segunda-feira, 24 de maio de 2010

Evento: Uma Noite na Taverna sob a sombra de Edgar Allan Poe!

.

Início de Taverna, o público na penumbra (Foto: Divulgação).

Os tavernistas, Rodrigo Santos e Romulo Narducci (Foto: M & C Fotografia).
Foi um evento memorável, sem dúvidas! Depois de seis anos de Taverna, enfim, uma justa homenagem ao mestre Edgar Allan Poe. A 81ª edição do Uma Noite na Taverna teve início com um clima todo especial dado pela poesia sombria do mestre do terror e do suspense. Poesia e música foram as vertentes da arte que tiveram presença nessa edição, e ainda o evento foi coberto pelo pessoal do Blog do Lerê, que tiraram fotos, filmaram e fizeram uma matéria bacana sobre o nosso evento (ver no endereço do blog ao final dessa matéria).

O Bardo Rodrigo Santos (Foto: M & C Fotografia).

o evento teve o seu início tradicional, com a apresentação dos poetas Rodrigo Santos e Romulo Narducci, que recitaram a obra de Edgar Allan Poe. O bardo Rodrigo Santos foi o primeiro a dar início às homenagens. O poeta Romulo Narducci prosseguiu com o recital das obras de Poe abrindo caminho para a apresentação do poeta Wenceslau Teodoro, que apresentou sua excelente poesia influenciada pelo ultra-romantismo e pelas manifestações goticistas na arte. Sua poesia agradou bastante o público da Taverna.


O poeta Wenceslau Teodoro, das sombras da Taverna... (Foto: Divulgação)


...à luz de sua poesia (Foto: Divulgação).

A jovem, muito jovem, poeta Bianca Lorena debutou na poesia praticamente antes mesmo de debutar para a vida. Com apenas 14 anos, mostrou que talento não tem idade, além de poeta é aspirante à artista plástica, aluna da artista plástica Tatiana Pailos, e estuda teatro com a Cia Quarto de Teatro.

O talento não tem idade, Bianca Lorena no clima de penumbra da Taverna (Foto: M & C fotografia).


A jovem poeta Bianca Lorena recita seus versos (Foto: Divulgação).

Vindo de São Paulo, depois de mais uma estadia no Rio, o poeta Pedro Tostes volta depois de cinco longos anos ao Uma Noite na Taverna com o seu segundo livro de poesia Descaminhar. Pedro Tostes recitou apaixonadamente sua poesia, autografou o seu livro e encantou o público com seu talento e sua carisma ímpar. Após o evento se aventurou pela boemia de São Gonçalo com os amigos poetas tavernistas, em comemoração ao reencontro... Mas essa é uma outra história.


Pedro Tostes de volta à Taverna, autografando seu novo livro (Foto: M & C Fotografia).


O poeta Pedro Tostes no seu devido lugar: recitando e encantando com sua poesia (Foto: Divulgação).


A carisma incontestável do poeta Pedro Tostes (Foto: M & C Fotografia).

A atração musical da noite ficou a cargo do excelente Márcio de Castro e sua banda. Para superar alguns problemas técnicos do som, Márcio teve que abdicar de sua tradicinal guitarra e com violão em punho fez uma releitura mais acústica de suas canções. Porém, nada que tirasse o brilho de suas músicas, que normalmente mais agitadas, com muito punch, tiveram um clima mais intimista.

Márcio de Castro e sua banda (Foto: M & C Fotografia).


As belas canções de Márcio de Castro em versão mais intimista (Foto: M & C Fotografia).


Márcio de Castro em ação com sua banda (Foto: Divulgação).

Para finalizar o evento, os poetas Rodrigo Santos e Romulo Narducci, retornaram ao púlpito para recitarem os poemas de suas autorias. Rodrigo Santos foi o primeiro a recitar suas poesias belas e malditas, inspiradas em seus mestres do Romantismo, como sempre dominando o palco e encantando o público da Taverna.


O bardo e o público: magia (Foto: Divulgação).

E seguida, o poeta Romulo Narducci surpreendeu com uma performance ao recitar o seu poema O Homem e o Túmulo, usando uma máscara de caveira e recitando os seus versos com um ar de ironia. Apesar do peso tenso de seu poema, a sua performance arrancou risos da platéia, sendo muito aplaudido.


Romulo Narducci em sua performance (Foto: M & C Fotografia).


Romulo Narducci: ironia ao clichê (Foto: M & C Fotografia).

Encerrando com mais Uma Noite na Taverna, os poetas Rodrigo Santos e Romulo Narducci encerram o evento com mais uma homenagem a Edgar Allan Poe, recitando o clássico O Corvo, na tradução de Fernando Pessoa.


Os tavernistas recitam O Corvo (Foto: M & C Fotografia).

Após o evento os poetas tavernistas celebraram o reencontro com o amigo, o poeta Pedro Tostes na noite de São Gonçalo.


Rodrigo Santos, Romulo Narducci e Pedro Tostes, reencontro dos poetas boêmios (foto Divulgação).

Agradecimentos:

Renata Maria (Mistic produções)

M & C Fotografia.

http://www.mecfotografia.blogspot.com/

Vejam a matéria sobre o Uma Noite na Taverna feita pelo Blog do Lerê:

http://blogdolere.blogspot.com/

.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Corvo, de Edgar Allan Poe

.
Na véspera de tão esperada homenagem ao formidável Edgar Allan Poe, em nossa Taverna, não poderíamos deixar de publicar aqui no Manifesto Tavernista um dos mais famosos poemas da história da literatura mundial: O Corvo. O poema, romântico por excelência, narra a angústia de um homem numa assombrada noite, em que lamentava a perda de sua amada.
Poe utiliza-se da simbologia da ave, que na cultura ocidental, principalmente na européia, é anunciadora de mau agouro e portadora de azar. Porém, esta simbologia varia conforme as diversas culturas.
Para a cultura nórdica, o corvo é o mensageiro da criação, o deus Odin cerca-se de um lobo e um corvo, mensageiros da destruição e da criação, respectivamente. No catolicismo, diz a lenda que um corvo salvou São Bento de Núrcia ao tomar dele um pão envenenado por freis invejosos levando o alimento para longe, antes que este o comesse. Os ciganos admiram os corvos pela lealdade que estes demonstram para seu povo. Dizem que estes pássaros têm conselhos tribais, e se você alguma vez viu um bando pousado em alguma cerca ou galho, certamente eles estão em conferência falando entre si. Diz a lenda, que se estes pássaros vão contra as leis da tribo, eles cometerão suicídio caindo de um lugar alto. Para os Nativos Americanos, corvos são representados como os pássaros do equilíbrio entre o homem e natureza. Quase todas tribos têm uma lenda sobre o corvo explicando por que ele é preto. Em todas lendas o corvo começa como um pássaro branco cuja cor foi mudada como um castigo pelos seus atos malignos ou por ter feito um esforço para ajudar o homem, tentando apagar um fogo que ameaçava estas pessoas. Esta dualidade nas lendas ilustra a dualidade que os Nativos Americanos sentem sobre o corvo. Para uns, ver o corvo é um presságio ruim; para outros, é bom.
O CORVO
Tradução: Fernando Pessoa
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais".
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi…" E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse os meus ais.
Isto só e nada mais.
Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais".
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigos, sonhos – mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas suas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta - !,
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta - !,
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á… nunca mais!


Ilustração: Gustave Doré.

.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A poesia de Wenceslau Teodoro

.
Wenceslau Teodoro é poeta e escritor de fôlego romântico. Sua poesia se traduz em suas inspirações na boemia, mitologia, tudo numa áurea literária goticista, pontuada por versos belíssimos e de idéias bem construídas. Além de poemas Wenceslau também escreve contos. Atualmente o poeta se diz influenciado pela filosofia, fonte de onde vem bebendo para suas composições artísticas atuais, ou futuras, visto que o mesmo diz passar por uma fase mais contemplativa, pois não tem escrito muito. Confiram um pouco de sua obra:
Santuário
Certa vez, eu sonhei...
Me deparei com uma cena:

Havia um anjo dormindo em meu colo
Nada que eu fizesse conseguia acordá-lo
Era belo e eu o amava

Era um sonho, definitivamente!
Então subimos e eu coloquei-o em seu leito
Não quis pertubá-lo.

Fui embora de seu santuário
Sem perturbar o silêncio divino
Sem fazer com que abrisse seus olhos
Depois de embalar seu sono...
Depois de embalsamar meu coração.

Se o tempo parasse...
Seríamos uma lânguida escultura barroca
A sua face despreocupada em meu colo
Minha dor contida de tê-lo e não tê-lo
Mas quem além de mim poderia estar ali...
Quem além de mim conseguiu chegar até aqui...

Queria ser eterno...
Queria que o tempo não existisse.
Eu apenas quero.
Eu apenas amo.
Lorde Wenceslau, 08 de setembro de 2006. [Modificação em 11/05/2010]
Ode ao Caos
Eu deveria sentir saudades, um triste pesar
Sim, deveria sentir estas coisas e até outras
Penso que sou meio frio
Penso, peno, repenso, propenso à catástrofe
Abraço o indizível, abraço indizível

Espero que entendam que não entedem
Nem eu a vocês, nem vocês a mim
Abolindo a cultura, eu a liberto para que vá embora
Quero destruir igrejas, templos, bibliotecas

Precisamos renascer com novas mentes
Temos necessidade de mais necessidade
O desejo do vazio absoluto
Reconstruir o sujeito como se cada um fosse uma obra de arte
Sermos arte!
Serdes arte!

Destruir o sujeito como se ele nunca houvesse existido
Liberte-se de seu pai e sua mãe Liberte-se da posição de coitado
Foi o acaso que definiu esta posição
Assim como definiu as palavras, eu e o mundo

Liberte a ética e a moral antiquadas, renova-as com o teu sangue
Seja fluido e abrace-se enquanto transa consigo mesmo
Dê a luz uma nova vida que será retirada da sua cabeça
Seja Zeus, Deus e o diabo!
Sermos arte!
Serdes arte!

Mate os eufemismos e liberem por um segundo os seus desejos
Enfie uma faca até que o cabo encontre as costelas de Deus
Sinta pulsar o sangue divino
Libere a realidade para fluir como o mais belo caos.
Viagem
Ó, pálida Dama
Dance comigo a última valsa
Beba desta última taça
Para não irdes sóbrio
Sem fuga ou devaneio

Ó, pálido desejo de abandonar tudo
Para deitar-me em lugar mais sereno
Onde não lembre mais deste mundo
Onde possa sentir novas sensações

Ó, grande barqueiro
Guia eterno do meu ser
Leve-me deste lugar
Está aqui a tua moeda

Hecate, receba-me em teus domínios
Deixe que adentre em teus infernos
Que tenha vinho e dança oníricos
Que seja sonho até não ser mais.
.

O poeta Wenceslau Teodoro se apresenta nessa sexta-feira, dia 14 de maio, pela segunda vez no Uma Noite na Taverna. É um tavernista sempre presente em diversas edições do evento, que agora felizmente nos brindará novamente com sua bela arte.
.

domingo, 9 de maio de 2010

Música: Márcio de Castro & Banda, Rock and Roll consciente com muito punch e atitude!

Márcio de Castro é músico e compositor. Vem trabalhando há algum tempo nas composições de seu trabalho autoral, mixando e lapidando casa canção para uma estréia perfeita. O Rock que compõe inspirado em nas bandas dos anos 60 e 70 como Neil Young & Crazy Horse e bandas atuais como Barão Vermelho e Oasis, é dotado de peso em determinados momentos, carregado com muito punch e solos bem trabalhados. As letras trazem mensagens conscientes, sem demagogia.
Márcio de Castro tem pegado a estrada e tocado em vários lugares mostrando o seu trabalho próprio e algumas covers que o influenciaram. No Uma Noite na Taverna no dia 14 de maio, de volta desde sua última apresentação em janeiro de 2009, ele promete uma apresentação memorável aos expectadores do evento.

Música: Pisando no Acelerador do Tempo, de Márcio de Castro.

Sua banda composta por um time de feras, como Wellington Diaz (Guitarra), Luiz Claudio Cury (Baixo), Nando de Castro (Bateria), não deixa "a bola cair". Uma qualidade musical impecável, vale a pena conferir!




Contatos: (21) 3605-6433 (Studio Mix) / (21) 8646-8103
marcio.decastro@hotmail.com
paulo.marcio@mcdnit.com.br

Fotos: Luis Alvarenga.