segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Manifesto da Taverna

"Pregamos o resgate da deidade do ser humano. Pregamos porque acreditamos.
Abominamos a poesia retrato-de-sentimento. Poesia é uma arte complexa, que traz justamente nessa complexidade a sua beleza. Chega de poesia fast food, da poesia que é a imagem de um momento. Não subestimamos a força da poesia.

Defendemos a arte como última redenção do mesquinho ser humano. Como a trombeta que acorda o deus em cada um. Como o vento que varre toda a pequenez de nossas almas e toca a divindade. Defendemos o direito de divinare, de exercer esta divindade através da arte.

Buscamos o sublime como buscavam os alquimistas a pedra filosofal. Transmutar os resquícios de humanidade em deidade. Nossa trombeta ecoa pelos subterrâneos, e acorda todo um panteão de poetas, pintores, músicos, artistas por natureza. Arte pela redenção.

Amamos a boemia, pois ela é a mãe de todas as artes. Amamos os boêmios, e sua casa, onde a boemia dá a luz: o bar, a taverna.

Vivemos por muito tempo em subterrâneos, em cavernas, envergonhados de nossa capacidade e extemporaneidade. É hora de sair à luz, e tomar o que é nosso. É hora de levantar os cornos para fora e acima da manada.

Morrer de inanição cultural, sem ter o que consumir. Essa é a pena para os medíocres, para os pequenos, para aqueles que se recusam a abrir os olhos. Ou virar para a entrada da caverna. Nosso credo é a filosofia. Nossa oração é a poesia. Nosso terço é a pena."
E foi assim que através das palavras do Bardo Rodrigo Santos, erguemos a nossa bandeira no ano de 2004.