quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Uma Noite na Taverna com a poesia de Allen Ginsberg

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Desde o Uma Noite na Taverna de fevereiro de 2006, no extinto Jardim da FASG, quando o nosso evento celebrou a poesia da Beat Generation, não houve sequer uma homenagem direcionada a quaisquer um dos membros desse movimento tão fascinante e polêmico que foi o estandarte que abriu o caminho a ferro e fogo para a Contracultura dos anos 60.

Homenagear o poeta norte-americano
Allen Ginsberg é um deleite à parte. Junto com os contemporâneos beatniks Jack Kerouac e William Burroughs, Ginsberg com sua obra Uivos (escrita para o amigo Carl Solomon, que conhecera no hospício onde ambos estiveram internados), estabeleceu paradgimas, rompeu com preceitos sociais conservadores e fundamentou a liberdade de expressão, de sexualidade e comportamental num padrão que chocou a sociedade americana dos anos 50.

Dessa forma a primeira
Taverna do ano de 2011 (já que não houve uma comemoração dos 7 anos em janeiro), abre com chaves de ouro homenageando aquele que fora considerado um dos mais importantes poetas da cultura americana ao lado de Walt Whitman.

O evento conta com a poesia dos tavernistas residentes
Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Pakkatto, com a poeta convidada Bruna Jardim (que começou cedo na primeira temporada da Taverna e volta com sua graça, beleza e veneno para o deleite do público), o estreante em poesia Dino Sérgio (que já esteve apresentado-se com o extinto grupo litero-musical Pensamento Livre), o poeta e contista Carlos Henrique dos Santos (que também retorna com seus contos afiados de ironia e doce perversão), o artista plástico e poeta Welington de Sousa (que irá fazer uma intervenção de artes plásticas), a esquete teatral Desalmadas, com as atrizes Cíntia Maria Ricardo e Carla Lizaraso do Projeto Útero, e a esposição de artes plásticas do veterano Moisés Oliveira.

O
Uma Noite na Taverna será realizado no dia 11/02/2011, a partir das 19 horas, no SESC São Gonçalo com ENTRADA FRANCA!

ALLEN GINSBERG e o UIVO de uma GERAÇÃO

Os EUA e toda a geração dos anos 50 viviam a crise do pós-guerra e a iminência de outros conflitos devido à Guerra Fria. A sociedade estava mergulhada nos conceitos de conservadorismo, havia o racismo, a homofobia, e a hipocrisia da família perfeita e do American Way of Life que eram o bastião daquela época.

Movidos a Jazz e literatura libertária, um grupo de jovens liderados por nomes que hoje reverberam nos haustos da literatura mundial, como Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William Burroughs, Gregory Corso, Lawrence Ferlinghettti, Gary Snyder, entre outros, surgia um movimento denominado de Beat Generation ou, simplesmente, Beatnik. Os beatniks promoveram com sua literatura uma mudança em todo esse cenário, quebrando com dogmas pré-estabelecidos e a partir daí dando o pontapé incicial num movimento ainda maior: a Contracultura! Mas isso é uma outra história!

Allen Ginsberg, Jack Kerouac e Gregory Coroso, Greenwich Village, 1957.

Irwin Allen Ginsberg (Newark, New Jersey, 3 de junho de 1926 – 5 de abril de 1997) foi uma criança complicada e tímida, dominada pelos estranhos e assustadores episódios de sua mãe, uma mulher completamente paranóica, que acreditava que o mundo conspirava contra ela. Ao mesmo tempo, Allen teve que lutar para compreender o que estava acontecendo dentro dele, já que era consumido pela luxúria de outros meninos de sua idade.

Na escola secundária, descobriu a poesia, mas logo ao ingressar na Universidade de Columbia fez amizade com um grupo de jovens considerados delinquentes, filósofos de almas (entre eles Jack Kerouac), obcecados igualmente pelo experimentalismo das drogas, do sexo e principalmente a literatura. Ao mesmo tempo em que ajudava os amigos a desenvolverem os seus talentos literários, Allen perdia de vez a sua ingenuidade, experimentando drogas, freqüentando bares gays em Greenwich Village e vivendo seus affairs homossexuais.

Assumindo um estilo de vida bizarro, como se procurasse em si mesmo a face da loucura de sua mãe,
Ginsberg acabou em tratamento psiquiátrico. Aos 29 anos, ele já tinha escrito muita poesia, mas quase nada publicado. Ele ganhou popularidade a partir de 1955, com o seu poema Howl (considerado por muitos, obsceno e pornográfico, assim como o seu autor...). Howl (Uivo) foi o livro de poesia mais vendido da história dos EUA, tendo vendido mais de 1 milhão de exemplares em pouco tempo, e foi seguido por vários outros poemas importantes, como Kaddish, onde ele faz uma espécie de auto-exorcismo, escrevendo sobre a loucura e morte de sua mãe. Por esse período, Ginsberg viaja o mundo, descobre o budismo e se apaixona por Peter Orlovsky, que seria seu companheiro por 30 anos, embora sua relação não fosse monógama.

No início dos anos 60, enquanto sua celebridade crescia, ele se lança na cena hippie, ajuda Timothy Leary a divulgar o psicodélico LSD e participa de uma lista incrivelmente grande de eventos, como o Human Be-In, em 1967, em San Francisco, onde ele é um dos que conduzem a multidão cantando o mantra OM. Ginsberg é também figura-chave nos protestos contra a Gerra do Vietnã na Convenção do Partido Democrático de Chicago, em 1968. Após conhecer o guru tibetano Rinpoche, Ginsberg aceita-o como seu guru pessoal. Depois, juntamente com a poeta Anne Waldman, cria uma escola de poesia. Sempre participando de eventos multiculturais, Ginsberg manteve sua agenda social ativa até a sua morte, em 5 de abril de 1997, em Nova Iorque.

Ginsberg tinha muitos fãs, entre eles Jim Morrison, do grupo The Doors. Morrison era tão viciado nas poesias e obras dele que dizia escrever suas músicas após ter lido algum de seus poemas. Sabe-se que Ginsberg e a banda The Clash eram fãs recíprocos. O poeta fez uma participação especial na música Ghetto Defendant, cantando ao lado de Joe Strummer trechos de um de seus poemas. Ian Astbury, lider da banda The Cult e amigo pessoal dos músicos dos The Clash, que recitava Howl (Uivo) no início dos shows, é um grande propagador da obra de Ginsberg, ao qual dedicou a música Bodihsatwa, do seu álbum solo Cream, que fala sobre zen-budismo e poetas Beat. Outra grande influência de Allen Ginsberg no Rock foi o contado artístico do poeta que gerou também uma amizade com o músico Bob Dylan, nos anos 60.

Ginsberg em protesto conta a Guerra do Vietnã

Com Gregory Corso e Bob Dylan.


Bibliografia (em original inglês)

Howl and Other Poems (1956)
Howl & Other Poems
50th Anniversary Edition (2006)
Kaddish and Other Poems
(1961)
Empty Mirror: Early Poems
(1961)
Reality Sandwiches
(1963)
The Yage Letters
(1963) – com William S. Burroughs
Planet News
(1971)
First Blues: Rags, Ballads & Harmonium Songs 1971 - 1974
(1975)
The Gates of Wrath: Rhymed Poems 1948–1951
(1972)
The Fall of America: Poems of These States
(1973)
Iron Horse
(1972)
Mind Breaths
(1978)
Plutonian Ode: Poems 1977–1980
(1981)
Collected Poems 1947–1980
(1984) Republicado com material posteriormente adicionado como Collected Poems 1947-1997, New York, Harper Collins, 2006
White Shroud Poems: 1980–1985
(1986)
Cosmopolitan Greetings Poems: 1986–1993
(1994)
Howl Annotated
(1995)
Illuminated Poems
(1996)
Selected Poems: 1947–1995
(1996)
Death and Fame: Poems 1993–1997
(1999)
Deliberate Prose 1952–1995
(2000)
The Book of Martyrdom and Artifice: First Journals and Poems 1937-1952
(Da Capo Press, 2006)
The Letters of Allen Ginsberg
(Philadelphia, Da Capo Press, 2008)
The Selected Letters of Allen Ginsberg and Gary Snyder
(Counterpoint, 2009)

Fonte: Wikipédia.
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