terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O UIVO que prenunciou A QUEDA DA AMÉRICA

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Por Romulo Narducci

Irwing Allen Ginsberg, homossexual, judeu, outsider, experimentalista, movido a Jazz, Blues e Rock and Roll, foi sem dúvidas um nome importante para a Contracultura. Cercado das tantas místicas (ou não) erguidas pelo movimento Beatnik, Ginsberg foi um dos artistas mais militantes daquela época, fazendo eclodir com sua poesia uma geração que estava com um grito de liberdade na garganta, ou seria um uivo? E o que incomodava essa geração de tão anormal numa sociedade para precisar se libertar? Sim, o conservadorismo da sociedade americana do início do século XX, carregado de pseudos-pudicos que ao mesmo tempo que pregava o inferno aos pecadores, esmurravam e humilhavam negros, latinos, gays e todas as minorias que em sua concepção fundamentalista cristã pregada na época do pós-guerra era uma ameaça ao status e equilíbrio do American Way of Life.

Allen Ginsberg fez de sua arte uma ferramenta para ser um ativista nato das causas libertárias. Combateu, conforme dito, o preconceito sexual e racial, a barbárie da guerra, a repressão, a destruição do meio ambiente e sobretudo a liberdade de expressão. Seus poemas eram embebidos de influências de William Blake, Walt Whitman, Maiakóvski, Arthur Rimbaud, Apolinaire, entre outros poetas que foram imprescindíveis para a base fundamental de sua geração artística; era a poesia que inovou no plano formal, mas que tinha o veneno (no bom sentido) da expressão libertária e existencial. Particularmente Ginsberg escrevia poemas que variavam entre poemas longos, metrificados, sonetos, baladas, canções de Blues, poemas de manifesto, entre muitos outros textos.

O seu livro Uivo e Outros Poemas, em 1956, foi processado por ser uma literatura obscena, mas ao contrário do que pensavam as autoridades, o fato repercutiu com a explosão da fama imediata de Ginsberg. O livro, que traz o poema homônimo escrito para Carl Solomon quando o conheceu no hospício, onde ficou internado por oito meses, após uma confusão envolvendo um amigo, é um marco da literatura ocidental. A sua poesia livre, forte, que muitas vezes usa de figuras de linguagem, ora surrealistas, ora realistas de forma descritivas, porém sempre visando atingir o meio com o espelho de sua própria realidade, influencia até hoje os artistas contemporâneos. O próprio poema é marcado pelas influências de Blake e Whitman, com uma rítmica da música Jazz. Ao lado de On The Road (Pé na Estrada) de seu amigo Jack Kerouac, Uivo e Outros Poemas foi o chute inicial, o grito de uma geração que abriu a golpes fortes das teclas das máquinas de escrever uma visão nova e conceitual de comportamento.

Por fim, outra obra marcante, o livro A Queda da América: Poemas destes Estados, 1965-1971, por sua vez, não deixou de trazer polêmicas. Porém, ao contrário de Uivo e Outros Poemas, que fora massacrado pelas autoridades, com sua fama estabelecida mundialmente, Allen Ginsberg recebeu pela obra o prêmio em 1974, National Books Award. O livro traz como temática as viagens de Ginsberg de carro, ônibus, avião ou como um peregrino (a pé) pelas estradas do país, abordando temas como experimentalismo, homossexualismo e uma América cinza e trágica como um sax de Charlie Parker.



Allen Ginsberg e Paul McCartney, The Ballad Of The Skeletons (Live at the Royal Albert Hall, October 16, 1995)

Dito isso, depois de uma longa jornada em busca do texto integral da primeira parte de Uivo (para Carl Solomon) na internet, deixo aqui para vocês um gosto (seja amargo, ou deslumbante, depende de quem lê) do que precede ao Uma Noite na Taverna de sexta-feira, dia 11/02, no SESC São Gonçalo. Com vocês, o veneno perfeito:

Uivos
para Carl Solomon

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela
loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada
em busca uma dose violenta de qualquer coisa
"hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo
contato celestial com o dínamo estrelado da
maquinaria da noite,
que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram
fumando sentados na sobrenatural escuridão
dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando
sobre os tetos das cidades contemplando
jazz, que desnudaram seus Cérebros ao céu sob o
Elevados e viram anjos maometanos
cambaleando iluminados nos telhados das casas de
cômodos,
que passaram por universidades com olhos frios e
radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz
de William Blake entre os estudiosos da guerra,
que foram expulsos das universidades por serem loucos
& publicarem odes obscenas nas janelas do
crânio,
que se refugiaram em quartos de paredes de pintura
descascada em roupa de baixo queimando seu
dinheiro em cestas de papel, escutando o Terror
através da parede,
que foram detidos em suas barbas púbicas voltando por
Laredo com um cinturão de marijuana para
Nova York,
que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam
terebentina em Paradise Alley, morreram
ou flagelaram seus torsos noite após noite
com sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília,
álcool e caralhos e intermináveis orgias,
incomparáveis ruas cegas sem saída de nuvem trêmula e
clarão na mente pulando nos postes dos
pólos de Canadá & Paterson, iluminando completamente o
mundo imóvel do Tempo intermediário,
solidez de Peiote dos corredores, aurora de fundo de
quintal com verdes árvores de cemitério, porre
de vinho nos telhados, fachadas de lojas de subúrbio
na luz cintilante de neon do tráfego na corrida
de cabeça feita do prazer, vibrações de sol e lua e
árvore no ronco de crepúsculo de inverno de
Brooklyn, declamações entre latas de lixo e a suave
soberana luz da mente,
que se acorrentaram aos vagões do metrô para o
infindável percurso do Battery ao sagrado Bronx
de benzedrina até que o barulho das rodas e crianças
os trouxesse de volta, trêmulos, a boca
arrebentada e o despovoado deserto do cérebro
esvaziado de qualquer brilho na lúgubre luz do
zoológico,
que afundaram a noite toda na luz submarina de
Bickford's, voltaram à tona e passaram a tarde de

cerveja choca no desolado Fuggazi's escutando o
matraquear da catástrofe na vitrola automática de
hidrogênio,
que falaram setenta e duas horas sem parar do parque
ao apê ao bar ao Hospital Bellevue ao Museu
à Ponte de Brooklyn,
batalhão perdido de debatedores platônicos saltando
dos gradis das escadas de emergência dos
parapeitos das janelas do Empire State da Lua,
tagarelando, berrando, vomitando, sussurrando fatos e
lembranças e anedotas e viagens visuais e
choques nos hospitais e prisões e guerras,
intelectos inteiros regurgitados em recordação total
com os olhos brilhando por sete dias e noites,
carne para a sinagoga jogada na rua,
que desapareceram no Zen de Nova Jersey de lugar algum
deixando um rastro de cartões postais
ambíguos do Centro Cívico de Atlantic City,
sofrendo suores orientais, pulverizações tangerianas
nos ossos e enxaquecas da China por causa da
falta da droga no quarto pobremente mobiliado de
Newark,
que deram voltas e voltas à meia-noite no pátio da
estação ferroviária perguntando-se onde ir e
foram, sem deixar corações partidos,
que acenderam cigarros em vagões de carga, vagões de
carga, vagões de carga que rumavam
ruidosamente pela neve até solitárias fazendas dentro
da noite do avô,
que estudaram Plotino, Poe, São João da Cruz,
telepatia e bop-cabala pois o Cosmos
instintivamente vibrava a seus pés em Kansas,
que passaram solitários pelas ruas de Idaho procurando
anjos índios e visionários que eram anjos
índios e visionários, que só acharam que estavam
loucos quando Baltimore apareceu em êxtase
sobrenatural,
que pularam em limusines com o chinês de Oklahoma no
impulso da chuva de inverno na luz das
ruas de cidade pequena à meia-noite,
que vaguearam famintos e sós por Houston procurando
jazz ou sexo ou rango e seguiram o espanhol
brilhante para conversar sobre América e Eternidade,
inútil tarefa, e assim embarcaram num navio
para a África,
que desapareceram nos vulcões do México nada deixando
além da sombra das suas calças
rancheiras e a lava e a cinza da poesia espalhadas na
lareira Chicago,
que reapareceram na Costa Oeste investigando o FBI de
barba e bermudas com grandes olhos
pacifistas e sensuais nas suas peles morenas,
distribuindo folhetos ininteligíveis,
que apagaram cigarros acesos nos seus braços
protestando contra o nevoeiro narcótico de tabaco

do Capitalismo,
que distribuíram panfletos supercomunistas em Union
Square, chorando e despindo-se enquanto as
sirenes de Los Alamos os afugentavam gemendo mais alto
que eles e gemiam pela Wall Street e
também gemia a balsa de Staten Island,
que caíram em prantos em brancos ginásios desportivos,
nus e trêmulos diante da maquinaria de
outros esqueletos,
que morderam policiais no pescoço e berraram de prazer
nos carros de presos por não terem
cometido outro crime a não ser sua transação
pederástica e tóxica,
que uivaram de joelhos no Metrô e foram arrancados do
telhado sacudindo genitais e manuscritos,
que se deixaram foder no rabo por motociclistas
santificados e urraram de prazer,
que enrabaram e foram enrabados por esses serafins
humanos, os marinheiros, carícias de amor
atlântico e caribeano,
que transaram pela manhã e ao cair da tarde em
roseirais, na grama de jardins públicos e
cemitérios, espalhando livremente seu sêmem para quem
quisesse vir,
que soluçaram interminavelmente tentando gargalhar mas
acabaram choramingando atrás de um
tabique de banho turco onde o anjo loiro e nu veio
atravessá-los com sua espada,
que perderam seus garotos amados para as três megeras
do destino, a megera caolha do dólar
heterossexual, a megera caolha que pisca de dentro do
ventre e a megera caolha que só sabe ficar
plantada sobre sua bunda retalhando os dourados fios
intelectuais do tear do artesão,
que copularam em êxtase insaciável com uma garrafa de
cerveja, uma namorada, um maço de
cigarros, uma vela, e caíram da cama e continuaram
pelo assoalho e pelo corredor e terminaram
desmaiando contra a parede com uma visão da buceta
final e acabaram sufocando um derradeiro
lampejo de consciência,
que adoçaram as trepadas de um milhão de garotas
trêmulas ao anoitecer, acordaram de olhos
vermelhos no dia seguinte mesmo assim prontos para
adoçar trepadas na aurora, bundas luminosas
nos celeiros e nus no lago,
que foram transar em Colorado numa miriade de carros
roubados à noite, N.C. herói secreto destes
poemas, garanhão e Adonis de Denver — prazer ao
lembrar das suas incontáveis trepadas com
garotas em terrenos baldios & pátios dos fundos de
restaurantes de beira de estrada, raquíticas
fileiras de poltronas de cinema, picos de montanha,
cavernas ou com esquálidas garçonetes no
familiar levantar de saias solitário à beira da

estrada & especialmente secretos solipsismos de
mictórios de postos de gasolina & becos da cidade
natal também,
que se apagaram em longos filmes sórdidos, foram
transportados em sonho, acordaram num
Manhattan súbito e conseguiram voltar com uma
impiedosa ressaca de adegas de Tokay e o horror
dos sonhos de ferro da Terceira Avenida & cambalearam
até as agências de emprego,
que caminharam a noite toda com os sapatos cheios de
sangue pelo cais coberto por montões de
neve, esperando que se abrisse uma porta no Bast River
dando num quarto cheio de vapor e ópio,
que criaram grandes dramas suicidas nos penhascos de
apartamentos do Hudson à luz de holofote
anti-aéreo da lua & suas cabeças receberão coroas de
louro no esquecimento,
que comeram o ensopado de cordeiro da imaginação ou
digeriram o caranguejo do fundo lodoso dos
rios de Bovery,
que choraram diante do romance das ruas com seus
carrinhos de mão cheios de cebola e péssima
música,
que ficaram sentados em caixotes respirando a
escuridão sob a ponte e ergueram-se para construir
clavicêmbalos nos seus sótãos,
que tossiram num sexto andar do Harlem coroado de
chamas sob um céu tuberculoso rodeados
pelos caixotes de laranja da teologia,
que rabiscaram a noite toda deitando e rolando sobre
invocações sublimes que ao amanhecer
amarelado revelaram-se versos de tagarelice sem
sentido,
que cozinharam animais apodrecidos, pulmão coração pé
rabo borsht & tortillas sonhando com o
puro reino vegetal,
que se atiraram sob caminhões de carne em busca de um
ovo,
que jogaram seus relógios do telhado fazendo seu lance
de aposta pela Eternidade fora do Tempo &
despertadores caíram nas suas cabeças por todos os
dias da década seguinte,
que cortaram seus pulsos sem resultado por três vezes
seguidas, desistiram e foram obrigados a
abrir lojas de antigüidades onde acharam que estavam
ficando velhos e choraram,
que foram queimados vivos em seus inocentes ternos de
flanela em Madison Avenue no meio das
rajadas de versos de chumbo & o contido estrondo dos
batalhões de ferro da moda & os guinchos de
nitroglicerina das bichas da propaganda & o gás
mostarda de sinistros editores inteligentes ou foram
atropelados pelos táxis bêbados da Realidade Absoluta,
que se jogaram da Ponte de Brooklyn, isto realmente
aconteceu e partiram esquecidos e

desconhecidos para dentro da espectral confusão das
ruelas de sopa & carros de bombeiros de
Chinatown, nem mesmo uma cerveja de graça,
que cantaram desesperados nas janelas, jogaram-se pela
janela do metrô, saltaram no imundo rio
Passaic, pularam nos braços dos negros, choraram pela
rua afora, dançaram sobre garrafas
quebradas de vinho descalços arrebentando nostálgicos
discos de jazz europeu dos anos 30 na
Alemanha, terminaram o whisky e vomitaram gemendo no
toalete sangrento, lamentações nos
ouvidos e o sopro de colossais apitos a vapor,
que mandaram brasa pelas rodovias do passado viajando
pela solidão da vigília de cadeia do
Golgota de carro envenenado de cada um ou então a
encarnação do Jazz de Birmingham,
que guiaram atravessando o país durante setenta e duas
horas para saber se eu tinha tido uma visão
ou se você tinha tido uma visão ou se ele tinha tido
uma visão para descobrir a Eternidade,
que viajaram para Denver, que morreram em Denver, que
retornaram a Denver & esperaram em
vão, que espreitaram Denver & ficaram parados pensando
& solitários em Denver e finalmente
partiram para descobrir o Tempo & agora Denver está
saudosa dos seus heróis,
que caíram de joelhos em catedrais sem esperança
rezando por sua salvação e luz e peito até que a
alma iluminasse seu cabelo por um segundo,
que se arrebentaram nas suas mentes na prisão
aguardando impossíveis criminosos de cabeça
dourada e o encanto da realidade nos seus corações que
entoavam suaves blues de Alcatraz,
que se recolheram ao México para cultivar um vício ou
as Montanhas Rochosas para o suave Buda
ou Tanger para os garotos ou Pacifico Sul para a
locomotiva negra ou Harvard para Narciso para o
cemitério de Woodlawn para a coroa de flores para o
túmulo,
que exigiram exames de sanidade mental acusando o
rádio de hipnotismo & foram deixados com
sua loucura & suas mãos & um júri suspeito,
que jogaram salada de batata em conferencistas da
Universidade de Nova York sobre Dadaísmo e
em seguida se apresentaram nos degraus de granito do
manicômio com cabeças raspadas e fala de
arlequim sobre suicídio, exigindo lobotomia imediata,
e que em lugar disso receberam o vazio concreto da
insulina metrasol choque elétrico hidroterapia
psicoterapia terapia ocupacional pingue-pongue &
amnésia,
que num protesto sem humor viraram apenas uma mesa
simbólica de pingue-pongue, mergulhando
logo a seguir na catatonia,
voltando anos depois, realmente calvos exceto uma

peruca de sangue e lágrimas e dedos para a
visível condenação de louco nas celas das
cidades-manicômio do Leste,
Pilgrim State, Rockland, Greystone, seus corredores
fétidos, brigando com os ecos da alma,
agitando-se e rolando e balançando no banco de solidão
à meia-noite dos domínios de mausoléu
druídico do amor, o sonho da vida um pesadelo, corpos
transformados em pedras tão pesadas
quanto a lua, com a mãe finalmente***** * e o último
livro fantástico atirado pela janela do cortiço e
a última porta fechada às 4 da madrugada e o último
telefone arremessado contra a parede em
resposta e o último quarto mobiliado esvaziado até a
última peça de mobília mental, uma rosa de
papel amarelo retorcida num cabide de arame do armário
e até mesmo isso imaginário, nada mais
que um bocadinho esperançoso de alucinação —
ah, Carl, enquanto você não estiver a salvo eu não
estarei a salvo e agora você está inteiramente
mergulhado no caldo animal total do tempo —
e que por isso correram pelas ruas geladas obcecados
por um súbito clarão da alquimia do uso da
elipse do catálogo do metro & do plano vibratório
que sonharam e abriram brechas encamadas no Tempo &
Espaço através de imagens justapostas e
capturaram o arranjo da alma entre 2 imagens visuais e
reuniram os verbos elementares e juntaram
o substantivo e o choque de consciência saltando numa
sensação de Pater Omnipotens Aeterni
Deus,
para recriar a sintaxe e a medida da pobre prosa
humana e ficaram parados à sua frente, mudos e
inteligentes e trêmulos de vergonha, rejeitados
todavia expondo a alma para conformar-se ao ritmo
do pensamento na sua cabeça nua e infinita,
o vagabundo louco e Beat angelical no Tempo,
desconhecido mas mesmo assim deixando aqui o que
houver para ser dito no tempo após a morte,
e se reergueram reencarnados na roupagem
fantasmagórica do jazz no espectro de trompa dourada
da banda musical e fizeram soar o sofrimento da mente
nua da América pelo amor num grito de
saxofone de eli eli lama lama sabactani que fez com
que as cidades tremessem até seu último rádio,
com o coração absoluto do poema da vida arrancado para
fora dos seus corpos bom para comer por
mais mil anos.




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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Evento: Do Violão ao Folk, os poetas Tavernistas em evento de Itaboraí

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Nesse último sábado, dia 05 de fevereiro, os poetas Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Eduardo H. Martins (que registrou a apresentação) estiveram representando a Taverna recitando no evento Do Violão ao Folk, que aconteceu na Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, em frente à praça de Itaboraí. O evento visava arrecadar água mineral para os desabrigados das enchentes da Região Serrana, tendo se apresentado vários artistas da cidade de Itaboraí e ainda, o cantor Jander Ribeiro, um dos membros fundadores da Plebe Rude.

Os poetas tavernistas foram muito bem recebidos pelos artistas locais e celebraram com eles a verdadeira arte numa noite que marcou, com certeza, a história da poesia tavernista.

Romulo Narducci leu poemas de seu livro Tudo Que Morre é Consumado, a após, junto com o bardo Rodrigo Santos, recitaram uma poesia do Rei Lagarto Jim Morrisson, chamada Anjos e Marinheiros (conforme link do vídeo abaixo).

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Agradecimentos: Nancy, Alex, Marvin, Sérgio Espírito Santo, entre os vários artistas presentes.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Uma Noite na Taverna com a poesia de Allen Ginsberg

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Desde o Uma Noite na Taverna de fevereiro de 2006, no extinto Jardim da FASG, quando o nosso evento celebrou a poesia da Beat Generation, não houve sequer uma homenagem direcionada a quaisquer um dos membros desse movimento tão fascinante e polêmico que foi o estandarte que abriu o caminho a ferro e fogo para a Contracultura dos anos 60.

Homenagear o poeta norte-americano
Allen Ginsberg é um deleite à parte. Junto com os contemporâneos beatniks Jack Kerouac e William Burroughs, Ginsberg com sua obra Uivos (escrita para o amigo Carl Solomon, que conhecera no hospício onde ambos estiveram internados), estabeleceu paradgimas, rompeu com preceitos sociais conservadores e fundamentou a liberdade de expressão, de sexualidade e comportamental num padrão que chocou a sociedade americana dos anos 50.

Dessa forma a primeira
Taverna do ano de 2011 (já que não houve uma comemoração dos 7 anos em janeiro), abre com chaves de ouro homenageando aquele que fora considerado um dos mais importantes poetas da cultura americana ao lado de Walt Whitman.

O evento conta com a poesia dos tavernistas residentes
Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Pakkatto, com a poeta convidada Bruna Jardim (que começou cedo na primeira temporada da Taverna e volta com sua graça, beleza e veneno para o deleite do público), o estreante em poesia Dino Sérgio (que já esteve apresentado-se com o extinto grupo litero-musical Pensamento Livre), o poeta e contista Carlos Henrique dos Santos (que também retorna com seus contos afiados de ironia e doce perversão), o artista plástico e poeta Welington de Sousa (que irá fazer uma intervenção de artes plásticas), a esquete teatral Desalmadas, com as atrizes Cíntia Maria Ricardo e Carla Lizaraso do Projeto Útero, e a esposição de artes plásticas do veterano Moisés Oliveira.

O
Uma Noite na Taverna será realizado no dia 11/02/2011, a partir das 19 horas, no SESC São Gonçalo com ENTRADA FRANCA!

ALLEN GINSBERG e o UIVO de uma GERAÇÃO

Os EUA e toda a geração dos anos 50 viviam a crise do pós-guerra e a iminência de outros conflitos devido à Guerra Fria. A sociedade estava mergulhada nos conceitos de conservadorismo, havia o racismo, a homofobia, e a hipocrisia da família perfeita e do American Way of Life que eram o bastião daquela época.

Movidos a Jazz e literatura libertária, um grupo de jovens liderados por nomes que hoje reverberam nos haustos da literatura mundial, como Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William Burroughs, Gregory Corso, Lawrence Ferlinghettti, Gary Snyder, entre outros, surgia um movimento denominado de Beat Generation ou, simplesmente, Beatnik. Os beatniks promoveram com sua literatura uma mudança em todo esse cenário, quebrando com dogmas pré-estabelecidos e a partir daí dando o pontapé incicial num movimento ainda maior: a Contracultura! Mas isso é uma outra história!

Allen Ginsberg, Jack Kerouac e Gregory Coroso, Greenwich Village, 1957.

Irwin Allen Ginsberg (Newark, New Jersey, 3 de junho de 1926 – 5 de abril de 1997) foi uma criança complicada e tímida, dominada pelos estranhos e assustadores episódios de sua mãe, uma mulher completamente paranóica, que acreditava que o mundo conspirava contra ela. Ao mesmo tempo, Allen teve que lutar para compreender o que estava acontecendo dentro dele, já que era consumido pela luxúria de outros meninos de sua idade.

Na escola secundária, descobriu a poesia, mas logo ao ingressar na Universidade de Columbia fez amizade com um grupo de jovens considerados delinquentes, filósofos de almas (entre eles Jack Kerouac), obcecados igualmente pelo experimentalismo das drogas, do sexo e principalmente a literatura. Ao mesmo tempo em que ajudava os amigos a desenvolverem os seus talentos literários, Allen perdia de vez a sua ingenuidade, experimentando drogas, freqüentando bares gays em Greenwich Village e vivendo seus affairs homossexuais.

Assumindo um estilo de vida bizarro, como se procurasse em si mesmo a face da loucura de sua mãe,
Ginsberg acabou em tratamento psiquiátrico. Aos 29 anos, ele já tinha escrito muita poesia, mas quase nada publicado. Ele ganhou popularidade a partir de 1955, com o seu poema Howl (considerado por muitos, obsceno e pornográfico, assim como o seu autor...). Howl (Uivo) foi o livro de poesia mais vendido da história dos EUA, tendo vendido mais de 1 milhão de exemplares em pouco tempo, e foi seguido por vários outros poemas importantes, como Kaddish, onde ele faz uma espécie de auto-exorcismo, escrevendo sobre a loucura e morte de sua mãe. Por esse período, Ginsberg viaja o mundo, descobre o budismo e se apaixona por Peter Orlovsky, que seria seu companheiro por 30 anos, embora sua relação não fosse monógama.

No início dos anos 60, enquanto sua celebridade crescia, ele se lança na cena hippie, ajuda Timothy Leary a divulgar o psicodélico LSD e participa de uma lista incrivelmente grande de eventos, como o Human Be-In, em 1967, em San Francisco, onde ele é um dos que conduzem a multidão cantando o mantra OM. Ginsberg é também figura-chave nos protestos contra a Gerra do Vietnã na Convenção do Partido Democrático de Chicago, em 1968. Após conhecer o guru tibetano Rinpoche, Ginsberg aceita-o como seu guru pessoal. Depois, juntamente com a poeta Anne Waldman, cria uma escola de poesia. Sempre participando de eventos multiculturais, Ginsberg manteve sua agenda social ativa até a sua morte, em 5 de abril de 1997, em Nova Iorque.

Ginsberg tinha muitos fãs, entre eles Jim Morrison, do grupo The Doors. Morrison era tão viciado nas poesias e obras dele que dizia escrever suas músicas após ter lido algum de seus poemas. Sabe-se que Ginsberg e a banda The Clash eram fãs recíprocos. O poeta fez uma participação especial na música Ghetto Defendant, cantando ao lado de Joe Strummer trechos de um de seus poemas. Ian Astbury, lider da banda The Cult e amigo pessoal dos músicos dos The Clash, que recitava Howl (Uivo) no início dos shows, é um grande propagador da obra de Ginsberg, ao qual dedicou a música Bodihsatwa, do seu álbum solo Cream, que fala sobre zen-budismo e poetas Beat. Outra grande influência de Allen Ginsberg no Rock foi o contado artístico do poeta que gerou também uma amizade com o músico Bob Dylan, nos anos 60.

Ginsberg em protesto conta a Guerra do Vietnã

Com Gregory Corso e Bob Dylan.


Bibliografia (em original inglês)

Howl and Other Poems (1956)
Howl & Other Poems
50th Anniversary Edition (2006)
Kaddish and Other Poems
(1961)
Empty Mirror: Early Poems
(1961)
Reality Sandwiches
(1963)
The Yage Letters
(1963) – com William S. Burroughs
Planet News
(1971)
First Blues: Rags, Ballads & Harmonium Songs 1971 - 1974
(1975)
The Gates of Wrath: Rhymed Poems 1948–1951
(1972)
The Fall of America: Poems of These States
(1973)
Iron Horse
(1972)
Mind Breaths
(1978)
Plutonian Ode: Poems 1977–1980
(1981)
Collected Poems 1947–1980
(1984) Republicado com material posteriormente adicionado como Collected Poems 1947-1997, New York, Harper Collins, 2006
White Shroud Poems: 1980–1985
(1986)
Cosmopolitan Greetings Poems: 1986–1993
(1994)
Howl Annotated
(1995)
Illuminated Poems
(1996)
Selected Poems: 1947–1995
(1996)
Death and Fame: Poems 1993–1997
(1999)
Deliberate Prose 1952–1995
(2000)
The Book of Martyrdom and Artifice: First Journals and Poems 1937-1952
(Da Capo Press, 2006)
The Letters of Allen Ginsberg
(Philadelphia, Da Capo Press, 2008)
The Selected Letters of Allen Ginsberg and Gary Snyder
(Counterpoint, 2009)

Fonte: Wikipédia.
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