acabar de criar. Sem se deixar abater, vendeu livros em São Paulo, mudou-se para Penápolis, no interior do Estado, onde passou a vender lingüiça caseira e banha de porco que ela mesma preparava. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás.


Ao completar cinqüenta anos de idade, a poetisa sofreu uma profunda transformação em seu interior, que definiria mais tarde como a perda do medo. Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás.


Durante esses anos, Cora não deixou de escrever, produzindo poemas ligados à sua história, à ligação com a cidade em que nascera e ao ambiente em que fora criada.


Os elementos folclóricos que faziam parte do cotidiano de Ana, serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse a dona de uma voz inigualável e, sua poesia atingisse um nível de qualidade literária, jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do Centro-Oeste brasileiro.


Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e, seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo, no qual estava inserida, e, ainda, compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto, na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela, a descoberta de como a simplicidade pode ser, o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.


Foi ao ter sua poesia conhecida por Carlos Drummond de Andrade que Ana, já conhecida pelo pseudônimo de Cora Coralina, passou a ser admirada por todo o Brasil.


Seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965, quando a poetisa já contabilizava 75 anos. Reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX.


Onze anos mais tarde, em 1976, compôs Meu Livro de Cordel. Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed. Global).


Cora Coralina foi eleita intelectual do ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores em 1983. Dois anos mais tarde, veio a falecer.




BIBLIOGRAFIA



- Estórias da casa velha da ponte
- Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais
- Meninos verdes (Infantil)
- Meu livro de cordel
- O tesouro da casa velha
- A moeda de ouro que o pato engoliu (Infantil)
- Vintém de cobre
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Os Tavernistas e o Café Paris - Reinauguração da Biblioteca Municipal de Niterói

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Dia 05/07/2011, foi reinaugurada a Biblioteca Municipal de Niterói. O prédio ganhou novas disposições, livros novos, tecnologia de ponta, um local digno para que todos nós possamos frequentar e expadir nossos conhecimentos. Sim, um local onde podemos chamar de casa e fugir da correria do dia-a-dia, mergulhando no mundo da literatura. E tamanha honra tivemos de estarmos participando desse marco.



Quando no último Uma Noite na Taverna recebemos o convite do editor Erthal, da editora niteroiense Nitpress, de fazermos uma performance poética representando o Café Paris (roda de leitura de Niterói da década de 20), não pensamos duas vezes e aceitamos o desafio.


O texto consistia em fazermos uma rápida representação, com poesia e uma narrativa do nosso amigo Erthal, sobre o que era o Café Paris: roda de intelectuais e boêmios da cidade de Niterói, com a direção artística de Guti Fraga (do Nós do Morro), que se mostrou generoso e paciente com a trupe tavernista.

Os tavernistas Rodrigo Santos, Pakkatto, Janaína da Cunha e Romulo Narducci, caracterizados como membros do Café Paris.


A imprensa e representantes políticos como o prefeito de Niterói Jorge Roberto Silveira e vários secretários do governos municipal e estadual, estavam presentes. Alguns professores da rede municipal de Niterói também levaram seus alunos. Toda solenidade começou com a apresentação da performance poética Café Paris, com os poetas tavernistas.



Guti Fraga foi o mestre de cerimônias e deu as boas vindas a todos os presentes.






Os tavernistas ao lado de Erthal contaram uma breve história do que fora o importante movimento da roda de leitura Café Paris, de Niterói.

"Niterói, anos 10, 20 e 30 do século passado. No número 417 da rua Visconde do Rio Branco, em frente às barcas, funcionava o Café Paris, ponto de encontro de uma das mais importantes rodas literárias do Estado do Rio de janeiro. Das mesas do bar surgiam versos escritos em papéis de cigarros ou folhas arrancadas de cadernos. Eram sonetos satíricos, trovas irreverentes, poesias que, em geral, caracterizavam os personagens daquele tempo romântico. (...)"



"O grupo realizava rituais de iniciação nas praças e praias da cidade e, não contentes apenas em desenhar a caricatura em versos de anônimos e personagens da sociedade fluminense, viviam traçando os perfis um dos outros..."







"Se Deodoro soubesses que existias
nessa figura intensa de burguês,
certo te avassalava as dinastias
e não serias um Brasil dos reis.
(...)
E nunca mais nas mesas do Paris
num verso, enfim, de colaboração,
poderias meter o teu nariz.
E então, Brasil dos Reis ou das Rainhas
de rei tu descerias a barão
e a tua musa andava de gatinhas..."
(Lili Leitão)





"Quando o Café Paris fechava as portas, por volta de uma hora da manhã, os poetas saíam em procissão boêmia em direção ao restaurante Lido, em São Francisco, que ficava aberto até mais tarde. Era o chamado "cenáculo ambulante", que se tornaria mais tarde no Cenáculo Fluminense de História e Letras. Olavo Bastos, um dos bambas do Café Paris, iria fundar, com outros companheiros, a Academia Fluminense de Letras."





"E os boêmios de almas quase que infantis,
vão debandando na alta madrugada...
E dorme nas sombras o Café Paris."
(Benjamim Costa)


Agradecimentos: Erthal e Márcia (Nitpress), Glória (Bibioteca Municipal de Niterói), Nicolau e Guti Fraga ( http://www.nosdomorro.com.br/ )
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